Este é um blog dedicado exclusivamente para o caipira, sua música, seus causos enfim tudo que tenha a ver com a vida simples do homem do campo. Aqui vc vai encontrar links para sites que tem interesse no resgate e preservação deste estilo.

sexta-feira, julho 13, 2007

Lançamento

Amigos, foi uma festa e tanto!

No show de lançamento do Violando Fronteiras, no Palácio das Artes (BH/MG) :

Chico Lobo, Pereira da Viola , José Elias (Moxuara – ES), Oswaldo Rios e Rogério Gulin ( Viola Quebrada – PR),

Sérgio Penna e Fabíola Mirela (Violeiros Matutos – SP) e o Viola Urbana completo.

Só alegria !


(Foto Helen Lopes – 06 de julho de 2007)

E, partir de então, está disponível pra venda o novíssimo CD Violando Fronteiras,

que reúne 12 obras de 4 grupos realmente defensores da nossa cultura brasileira,

mais uma participação super especial da Banda de Pau e Corda, de Recife (PE).

Pra completar, a canção que dá nome ao disco e ao movimento, Violando Fronteiras,

que foi composta e gravada por integrantes de todos os 4 grupos,

numa demonstração coletiva de força, amizade e luta comum pela nossa verdadeira música !

Ouça-a inteira em mp3 e saiba mais sobre esse movimento que vai dar o que falar no Brasil, acessando o site



www.violaurbana.com


(apenas R$ 15,00 + postagem)

E vamos proseando...

Grande abraço do


Diretor do Grupo Viola Urbana

joaoaraujo@joaoaraujo.mus.br

Celular : (31) 9952-1197

Visite os sites :

http://www.violaurbana.com (A influência da viola caipira na MPB)

http://www.joaoaraujo.mus.br (Araújo , de Belo Horizonsite oficial de João te/MG)
http://violasertaneja.sites.uol.com.br (site " O Violeiro ", do mestre Luiz Viola , de Bauru / SP)
http://www.boamusicaricardinho.com (site do Ricardinho "Boa Música", de Santo André)

quinta-feira, julho 12, 2007

Cornelio Pires

BIOGRAFIA DE CORNÉLIO PIRES


A ARTE DE SUA ÁRVORE GENEALÓGICA

No dia 13 de Julho do ano de 1884, um domingo de muito frio, nasceu Cornélio Pires, na cidade de Tietê, veio à luz na chácara de seus tios Eliseu de Campos, (Chico Eliseu) e Isabel Pires de Campos, (Nhá Be), avô do popular Ariowaldo Pires (Capitão Furtado) e do radialista Mauro Pires. A chácara ficava na divisa entre o bairro de Sapopema e o do Garcia, e nela moravam todos da família de Cornélio. Segundo o escritor, era décimo quarto neto de Piquerobi, chefe dos índios Guaianazes, sétimo neto de Brás Cubas, sétimo neto de Pedro Taques, décimo sétimo neto de Martim Leme, tronco dos famosos Lemes, da cidade de Burges, capital da Flandres Ocidental, décimo terceiro neto do velho Chefe índio Tibiriçá, oitavo neto do governador Álvares Cabral, que por sua vez era sobrinho de Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, descendia também de João Ramalho e Antonio Rodrigues, portugueses que provavelmente faziam parte das expedições de João Dias Solis, ou de Fernando de Magalhães, que vieram à América, o primeiro em 1513 e o segundo em 1519, "ficaram nas praias de São Vicente por causas ainda hoje ignoradas". Cornélio Pires deixou ainda registrado, ter possuído sangue Espanhol, Escocês, Belga, Português, Índio e Francês, este ultimo via Gurgel e Missel. Numa conversa com amigos, em uma noitada, disse "Pelo lado português, descendo de Antônio Rodrigues e João Ramalho, por isso sempre me atraíram os Fados e Viras, o Castelhano me deixou especial inclinação para os trocadilhos, do Holandês me ficou a tendência para o fumo, a cerveja e a genebra, dos meus antepassados Belgas herdei a bonacheirice moleirona, dos meus ancestrais Escoceses (os Drummond), não cheguei nem a herdar a sovinice, dos Franceses (Gurgel e Missel), ficou-me uma parcela insignificantíssima de cortesia". Agora, seu sobrinho, Mauro Pires é quem diz: - De seu pai, Raimundo Pires, homem de sete instrumentos, pois sabia fazer tudo com perfeição, Cornélio herdou o bom humor inesgotável, a graça para contar piadas e anedotas, com as quais divertiam-se os sócios de clubes e freqüentadores de teatros quando de suas apresentações.

O NASCIMENTO, SEU NOME, SEU BATISADO E SUA INFÂNCIA

Cornélio foi descendente de Bandeirantes, era filho de Raimundo Pires de Campos e de Ana Joaquina de Campos Pinto, (D. Nicota), nasceu antes do tempo, pois Tia Nicota, grávida de Cornélio, escorregou em uma casca de laranja, caiu sentada e passou a sentir fortes dores, acabou indo para a cama por volta das 11 horas. Quando Tio Raimundo chegou da roça, teve que cortar o cordão umbilical do recém nascido. Como vê, nascido antes do tempo e ainda com o nome trocado. E o próprio escritor diz: "Meu nome tem a sua historia". Uma de minhas tias maternas andava de namoro com um parente chamado Rogério Daunt, e foi ela que me levou a Pia Batismal. Ao me batizar, Padre Gaudêncio de Campos, que era nosso parente, e nesta época já bem velho e muito surdo, pergunta: "Como se chama o inocente?". Ao que responde sua Tia, "Rogério". E o Padre – "Eu te batizo, Cornélio...". E Cornélio crescia, porém desde cedo revelou-se um chorão de primeira, por qualquer motivo soltava as lágrimas. Certa feita, sua mãe o levou para visitar alguns parentes, e em meio a conversa com os adultos, ele começou a chorar sem nenhuma razão. A dona da casa, muito preocupada, desdobrou-se para acalmá-lo dizendo: -Que é isso Cornélio..., o que você tem? – Perguntou ela com ternura, alisou-lhe os cabelos loiros e deu-lhe uma moeda de alguns reis. – Tá, tome este presentinho pra calar o bico. Coitadinho! O menino parou de chorar, limpou as lágrimas com as costas das mãos e exclamou. – Ah! A senhora pensa que eu choro por dinheiro? E bem rápido, agarrou o níquel, enfiou no bolso da calça de brim e iniciou outra choradeira. De outra feita, um outro tio, muito zombeteiro, sempre que o encontrava, dava-lhe amáveis e doidos piparotes na cabeça. A brincadeira tornou-se monótona pela repetição. O menino não gostava dos gracejos, porém, nunca se queixou aos pais. D. Nicota, contudo, soube dos que se passava e recomendou ao filho, entre divertida e indignada. – Quando ele bater outra vez, você responda que não foi batizado por Cabeçudo. Certo domingo, o garoto se dirigia ao jardim, quando se encontrou com o parente e este repetiu o gesto e usou da mesma expressão. Cornélio, pensando no que sua mãe lhe disse, foi logo dizendo todo atrapalhado. – "Não fui BATIZUDO por CABECADO! E saiu de cara amarrada entre risos dos presentes. Outra passagem, ocorreu em uma das tentativas de alfabetização de Cornélio. Seus pais já cansados em tentativas frustradas, conheceram um grande sábio dinamarquês, Alexandre Hummel, um professor ideal para o filho, pensavam os pais. Hummel era pobre, solteiro, sóbrio, vivia em hotéis quando podia, altivo de caráter. Vivia baixando em fazendas, lecionando quase que só a troca de cama e mesa. Ensinava tudo o que lhe pediam e dominava muito bem o português. Com a morte de Ruy Barbosa, o jornal "O Tietê" encomendou-lhe uma reportagem. O sábio Dinamarquês, sentou-se a mesa da redação e redigiu um bonito artigo sobre Ruy Barbosa, sem consultar livros ou biografias. Hummel era dono de uma memória prodigiosa, dominador de vários idiomas, tinha um bom senso de humor, porém não era humorista, no sentido popular. Isto não lhe deixava entender ou tolerar um menino gordo, muito feio, cheio de vontades. Talvez no seu íntimo, vendo a desatenção do caipirinha, às vezes o tachasse de burro. Mas não foi o que disse um dia irritado. – "CORRRNELIO PIRRES", você e muito "INTELICHENTE, mas e muito "IGNORRANTE"!.

SUA INICIAÇÃO LITERÁRIA E SUA MATURIDADE

Já crescido, por volta de 1907, conhecido como Tibúrcio, este apelido, ele ganhou na passagem de um circo pela cidade, que possuía um orangotango chamado de Tibúrcio, seus amigos achando alguma semelhança, passaram então a chamá-lo de Tibúrcio. Cornélio foi trabalhar, a convite de um tal Dr.Vieira, na redação do jornal "O Movimento", semanário político que circulava na cidade de São Manoel, em S.P. Certa noite, alguém lançou um concurso de feiúra e divulgou pela cidade. Poucas semanas depois, o redator do jornal de Dr. Vieira, anunciou que, Cornélio Pires, ele mesmo, ganhara o concurso – por unanimidade! - O tieteense sempre brincalhão, achou graça e cooperou no certame para sua melhor performance. No dia da entrega do premio, lá estava o vencedor pronto para receber seu premio: "Uma corda para se enforcar"! Esta outra ocorreu pelo ano de 1933, já beirando os 49 anos, com a afamada superstição do numero 13. Um grande amigo das noitadas de Cornélio o encontrou sentado em um banco na Praça do Patriarca muito pensativo. Começaram a conversar e em pouco tempo estava formada a tradicional roda em volta dos dois. Alguém fez referências ao acaso de certas pessoas serem perseguidas pelo numero 13. Cornélio com aquele jeitão, achando sempre um "a propósito" para todos os casos, chamou a atenção da roda. – **Pois saibam vocês que tenho grande predileção pelo número 13, e sou por ele fartamente retribuído. E Cornélio começou sua descritiva:

Cornélio Pires – 13 letras. Vi a luz em Julho – 13 letras. Nasci no dia treze – 13 letras. Século passado – 13 letras. Eu sou paulista – 13 letras. Sou brasileiro – 13 letras. Nasci no Brasil – 13 letras. Sul de São Paulo – 13 letras. Cidade de Tietê – 13 letras. D.Anna Joaquina (minha mãe) – 13 letras. Raimundo Pires (meu pai) – 13 letras. Poeta e caipira – 13 letras. Poeta e "conteur" 13 letras. Conferencista – 13 letras. Escrevo livros – 13 letras. Sou muito pobre – 13 letras. Sou muito feliz – 13 letras. Eu sou solteiro – 13 letras. Amei treze "emes" (o M e a 13 letra do alfabeto) – 13 letras. E o escritor regionalista concluiu: Não cito os nomes das minhas 13 namoradas, porque, vocês compreendem... E com esta, até logo. – Para aonde vais? - Vou tomar Bonde! – E note uma coisa, que sua pergunta e minha resposta, ambas tem 13 letras!

O ENCERRAMENTO DA VIDA E A PASSAGEM PARA A POSTERIDADE

Até doente Cornélio ainda mostrava sua veia de humorista. Esta aconteceu no hospital que Cornélio estava internado, em São Paulo. Ele recebia visitas de parentes, em seu quarto, quando entrou uma enfermeira com sua medicação diária. Era composta de comprimidos e de uma injeção. Tomou os comprimidos enquanto a enfermeira preparava a seringa. Virou-se ela e perguntou. – Sr. Cornélio, aonde quer que aplique esta injeção? Cornélio olhou para os braços já todos picados, olhou para cima, para os lados e sem cerimônia disse: - Pode aplicar ali na parede mesmo! Algum tempo depois, em 17 de Fevereiro de 1958, as 2:30 h , falecia Cornélio Pires no Hospital das Clínicas de São Paulo, vítima de câncer na laringe. Seus restos mortais foram trasladados no mesmo dia para sua cidade natal e sepultados no cemitério local. Faleceu solteiro convicto e em plena lucidez, tinha 74 anos incompletos. Foi enterrado de pijamas e descalço, conforme sua vontade.

**Já foi postado aqui

As informações acima, sobre a biografia de Cornélio foram gentilmente cedidas por seu sobrinho, Renato José Poleti Osório, residente em São Paulo.

quarta-feira, julho 11, 2007

Geraldo Viola e Dino Guedes

Olha que coisa bonita demais da conta sô!! localizado no site desta dupla maravilhosa Geraldo Viola e Dino Guedes

...A viola caipira tal qual conhecemos hoje tem uma história muito interessante, nasceu na península Ibérica (Portugal e Espanha) no período renascentista, mas, enquanto instrumento, a viola surgiu da influencia árabe e tem como seu antecessor um outro instrumento, o alaúde (al'úd) que naquele idioma significa “madeira”.
...O alaúde árabe, cultivado e difundido através de séculos e terras, na medida em que foi enriquecendo e enobrecendo

seu formato e sua sonoridade, passou a incentivar a melhoria de instrumentos congêneres, dentre eles a fídula.
...A viola, tem este nome - ainda segundo Luis Soler - porque deriva do termo fidula, latino, diminutivo por sua vez de fides, um antigo tipo de lira greco-romana, de cordas pulsadas. Da fidula, por outra parte, derivam também os nomes de grande variedade de instrumentos europeus de cordas: a viola dos trovadores, a vièlle francesa , a vihuela espanhola , a viola portuguesa e italiana. E, ainda, o fiedel alemão e o fiddle inglês.
...A vihuela hispânica, sobretudo, copiou muito do aláude, divergindo do mesmo, apenas, em alguns aspectos de formas tradicionais na viola, aos quais não quis renunciar". "a vihuela, ou viola como era chamada em terras galaico-portuguesas, distingue-se do alaúde no formato da caixa: em lugar do fundo bojudo, de 'meia-pera', ela apresenta dois tampos planos, um inferior e outro superior, interligados por altas ilhargas e com uma cintura quase idêntica a do atual violão. Este tipo de viola, já perfeitamente definida e muito popular no Portugal renascentista, é a que veio para o sertão brasileiro e hoje, conhecida com o nome de “viola caipira” ou 'viola sertaneja' . Como vemos, a nossa querida viola é um instrumento histórico. Nasceu na Europa em período próximo ao do descobrimento do Brasil, embora seus avós já contassem com séculos de existência. Talvez, dada esta semelhança cronológica e à receptividade que obteve por aqui, a viola tenha se "naturalizado" brasileira e, hoje, podemos dizer que é um instrumento tipicamente nosso, pois não "quis" fixar-se em sua terra natal.

SEJA BEM VINDA VIOLA... NESTA TERRA DE SANTA CRUZ

...A viola foi introduzida no Brasil, no período da colonização, pelos jesuítas e colonos portugueses, com o nome de vihuela. Aqui, em contato com outras culturas, principalmente a indígena e a africana, ela adquiriu características próprias, condizentes com cada região, e com o grau de intensidade desta miscigenação. Encontramos assim, os mais variados tipos de viola, como a “viola de cocho”, “a viola de buriti”, “a viola de cabaça”, “a viola de madeiras de variadas espécies”, violas com diferentes números de cordas e com as mais variadas afinações. Existem dois grandes focos de viola no Brasil com manifestações musicais bem distintas; a região Nordeste, e a região Centro-Sul. No Nordeste, a viola é mais conhecida com o nome de viola sertaneja, e a de uso mais comum é denominada "viola dinâmica", de tamanho igual ao do violão e com o tampo contendo vários "ressoadores", que emitem um timbre bem peculiar. Sua afinação mais usada é a natural, semelhante à do violão, suprimindo a sexta corda. Na região Centro-Sul, abrangendo principalmente os estados de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, a viola é conhecida com o nome de viola caipira, instrumento menor que o violão, e com diversas afinações, sendo as mais comuns, as afinações "Cebolão", "Boiadeira", "Rio Abaixo" e a afinação Guitarra". Ainda precisamos citar a viola de 12 cordas que na verdade é a craviola ou vilão de 12 cordas com afinação natural, igual à do violão porem agora não suprimindo a 6ª corda como é o caso citado anteriormente. Na cidade de Uchoa no interior de São Paulo, encontramos um exemplar da viola de 15 cordas sendo 5 conjuntos de 3 com afinação “Cebolão” este instrumento é de propriedade dos irmãos Binatti o Alício e o Durval, eles que são um dos melhores fabricantes de viola do mundo e assim, foi a recepção aqui no Brasil deste instrumento que a cada dia nos surpreende com timbres, formas, afinações diferentes, mas, bem criativa, assim como é o nosso povo.

VAMOS FALAR DA VIOLA

...Falar da Viola Caipira é falar de um dos símbolos mais fortes da cultura popular brasileira. A Viola Caipira é sem sombra de dúvidas um dos instrumentos, senão o mais importante, o mais popular instrumento de nossa cultura popular a viola tem um som, um timbre, inconfundível e inimitável. Ouvi-la, é ouvir as profundezas dos sertões brasileiros, é ouvir a ciriema, é ouvir o badalo do carrilhão da fazenda, o trenzinho maria-fumaça, é ouvir os sons da natureza, enfim, só quem é da roça, ou já passou por lá, pode saber este significado; tocá-la é um privilégio e dizem por aí que o tinido da viola tem o som do sertão. A viola tem o privilégio de religar o homem às suas origens naturais, ela transporta a nós, violeiros e ouvintes às nossas raízes que são sertanejas, assim podemos afirmar que ate mesmo quem nunca morou na roça, nunca teve contato com a vida sertaneja, quando em contato com a viola parece que num passo de mágica se transforma em um sertanejo, arrepia, sente a sensibilidade falar mais alto, isto porque o Brasil é um pais essencialmente sertanejo e todos estão ligados de uma forma ou de outra a essa filosofia de vida sertaneja; a esta raiz.
...A viola, esta fiel companheira dos mais profundos sentimentos, ressurge em nossos dias com uma força admirável, hoje, a viola chegou com muita virtuosidade aos Teatros, Auditórios e Universidades. Ao contrário de desaparecer, a viola caipira está cada vez mais e mais presente em nossas vidas, tanto na roça como na cidade. Atualmente a viola está nas mãos dos jovens. Há uma nova geração redescobrindo a beleza do ponteio desse instrumento-símbolo do Brasil, é a “geração viola” que está alastrando como fogo no palheiro , graças a Deus diga-se de passagem porque saber ouvir a viola é conseguir mergulhar na poesia pura, melodiosa, na harmonia; a viola e violeiros não estimulam a violência nem a prostituição, os maus hábitos, ao contrário estimula sim , ao prazer gratuito, as coisas naturais e assim a nossa querida viola está contribuindo para uma geração mais saudável, alegre e feliz.
...O Brasil experimenta nos dias atuais uma nova dicção no âmbito cultural abrindo desta maneira um novo horizonte que nos leva ao resgate e à preservação de nossas raízes culturais, reafirmando o profundo respeito com a nossa viola caipira, o símbolo máximo da cultura popular brasileira.

DISSERAM QUE A VIOLA ESTAVA MORTA

...Nossa identidade cultural tem sofrido abalos que resultam em prejuízos irreparáveis em função do mass mídia. A massificação da indústria de resultados trabalha com o foco no lucro e esse movimento, sem querer desmerecer o seu valor, não privilegia a cultura regional, que, no Brasil é ampla e muito rica. Cada região tem suas características, suas histórias, hábitos e costumes, etc... e isso, compõe o que referencio de cultura regional; e o conjunto de culturas regionais, constitui a nossa brasilidade, que está sendo engolida pela cultura de massa ou seja estamos perdendo a nossa identidade cultural, diante deste raciocínio, os tecnocratas do lucro criaram o pensamento de que a viola estava morta e junto com ela esse “caipirismo” brasileiro; debochando é claro de nossa própria identidade.
...Essa industria sem se preocupar com a conseqüência de suas atitudes começaram a jogar no mercado todo tipo coisa, intitulada de música, estimulando intensamente a sexualidade, a violência e a prostituição. “Era a morte da verdadeira música caipira” e essa idéia cresceu muito, ocupando todos os espaços na mídia, causando inclusive um dano cultural irreparável à nossa sociedade. De repente milhares de consumidores, admiradores da música caipira ficaram órfãos, marginalizados dentro de seus próprios sentimentos, exilados dentro de sua própria cultura com saudades da velha e boa musica caipira, as modas de viola,o cururu, o cateretê, a catira, a toada o bom e irreverente pagode. Desta forma, a cultura do caipira caiu na clandestinidade, e muitas duplas, chegaram, por ordem de seus produtores a mudar até mesmo a maneira de vestir, buscando assimilar traços da cultura urbana, de uma sociedade mais civilizada e moderna. Vale dizer que a idéia não foi feliz e algum tempo depois, as duplas reassumem seus traços verdadeiros, a seus próprios estilos.
...Nessa atitude hostil e agressiva, nessa verdadeira caça às bruxas, nesse bombardeio contra a cultura caipira e todos os seus representantes não sobrou quase ninguém. Foram quase todos atingidos em cheio – desde produtores, intérpretes até consumidores. Falava-se num tal de caipirismo com um forte ranço de ironia e desprezo, pois o que valia agora era a novidade, a modernidade, o pop . Assim - duplas como Tonico e Tinoco, Liu e Léu, Zico e Zeca, Vieira e Vieirinha e tantas outras foram aos poucos sendo colocadas fora do reluzente e majestoso círculo do sucesso. Aqueles que no passado comandavam o espetáculo passaram a viver na platéia, na periferia da fama. Foram, de certa forma, cobertos por uma densa capa de preconceitos. Até mesmo os mais convictos defensores dessa cultura caipira começaram colocar em cheque o seu gosto e a sua preferência musical. Nesse período, a música caipira, a viola caipira e muitos dos cantadores permaneceram aparentemente em silêncio, porém fortes, resistentes e convictos de seu verdadeiro papel na preservação de nossas raízes culturais. Definiu-se, então, um público fiel e defensor de suas origens. É o público que jamais entregou os pontos, mesmo porque sabia da força e de todo o potencial dessa cultura nascida da alma brasileira. A verdade é que hoje percebemos claramente a retomada de um sentimento exaltando a viola caipira, o universo do sertão e a tradição que nasce na alma brasileira. Isso vem reforçar a idéia de que tudo aquilo que possui estrutura sólida, bases profundas resiste a qualquer vendaval. Assim aconteceu e acontece com a cultura caipira, resistiu ao tempo e ao poder econômico. Percebemos ainda que a viola de dez cordas deixou de ser um instrumento apenas de duplas caipiras para se transformar num instrumento de grandes solistas e, por isso mesmo ganhando um público diverso e imenso. Isto sem contar que a grande maioria desses violeiros são jovens que sobrevivem e resistem dentro de um universo musical dominado praticamente pelo sertanejo romântico. Bem feito... Viola cabocla, viola de pinho, viola sertaneja, vila de 10 cordas, viola caipira, viola minha viola você resistiu e resistirá você é brasileira e veio pra “FICÁ”.

Dino Guedes