Este é um blog dedicado exclusivamente para o caipira, sua música, seus causos enfim tudo que tenha a ver com a vida simples do homem do campo. Aqui vc vai encontrar links para sites que tem interesse no resgate e preservação deste estilo.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Anacleto Rosas Junior


Nasceu aos 18/07/1911, em Mogi das Cruzes-SP, e faleceu em 04/02/1978 em Taubaté-SP.
Filiação: Anacleto Rosas, natural da Espanha, e Maria Bourbon, natural da Itália.
Foi o 3º numa prole de sete filhos.
O pai tinha armazém, padaria e açougue. Os irmãos ajudavam o pai no comércio,auxiliando-o no atendimento ao público. Todos os irmãos exerciam a função de balconista, menos Anacleto, que adorava animais e exercia a função de entregador. Fazia todas as entregas de compras e pães de charrete e carroça. Teve dois animais de estimação, Mimo e feitiço.
O cachorro Mimo buscava os animais no pasto e mordia-os no calcanhares; só parava de mordê-los quando chegavam. Feitiço, um burro, era bonito e esperto. Tomava conta do pasto. As pessoas estranhas não podiam aproximar-se do pasto, pois, Feitiço ficava furioso e avançava na tentativa de atacá-los. Só ficava calmo quando Anacleto chagava e o acariciava. Foi um transtorno para algumas pessoas.
Anacleto passou a infância e adolescência na cidade de Poá-SP, próxima à sua cidade de origem. Desde garoto gostava de cantar e tocar violão, juntamente com os irmãos. Na adolescência adorava fazer serestas e as fazia muito bem. Apaixonou-se por Clementina, conhecida por Tina, em sua seresta. Tina era uma graciosa jovem de 15 anos e Anacleto a conhecia desde criança. Sempre foi muito extrovertido e irreverente.
Todos os casamentos religiosos de Poá-SP eram realizados em Mogi das Cruzes-SP, devido à falta de padres na cidade. O padre não quis ir à Poá realizar o casamento de Anacleto e Clementina.
Casou-se apenas no civil em janeiro de 1932, embora na época o casamento religioso fosse de suma importância para a sociedade. Foi um escândalo!
O casamento religioso foi discretamente realizado pelo padre Cícero, quando completaram Bodas de Prata; a cerimônia foi realizada no Santuário de Santa Terezinha de Taubaté-Sp.
Após o casamento, residiram pouco tempo na cidade de Poá-SP, Mudando-se para São Paulo, capital. O casal teve três filhos, Luiz Rosas Sobrinho, Rubens Rosas e Cleusa Rosas.
Luiz e Cleusa adoravam música como o pai, cantavam e tocavam instrumentos musicais. Formaram o Trio Turuna; faziam parte do Trio: Luiz, Cleusa e Teodoro. Fizeram muito sucesso na época. O Trio Turuna, sempre obteve a supervisão de Anacleto e todas as músicas que cantavam eram de composição dele.
Anacleto nunca estudou música; as inspirações para as composições surgiam principalmente de madrugada. Durante o dia pegava o violão e fazia melodia.
Começou a compor Valseados, Rancheiras, Sambas e Tangos por volta de 1930.
Recebia com freqüência, em sua casa, vários cantores e compositores famosos da música sertaneja. Tais como: Tonico e Tinoco, Mário Zan, Limeira e Zezinha, Torres e Florêncio, Palmeira e Luizinho, o compositor Arlindo Pinto, Motinha, Mariazinha, Vieira e vários outros artistas. Fez muitos shows no Vale do Paraíba, Sul de Minas e uma tournê pelo norte do Paraná.
Suas composições de maiores sucessos foram:
• "Cavalo Preto", feita em 1945, foi a primeira moda campeira, consagrando-o pioneiro da música campeira no Brasil. Na época todas as duplas queriam gravá-la. Quem gravou primeiro foi a dupla Palmeira e Luizinho, logo após regravada por Sérgio Reis, Tonico e Tinoco e vários outros. Continua sendo um sucesso até os dias de hoje. Foi regravada em japonês, sendo uma das trilhas sonoras da novela "Pantanal", na voz de Sérgio Reis, exibida pela TV Manchete no Brasil e no exterior.
• "Os Três Boiadeiros", gravada pela dupla Pedro Bento e Zé da Estrada, tema do filme " Os Três Boiadeiros ".
• "Fogo no Rancho", tema do filme "Jeca Tatu", de Mazzaropi.
• "Aparecida do Norte", dupla Tonico e Tinoco, tema do filme " Nossa Senhora de Aparecida ". A música foi composta dentro de um ônibus, quando Anacleto retornava de Aparecida-SP, onde vendia seus discos. Foi o primeiro compositor a homenagear a cidade e a Santa Padroeira do Brasil.
• "Presépio da Serra", homenagem a cidade de Campos do Jordão-SP.
• "Baldrana Macia", gravada pelo saudoso Luiz Gonzaga.
• "Cortando Estradão", regravada pela dupla Sérgio Reis e Almir Sater, executada na novela " O Rei do Gado ", exibida pela rede Globo de televisão no Brasil e no exterior.
• "Confissão", "A Cruz de Ferro", "Filho de Mato Grosso", "Flor Matogrossense", "Zé Tartuiano", "Zé Valente", "Boi de Carro", "Burro Picaço", "Vaca Mestiça", "Mil e Quinhentas Cabeças", "Timidez", "Na ponta do Reio", "Surrei de Chicote".
Segundo a "Revista Sertaneja", de dezembro de 1959, Anacleto tinha 430 composições e fez 60 para a dupla Tonico e Tinoco. Foi convidado em 1960 para ser Diretor Artístico do Selo Sabiá Copacabana Discos e aceitou. Seu trabalho foi um sucesso, deu oportunidades a novos talentos. Dirigiu a notável e fabulosa gravação do LP "Canto de Aves do Brasil". Tratava-se de Cantos de Aves gravada pelo engenheiro industrial Dalgas Frisch, focalizando vozes de pássaros de nossa terra. O roteiro foi de Martin Bueno Mesquita, e produzido por José Carlos de Magalhães e biologistas do departamento de Agricultura de São Paulo.
Oswaldo Calfat com sua voz bonita foi narrador sóbrio e correto.
Com a edição desse disco o Brasil tornou-se pioneiro no mundo em gravações realizadas em plena natureza, dos cantos das aves sul-americanas.
Anacleto trabalhou na Rádio Difusora do Paraná, Rádio clube de São José dos Campos-SP e, por vários anos, na Rádio Difusora de Taubaté-SP.
Criou o programa "Manhas Sertanejas", na Rádio Difusora de Taubaté-SP, hoje dirigido pelo filho Luiz Rosas. Prestava serviço a utilidades pública, dava os famosos "Alôs" para a zona Rural, alegrava os ouvintes com seu jeito engraçado e extrovertido. O programa tinha muita audiência.
Fundou também na Rádio Difusora, juntamente com Trio Turuna, o programa "Sertão do Caboclo", também de grande audiência.
Os seus programas de rádio eram ouvidíssimos e dominava toda a região do Vale do Paraíba e Sul de Minas Gerais. Com sua voz tipicamente sertaneja, agradava dezenas de emissores do Estado e todas o convidavam para se apresentar na região. Quando tirou férias, atendeu todos os pedidos solicitados. Na época quase todas as duplas sertanejas do Brasil gravavam suas melodias. As duplas faziam questão de gravar porque suas gravações não enferrujavam nas prateleiras das casas de disco. Era um dos campeões de vendagem de disco, pois as gravações de sua autoria ultrapassavam a casa de um milhão.
Em 09/12/1961 recebeu o diploma de honra na qualidade de diretor artístico, expedido pela Sociedade de Amigos do Jardim Novo Osasco.
Em 13 de maio de 62 recebeu o diploma de honra ao mérito, confirmando o êxito de sua batalha em defesa da música sertaneja, expedido pela Bandeira União e Amizade de São Paulo.
Em 15/06/1969 o governador paulista Abreu Sodré com justo orgulho, conferiu a Anacleto o diploma de reconhecimento pela participação nos festejos comemorativos da TV Cultura de São Paulo.
Em 29 de abril de 1970 recebeu da Câmara Municipal de Campos do Jordão o diploma de reconhecimento pelos relevantes serviços prestados ao município.
Em 30/09/1977 recebeu da Câmara Municipal de Taubaté-SP o diploma de Cidadão Taubateano.
Após 1978, ano de seu falecimento, a dupla Tonico e Tinoco gravou LP, homenageando e relembrando Anacleto. O nome do LP "Rancho Vazio", com 12 músicas, todas de composições de Anacleto ( 7 músicas em parcerias e 5 somente dele ). Na capa do disco um acróstico com o nome e o sobrenome de Anacleto. Foi um sucesso.
Anacleto foi um homem simples, dormia e acordava cedo, não consumia bebidas alcóolicas, gostava de alimentos saudáveis. Era alegre, extrovertido e irreverente.
Não gostava de gente presunçosa, dizia que era gente de "nós nas costas". Ajudava muito pessoas necessitadas.
Excelente marido, pai, avô e amigo. Não ficou rico com suas composições e vida artística. Viveu uma vida plena e feliz, deixando muitas saudades.

Informações coletadas no site Beira Rio

Souza e Monteiro

Nascidos no Estado de São Paulo, José Braz de Souza e seu companheiro Monteiro formaram a dupla no início da década de 1950 na cidade de Taubaté-SP.

Antes, porém, existiam as Duplas Caipiras "Artilheiro e Fumaça" e também "Patativa e Pintassilgo", as quais atuavam nessa cidade do Vale do Paraíba, e que dividiam o palco nos diversos circos, festas e programas de rádio. Segundo consta, ambas as duplas não chegaram a gravar nenhum disco.

Até que um dia o compositor Anacleto Rosas Junior havia chegado a Taubaté-SP, onde passou a morar. Influenciados por Anacleto, as duplas foram desfeitas e o Patativa formou uma nova dupla com o Fumaça, tendo adotado, algum tempo depois, os nomes de Souza e Monteiro, respectivamente, aproveitando os seus verdadeiros sobrenomes para formar o nome da dupla.

Também foi Anacleto Rosas Junior que levou à nova dupla à gravação do primeiro disco, na gravadora Todamérica em 1953, com as marchas campeiras "Boiadeiro Bão" (Anacleto Rosas Jr. - Arlindo Pinto) e "De São Paulo ao Rio Grande" (Anacleto Rosas Jr.).

No mesmo ano, gravaram o segundo "bolachão" 78 RPM com a moda campeira "Vaca Mestiça" (Anacleto Rosas Jr.) e o cururu "A Volta do Canoeiro" (Anacleto Rosas Jr.).

Em 1954, Souza e Monteiro gravaram mais 3 discos 78 RPM, com destaque para as modas campeiras "Resposta à Baldrana" (Teddy Vieira - Lauripes Pedroso) e "João Gaiteiro" (Teddy Vieira - Zé Ribeiro), além da moda de viola "Goianinha" (Ado Benatti - Patativa).

No ano seguinte, foi apenas um disco gravado, com destaque para o valseado "Amor Passageiro" (Teddy Vieira - Biguá). E, em 1956, Souza e Monteiro gravaram três discos, com destaque para a toada "Velho Moinho" (Elpídio dos Santos) e o cururu "Amor Perfeito" (Nhô Fio).

E, em 1957, a dupla gravou dois discos 78 RPM, com destaque para a moda campeira "Terras do Paraná" (Anacleto Rosas Jr. ).

Em 1959, Souza e Monteiro trocaram a Todamérica pela Continental, onde a dupla gravou um disco 78 RPM com a guarânia "Feitiço espanhol" (Geraldo Costa - Goiá) e o xote "Filho de Guarapuava" (Souza - Cachoeirinho)
E, em 1962, nova troca de gravadora, dessa vez no selo Caboclo, a dupla gravou mais um disco 78 RPM, destacando a polca "Pequena Homenagem" (Souza - Domingos Greco).

Ao que consta, foram apenas 13 "bolachões" 78 RPM, com 26 músicas no total, o repertório gravado pela dupla "Souza e Monteiro", dupla essa que durou bem pouco e se desfez no início da década de 1960. Apesar da pouca duração, a dupla deixou sua importante contribuição e faz parte da História da Música Caipira Raiz.

Informações coletadas no site Boa Musica Brasileira do nosso cumpadre Ricardinho

terça-feira, dezembro 26, 2006

Um presente de natal

Boa Tarde Cumpadres e Cumadres.

Espero que a Festa de Natal tenha sido maravilhosa...com muita oração, louvor ao nascimento do Cristo Jesus. Tambem bastante musica caipira e uma boa branquinha.

Segue a abaixo um link que o cumpadre Daniel Viola postou lá no Grupo Caipira Raiz e é supimpa.

http://www.youtube.com/watch?v=t4B2HFUDXG0

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Pessoas e grupos que merecem nossos parabéns

Quero aqui fazer uma justa homenagem a alguns cumpadres que labutam para que a musica caipira nao perca o seu trono...
Samuel dos Reis Garcia - criador e um dos moderadores do grupo Caipira Raiz
Claudemir Teixeira da Silva - do grupo Cantinho Sertanejo
Cleber Thomas Vianna - do site Casa dos Violeiros
Elsio Oliveira (Elsio Poeta) - Moderador do Grupo Caipira Raiz
Luciano Queiroz - Luthier - www.lucianoqueiroz. com
Cumpdre Ricardinho - site Boa Musica Brasileira
e é claro a grande cumadre Leila Senna a tatuzinha mais caipira da net do Grupo Acervo Caipira.
São pessoas assim como estas acima citadas que me dá a certeza de que a luta não é ingloria.
Com certeza ficou muita gente para traz, que merece tambem destaque, mas esses companheiros não serão esquecidos.
Desejo a todos esses companheiros de luta, muita paz, alegria, saúde e é claro muita musica raiz!!!!
QUE DEUS COM A INTERCESSÃO DE SÃO GONÇALO ABENÇOE A TODOS VOCES E AS SUAS FAMILIAS


IV Encontro de Violeiros

Acontece neste sabado na cidade de Iacri, mais precisamentente no Bar do Ivo o IV Encontro de Violeiros. A apresentaçao ficara a cargo do grupo Viola Enluarada,
com inicio previsto para as 19:30. As tres primeiras versões foram um tremendo sucesso, oque aumenta a espectativa deste ano.
Viva a Viola Caipira, e viva os incentivadores da boa musica raiz!!!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

João Araújo

João Araújo é cantor, compositor, instrumentista, produtor e cronista. Natural de Contagem, Minas Gerais, começou a aprender a tocar violão aos 12 anos de idade, nos idos de 1979, por causa da insistência de Zé Antônio, do Grupo Viola Urbana.
Em 1996 e 1997 dirigiu dois laboratórios musicais no Colégio Anchieta , em Belo Horizonte - MG, ambos voltados à iniciação musical de jovens : O Grupo Vocal e o Curso de Monitoramento à Distância de Violão Popular;
Em 1998 coordena o Grupo Muleke, só de adolescentes, que começam do zero e formam uma banda de samba que chegou a se apresentar pra 5.000 pessoas, no carnaval do ano seguinte;
Em 1999, participa ainda como arranjador, instrumentista e segundo vocalista do grupo de Márcio Guima, sobrinho de Clara Nunes, no show "Salve Clara, Salve ela" , em homenagem aos 15 anos de falecimento da grande cantora mineira.
Começou a tocar profissionalmente com mais freqüência a partir deste ano,1999, em função da gravação de seu primeiro CD ( Festival ), que é uma amostra das suas composições bem do seu jeito : completamente irriquieto, sem gostar de ficar se repetindo num mesmo estilo, e atuando em várias frentes ao mesmo tempo.
Em 2003 coloca no ar seu site pessoal, e começa a narrar as histórias reais que passou como músico da noite, em forma de crônicas.
Em 2004 começa o projeto Viola Urbana, formando o grupo com Zé Antônio, Marisa Minas e Ronan Peres pra comemorar 25 anos de aprendizado, admiração e respeito à música de seu país. Produz o Cd e o site com a pesquisa Viola Urbana , a serem lançados em 2005, quando também participa como colaborador do Projeto Signus do Universo Roseano, um trabalho de resgate e registro de valores culturais junto à comunidade de Cordisburgo - MG. Terra da Gruta de Maquiné e de Guimarães Rosa, Cordisburgo também é terra natal de seu avô, João Pança, pra quem prepara, paralelamente, um livro-homenagem com as histórias dele que as pessoas da cidade ainda contam , mesmo após 25 anos de falecimento !

Segue uma cronica de João Araujo

LUGAR ERRADO

"Tocar na noite? isto não é trabalho, é prazer!"

Taí outra frase também muito desferida pelos mortais comuns. Eu sempre respondo que existem muitas coisas que são prazerosas.Como fazer amor, por exemplo. Mas vai fazer isso por dinheiro, pra você ver!...A perspectiva muda, com certeza. As pessoas desconhecem muito do nosso mundo de tocador ! Também, várias vezes nós estamos no lugar errado, na hora errada. É o caso, muito comum em BH, dos shows em Shoppings Centers. As pessoa estão lá para tomar um chopinho, relaxar depois do trabalho, conversar, paquerar, etc. E o bobão fica lá, atrapalhando, mendigando um pouquinho de atenção, quem sabe um aplauso-sinho ou outro, entre um gole e uma piscada pra aquela(e) super gata(o) que tá dando mole...
Convenhamos, não é o momento adequado para se mostrar arte.(É, a música é definida como forma de arte, sabia?...) Mas, dá certo. Ninguém dá muito valor, mas gostam que haja "música ao vivo". As praças de alimentação são bem frequentadas, e os músicos são bem aceitos. Aceitos, mas obviamente não devidamente valorizados. Pra que pagar muito, se tantos se oferecem pra fazer? Se algum músico reclamar de alguma coisa, basta eliminá-lo da escala e chamar um dos outros mais de mil candidatos. Qualidade? pra quê? E mais: alguns músicos, em nome de ter que comprar " o leite das crianças", se oferecem pra tocar mais barato, às vezes de graça, só pra poder estar na "vitrine" ! Desta forma, os contratantes deitam e rolam, praticando os preços que quiserem. Reajustar? pra quê? basta trocar de músico, pôr um "mais em conta"...

É por isso que digo que infelizmente não há tantos bons profissionais no mercado dos músicos. Nem união da classe. Também não há um respeito à profissão. Em que outra atividade é permitido beber bebidas alcoólicas durante o exercício da função? Talvez até seja justo, pois não é fácil aguentar, estando sóbrio, os tradicionais "malas" que sempre fazem do músico o seu melhor amigo. E, como amigo, vem falar bem de perto, abraçados, com aquele maravilhoso bafo de desmaiar, pedir "aquela" música, falar da vida, chorar, etc. E o cantor alí , tendo que sorrir, lembrando das contas a pagar, do estômago embrulhando de vontade de vomitar, do lanche que talvez vá ganhar no fim da noite (um salgado velho, ou um mexidão dos restos ), pensando em tudo e tendo de sorrir. Pois se não levar tudo numa boa, será considerado metido, estrelinha, e nunca mais será contratado. "Faz parte da sua profissão, pô!". É, nesta hora nossa atividade é tida como profissão...

È claro que tocar na noite não é só desprazeres, não é só dificuldades e chatices. Tudo na vida tem seu lado bom. Ás vezes, um pequeno gesto ou palavra, dita ou escrita num guardanapo pode melhorar muito a noite do pobre coitado. E elas acontecem. Elogios sinceros, palavras de apoio e encorajamento sempre acontecem. E a gente vai levando, a gente vai levando...


Informações coletadas no site http://www.joaoaraujo.mus.br/ja/

terça-feira, dezembro 12, 2006

Poesia

A Viola e o Violeiro

A vida de um violeiro
Quando ele é sonhador
Se transporta no som da viola
É um eterno cantador

Em seus dedos tem agilidade
Em seu coração tem muito amor
Conta sua vida na viola
Ah! Violeiro Cantador!

Na viola ele canta mágoas
Canta também a emoção
Violeiro também chora
Quando fala do seu sertão

Na viola ele também chora saudade
A saudade que magoa seu coração
Violeiro sente-se preso na cidade
Mas é um sabiá no seu sertão

Oh! Viola dolorida
Por ti minha alma sente-se corroída
Nesta ilusão de te querer
Se nesta vida eu for condenada a não te ter
Oh Viola Xônada me perdoe!
Mas eu prefiro morrer.
(Fabíola Mirella)


www.fabiolamirella.com
www.violeirosmatutos.com.br

sexta-feira, dezembro 08, 2006

A historia da cachaça

Como hoje é sexta feira dia de curtir uma branquinha ao som de uma boa roda de viola...


*A postagem abaixo foi coletada no site do Cumpadre Luciano Queiroz www.lucianoqueiroz.com

A cana-de-açúcar, elemento básico para a obtenção, através da fermentação, de vários tipos de álcool, entre eles o etílico. É uma planta pertencente à família das gramíneas (Saccharum officinarum) originária da Ásia, onde teve registrado seu cultivo desde os tempos mais remotos da História.
Os primeiros relatos sobre a fermentação vem dos egípcios antigos. Curam várias moléstias, inalando vapor de líquidos aromatizados e fermentados, absorvido diretamente do bico de uma chaleira, num ambiente fechado.
Os gregos registram o processo de obtenção da ácqua ardens. A Água que pega fogo - água ardente (Al Kuhu).
A água ardente vai para as mãos dos Alquimistas que atribuem a ela propriedades místico-medicinais. Se transforma em água da vida. A Eau de Vie é receitada como elixir da longevidade.
A aguardente então vai para da Europa para o Oriente Médio, pela força da expansão do Império Romano. São os árabes que descobrem os equipamentos para a destilação, semelhantes aos que conhecemos hoje. Êles não usam a palavra Al kuhu e sim Al raga, originando o nome da mais popular aguardente da Península Sul da Ásia: Arak. Uma aguardente misturada com licores de anis e degustada com água.
A tecnologia de produção espalha-se pelo velho e novo mundo. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como Grappa. Em terras Germânicas, se destila a partir da cereja, o kirsch. Na Escócia fica popular o Whisky, destilado da cevada sacarificada.
No extremo Oriente, a aguardente serve para esquentar o frio das populações que não fabricam o Vinho de Uva. Na Rússia a Vodka, de centeio. Na China e Japão, o Sakê, de arroz.
Portugal também absorve a tecnologia dos árabes e destila a partir do bagaço de uva, a Bagaceira
Os portugueses, motivados pelas conquistas espanholas no Novo Mundo, lançam-se ao mar. Na vontade da exploração e na tentativa de tomar posse das terras descobertas no lado oeste do Tratado de Tordesilhas, Portugal traz ao Brasil a Cana de Açúcar, vindas do sul da Ásia. Assim surgem na nova colônia portuguesa, os primeiros núcleos de povoamento e agricultura.
Os primeiros colonizadores que vieram para o Brasil, apreciavam a Bagaceira Portuguesa e o Vinho d'Oporto. Assim como a alimentação, toda a bebida era trazida da Corte. Num engenho da Capitania de São Vicente, entre 1532 e 1548, descobrem o vinho de cana de açúcar - Garapa Azeda, que fica ao relento em cochos de madeiras para os animais, vinda dos tachos de rapadura. É uma bebida limpa, em comparação com o Cauim - vinho produzido pelos índios, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na fermentação do milho, acredita-se. Os Senhores de Engenho passam a servir o tal caldo, denominado Cagaça, para os escravos. Daí é um pulo para destilar a Cagaça, nascendo aí a Cachaça.
Dos meados do Século XVI até metade do Século XVII as "casas de cozer méis", como está registrado, se multiplicam nos engenhos. A Cachaça torna-se moeda corrente para compra de escravos na África. Alguns engenhos passam a dividir a atenção entre o açúcar e a Cachaça.
A descoberta de ouro nas Minas Gerais, traz uma grande população, vinda de todos os cantos do país, que constrói cidades sobre as montanhas frias da Serra do Espinhaço. A Cachaça ameniza a temperatura.
Incomodada com a queda do comércio da Bagaceira e do vinho portugueses na colônia e alegando que a bebida brasileira prejudica a retirada do ouro das minas, a Corte proíbe várias vezes a produção, comercialização e até o consumo da Cachaça.
Sem resultados, a Metrópole portuguesa resolve taxar o destilado. Em 1756 a Aguardente de Cana de Açúcar foi um dos gêneros que mais contribuíram com impostos voltados para a reconstrução de Lisboa, abatida por um grande terremoto em 1755.
Para a Cachaça são criados vários impostos conhecidos como subsídios, como o literário, para manter as faculdades da Corte.
Como símbolo dos Ideais de Liberdade, a Cachaça percorre as bocas dos Inconfidentes e da população que apóia a Conjuração Mineira. A Aguardente da Terra se transforma no símbolo de resistência à dominação portuguesa.
Com o passar dos tempos melhoram-se as técnicas de produção. A Cachaça é apreciada por todos. É consumida em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas - o famoso Quentão.
No século passado instala-se, com a economia cafeeira, a abolição da escravatura e o início da república, um grande e largo preconceito a tudo que fosse relativo ao Brasil. A moda é européia e a cachaça é deixada um pouco de lado.
Em 1922, a Semana da Arte Moderna, vem resgatar a brasilidade. No decorrer do nosso século, o samba é resgatado. Vira o carnaval. Nestas últimas décadas a feijoada é valorizada como comida brasileira especial e a Cachaça ainda tenta desfazer preconceitos e continuar no caminho da apuração de sua qualidade.
Hoje, várias marcas de alta qualidade figuram no comércio nacional e internacional e estão presentes nos melhores restaurantes e adegas residenciais pelo Brasil e pelo mundo.

fonte: Museu da Cachaça - Lagoa do Carro - PE - http://www.museudacachaca.com.br/

*Luciano Queiroz - Todos os Direitos Reservados

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Jardim dos Sonhos (Uma boa opção de presente de Natal)



1 - Canoeiro do Tietê
2 - Água e sal
3 - Chuva
4 - Ao longo das eras
5 - Fim dos heróis
6 - Capão do Embira
7 - No laço da viola
8 - Um sonho e um segredo
9 - No bojo do jacarandá
10 - Seguindo os passos da
imaginação
11 - Pedaços de chão
12 - Jardim dos sentidos


JARDIM DOS SENTIDOS

Este é o nosso primeiro trabalho com composições próprias. Escolhemos um repertório eclético dentro de nosso universo musical e procuramos unir as poesias, melodias e harmonias dentro de ritmos diversificados. Quando entramos em estúdio já tínhamos uma base pré definida pelos arranjos, fomos moldando gradativamente as canções e a cada nota que colocavamos a impressão de enriquecimento harmônico era surpreendente. Agradeço a ajuda de meus GRANDES AMIGOS e GRANDES MÚSICOS que colocaram, cada qual a seu modo, um toque de carinho e responsabilidade em cada faixa gravada.


Músicas 1, 4, 5, 6, 7, 8 e 9: João Vilarim
Músicas 2, 3, 10, 11 e 12: João Vilarim e Nico
Voz, viola caipira, violão e percussão: João Vilarim;
Contrabaixo: Fernando Marinho;
Flauta: Drº José Carlos;
Violino, viola e violoncello: Marcelo Schineider;
Piano e teclados: Willian Labecca;
Sax: Sumé;
Gaita: Marcelo Soria;
Harpa paraguaia: Dario Andino;
Berrante: Edson Araçatuba;
Bateria: João Carlos (Cabeças) ;
Arranjos de base: João Vilarim;
Arranjos de cordas: João Vilarim, Marcos Zanda e Marcelo Schineider;
Mixagem, masterização, técnica: João Carlos (Cabeças);
Produção: João Vilarim e Jesus Anibal
Associação Cultural Machu Picchu - Cuzco;
Produção Fonográfica: Gravadora e Editora Brasil Inka's

Para comprar: (xx11) 6911-2604 / e-mail:
joaovilarim@terra.com.br
vilarim@ponteiocaipira.com.br


www.ponteiocaipira.com.br

terça-feira, dezembro 05, 2006

Opinião

Boa tarde Cumpadres e Cumadres
Segue abaixo um texto do cumpadre Samuel dos Reis Garcia, "O Caipira do Sur de Minas", criador e um dos moderadores do Grupo Caipira Raiz:


Olá Amigos, Cumpadres & Cumadres!

Saudações Caipiras!

Amigos desta Grande Família, dos quatro cantos do Brasil que amam a nossa Música Caipira!

Amigos, a história de qualquer movimento, grupo ou ideologia, tem os seus altos e baixos. E nisso estão envolvidos vários fatores.

Não conheço muito e nem tenho tanta formação para afirmar isso, mas a força da Música Caipira esteve muito ligada ao contexto histórico-econô mico do Brasil há algumas décadas, quando o eixo econômico do Brasil passava primordialmente pelo interior.

Contudo, a urbanização, a industrializaçã o e a difusão do Capitalismo, onde o Lucro fala mais alto, fizeram com que, paulatinamente, a Música caipira deixaSse de ser a "porta-voz oficial" do Brasil.

E um fator que considero primordial, foi a difusão dos meios de comunicação de Massa (em especial a televisão) A SERVIÇO DA CLASSE DOMINANTE TANTO POLITICA COMO SOCIALMENTE. E, com o objetivo de acultar ao povo a sua verdadeira origem, o seu verdadeiro potêncial, foi imposto, de forma cruel, valores e formas de pensar vindas de fora. Não que isso seja ruim. Mas tudo tem que ser "ruminado", num processo de "antropofagia" , como já diziam os idealizadores da Semana de 1922.

Mas, o que faz com que a Música Caipira ainda persista como um fiel retrato de seu povo, é justamente a simplicidade e a pureza de quem a criou. É a voz pura, "sem contaminação", que brota do fundo do coração do caboclo. Particularmente, imagino e me coloco no lugar do nosso Saudoso Goiá: suas composições falam fundo em nossa alma por ele sentiu na pele tudo isso. Confiram a entrevista de Zé Mulato & Cassiano na Tv Câmara, onde eles falam que, pra falar, compor e interpretar a Música Caipira é necessário "beber na fonte", "falar daquilo que conhece".

Agora, será que nós valorizamos os nossos artistas (e outros) que estão atuando hoje, agora, defendendo a nossa Música Raiz?

Algumas vezes trocamos álbuns, cds e nos esquecemos que o artista também precisa receber o seu incentivo, o reconhecimento, que vai sim, vai muito além da simples compra de uma mercadoria, mas depende também disto.

Confesso a vocês que passei a conhecer muita gente nossa, boa de serviço, através desse Grupo. E, com o meu esforço, pretendo retribuir, da maneira como posso, no meu individual, a cada um. Mas, realmente, a divulgação de seus trabalhos nesse espaço é uma oportunidade única.

Vamos sim, resgatar o passado, sem esquecer de valorizar o presente. Quantos Cumpadres & Cumadres que estão aqui lutam na preservação da Música Caipira! Quantos são Violeiros, Interpretes, Organizadores de Sites, Grupos Musicais, meios de Comunicação (web, rádio, tv) e enfim, nós, cidadãos comuns que valorizamos a nossa Cultura!

Espero que toda essa Rica Discussão possa aumentar, ainda mais, a nossa disposição em contribuir para a preservação da nossa Música Caipira!

E reitero mais, uma fez, em nome de todos, pois sei que este é o desejo e vontade de todos: ESTAMOS DE PORTAS E BRAÇOS ABERTOS PARA TODOS OS QUE AMAM A MÚSICA CAIPIRA!

UM GRANDE ABRAÇO A TODDOS!
Samuel dos Reis Garcia



" O CAIPIRA DO SUR DE MINAS GERAIS "

Mais uma raridade

Uma raridade encontrada em meio a tantas outras no blog Cantinho Sertanejo do nosso cumpadre Claudemir



http://rapidshare.com/files/3411532/M_e_natureza_-_1989.rar

SENHA:
PARA_OS_TATUS_DO_CAIPIRA_RAIZ&ACERVO_CAIPIRA

quinta-feira, novembro 30, 2006

Negrinho Parafuso

*Letra da musica foi coletada da pagina www.tiaocarreiro.com.brNEGRINHO PARAFUSO

(autores:Tião Carreiro e Nhô Chico)


Existiu uma velha casa perto da linha fepasa antiga sorocabana

Lembrança que ainda resta de quem foi o rei das festas das noites interioranas

Era ele um trovador renomado cantador de versos improvisados
Por esse interior afora muita gente ainda chora o parafuso afamado


Vivia aquele negrinho rodeado de carinho todos lhe queriam bem

Quando o povo lhe cercava parafuso não negava um sorriso pra ninguém

No lugar que ele cantava o povão aglomerava para ouvir seu repente
Além de bom repentista era também humorista divertia toda gente


Na cidade ou na fazenda onde houvesse uma contenda era sempre convidado

Das pousadas do divino velhos moços e meninos amanheciam acordados

Tietê capivarí sorocaba tatuí laranjal butucatu

Em qualquer localidade era ele na verdade o pelé do cururu


Depois de tantas viagens tantas noites na friagem parafuso adoeceu

Nem mesmo estando doente ele cantava contente e nunca se retrocedeu

Mais um dia eu me lembro naquele 2 de dezembro a sua hora chegou

A região toda chorava quando a rádio anunciava a morte do cantador


Naquela tarde chuvosa uma multidão chorosa cabisbaixa encontristada

Carregava seu artista o maior dos repentistas para derradeira morada

No mundo tudo se acaba a linda piracicaba perdeu mais um trovador

O negrinho idolatrado que também foi convocado para seleção do Senhor


Uma justa homenagem ao grande Antonio Candido (Neguinho Parafuso)
segue abaixo um link para uma roda de cururu... a origem é desconhecida; mas é muito importante para quem quer resgatar a musica caipira

http://www.4shared.com/dir/1351338/6b12de24/sharing.html


terça-feira, novembro 28, 2006

Uma dica para o Natal

Uma mensagem postada pelo cumpadre Luciano Queiroz no grupo Caipira Raiz

Olá Tatuzada ! Como vão ?
Estou passando por aqui hoje simplesmente para deixar uma dica de um ótimo presente de natal!!!!

O Grupo Viola Urbana foi criado em 2004 com o objetivo de comemorar 25 anos de aprendizado e de verdadeira paixão pela música brasileira do cantor, compositor, produto e cronista João Araújo e seu professor de viola Zé Antonio. Somaram-se ao projeto a belíssima voz de Marisa Minas e a expressiva musicalidade do percussionista Ronan Peres.
Já a partir do primeiro show, o quarteto foi convidado a participar do seleto grupo de artistas patrocinados pela CEMIG S/A, que viu na pesquisa Viola Urbana um importante ato pela conservação do patrimônio cultural do Brasil. Mal começaria a distribuição do CD em dezembro de 2005 veio o reconhecimento em forma de convite para participar do programa Sr. Brasil, no palco de Rolando Boldrin na TV Cultura.
O CD fruto da pesquisa busca demonstrar quanto e como a viola caipira influenciou a Música Popular Brasileira. Através de vários segmentos, o grupo registra, regrava e relembra verdadeiras pérolas da cultura autenticamente brasileira, cujas criações remetem à viola, por vários artistas importantes na música brasileira nos últimos anos.
Produção de João Araújo, direção musical do violonista internacionalmente conhecido Geraldo Vianna, participações especialíssimas dos grandes nomes da viola na atualidade Roberto Correa, Chico Lobo e Fernando Sodré.

No site do grupo (www.violaurbana.com.br) todos poderão conferir a pesquisa completa que originou o CD, bem como trechos das músicas, galeria de fotos, vídeos de participações na TV, e muito mais...

É uma obra que merece destaque total no Brasil de hoje, tão desligado à preservação da nossa memória, que presa tanto por valores vindos de fora.

Ajudem a divulgar e comprem o CD pelo site!!!!! Mais fabuloso que o CD só mesmo o encarte preparado com tanto gosto!!!!! Garanto a todos que quem compra um acaba comprando mais um monte pra presentear as pessoas importantes em nossas vidas !!!!

Abraços

Luciano Queiroz - Luthier

Home page: www.lucianoqueiroz.com

segunda-feira, novembro 27, 2006

Tem sangue novo na praça

A música destino de violeiro, composição de Zé Mulato, serviu como uma luva para os jovens violeiros Fernando e Osmair que vieram da cidade mineira de Frutal para Brasília atraídos pelo embalo da viola do Zé Mulato e o chamado do CD "Sangue Novo" que diz "tem sangue novo na praça, caipira se sente honrado a viola e o violeiro vai muito bem obrigado". Uma vez em Brasília em busca de repertório para a gravação do primeiro CD tiveram a sorte de ser apadrinhados pela dupla Zé Mulato e Cassiano e receber do Zé Mulato, cinco músicas inclusive "Destino de Violeiro", que dá nome ao CD. Juntando a outros compositores de Brasília e de outros estados como António Vitor, Tião do Carro, Dino Franco etc. surgiu um dos melhores discos de música caipira dos últimos anos no Brasil. Destino de Violeiro é a própria história dessa dupla; dueto cristalino, bons instrumentistas e disponibilidade para seguir o destino de violeiro. No show a dupla mostrará o repertório do CD e mais coisas que Fernando e Osmair trazem na bagagem pelos caminhos da vida de violeiro.
Radicados há muitos anos em Frutal, não tem mais como dizer que são de outro lugar, foi em Frutal que se encontraram e começaram a dupla. Escutados por artistas como Gino e Geno, Goiano e Paranaense, Chico Rey e Paraná que mesmo antes do CD ficar pronto já os elegeu como a melhor dupla dos últimos tempos e o Zé Mulato disse que este é o melhor primeiro disco de uma dupla que já viu. Fernando e Osmair, estão sendo vistos também como a grande esperança para a manutenção do estilo dupla caipira, pois são jovens e com talento comparados aos mais experientes e renomados violeiros do país.

CD: DESTINO DE VIOLEIRO COM FERNANDO E OSMAIR



• FERNANDO
NOME: ANTÔNIO FERNANDO COELHO
N D. NASC: 25/12/69
NATURAL: Morro Agudo - SP

• OSMAIR
NOME: OSMAIR VIEIRA LEMOS
NATURAL DE GOIÂNIA - GO
NASC. 28/09/1967


* Informções coletadas no grupo Caipira Raiz através do Cumpadre Ronaldo de Duartina - SP

sexta-feira, novembro 24, 2006

Trio Turuna

Materia coletada no blog http://bruxinha507.blogspot.com, atraves de indicação do cumpadre Carlos Andrade no Grupo Caipira Raiz

Desvendando Anacleto
Neto do compositor Anacleto Rosas Júnior, que morou mais de 20 anos em Taubaté, luta para divulgar a rica obra do músico
Fernanda Guerra
Taubaté – (http://jornal.valeparaibano.com.br/2004/04/13/viv01/anacle.html)

Entre as décadas de 60 e 70, quando ia às reuniões de sua família em uma casinha simples do bairro Santa Luzia, em Taubaté, o pequeno Rubens Rosa Junior não sabia que ia ao encontro de um dos maiores compositores da música sertaneja do país.O dono da casa, Anacleto Rosas Junior (1911-1978), era um compositor de renome, autor de clássicos como "Cavalo Preto", "Os Três Boiadeiros" e "Cortando Estradão", mas, para Rubens, hoje com 41 anos, ele era acima de tudo seu avô."Eu o via como meu avô mesmo. Tinha orgulho de saber que ele era um compositor, mas não sabia nem de longe o real significado de suas composições para a música brasileira", disse Rubens.Hoje, 26 anos após a morte de Anacleto Rosas Junior, Rubens trabalha com afinco para que a obra e o nome de seu avô não caiam no esquecimento.Para isto, está desenvolvendo um projeto para lançar um CD independente com 24 músicas compostas por Anacleto --sozinho ou em parceria --, e que são referências da música sertaneja.Entre as músicas pré-selecionadas, "Cavalo Preto", na interpretação de Sérgio Reis; "A Mestiça", cantada por Renato Teixeira e "A Morte do Canoeiro", nas vozes da dupla Tonico e Tinoco."As pessoas lembram muito dos cantores, mas os compositores ficam muitas vezes no esquecimento. Meu avô tem uma obra riquíssima, mas hoje seu nome é praticamente desconhecido", disse Rubens, que enfrentou uma verdadeira maratona para escolher as músicas que entrarão no CD --seu avô é autor de quase 500 composições, sendo mais de 60 especialmente escritas para a famosa dupla caipira Tonico e Tinoco.Segundo Rubens, o trabalho não se limita à escolha das músicas. Como seu avô não cantava, suas músicas foram gravadas por inúmeros interpretes e, para registrá-las em seu CD, é preciso solicitar --e receber-- autorização da gravadora de cada música."Muitas gravações estão em discos antigos, de 78 rotações, algumas gravadoras já não existem mais, trocaram o nome ou foram compradas e recompradas. Só depois de descobrir qual a gravadora que tem atualmente os direitos sobre a música é que dá para pedir a autorização", afirmou Rubens, que já está entrando em contato com as gravadoras.
TRIBUTO - O CD, que Rubens pretende chamar "Tributo 2", é o segundo produzido por ele de forma independente para homenagear e resgatar a obra do avô.
O primeiro, chamado "Tributo", foi lançado em 1999, e segundo Rubens, foi o ponto de partida para que ele conhecesse a real dimensão da grandiosidade da obra do avô. Foram três anos de peregrinação em busca da autorização das gravadoras e artistas para compor o CD."Depois de escolher as músicas, ouvindo CDs e LPs antigos e com a ajuda de minha tia Cleusa (Cleusa Rosas, filha de Anacleto), que cantava as músicas que ela considerava importantes, mas que não tínhamos em casa, fui a São Paulo e só então descobri que precisava da autorização das gravadoras", disse.Acertada a papelada, Rubens lançou o disco, com mil cópias, que foram distribuídas entre amigos, gravadoras e emissoras de rádio. Com o projeto de lançar o segundo CD também de forma independente, Rubens não deixa de sonhar em conseguir apoio de uma gravadora para lançar os discos comercialmente e vê-los chegar a todos os cantos do país."O meu grande sonho é que alguma gravadora se interesse pelo projeto e lance os dois CDs em tributo ao meu avô. Ele, e a música brasileira, merecem", disse.
*******************

Anacleto Rosas nasceu em julho de 1911, em Mogi das Cruzes e faleceu em fevereiro de 1978, em Taubaté. Seus filhos Cleuza e Luiz seguiram o caminho do pai e formaram o Trio Turuna, juntamente com o amigo Teodoro, sendo que todas as músicas interpretadas por eles eram de autoria de Anacleto.

Vamos curtir estas músicas , hospedadas em : http://www.4shared.com/dir/1352150/22a28a10/sharing.html
01 - Romaria
02 - Na Ponta do Reio
03 - Meu Prazer
04 - Mestiça
05 - Resposta da Mestiça
06 - Meu Destino
07 - Amigo do Tertuliano
08 - Pombinho Correio
09 - Filho de Mato Grosso
10 - Coração em Pedaço
11 - Burro Picaço
12 - Timidez
13 - Cavalo Preto(Gravação Original)
14 - Surrei de Chicote
15 - Presépio da Sérra
16 - Zé Cardoso
17 - Esta Noite te Espero
18 - Vaca Mestiça
19 - Falsas Promessas
20 - Sabugo de Milho
21 - Três Boiadeiros
22 - 1500 Cabeças
23 - Pomba Mensageira
24 - Flor Matogrossense
25 - Resolução
26 - Companheiro de orgia

Nota : estão arquivadas as músicas (formato mp3pro 96) e capas (JPG)

quinta-feira, novembro 23, 2006

Adeus de Mãe


Boa Tarde Cumpadres e Cumadres

Segue abaixo uma raridade
coletada no grupo Caipira Raiz postada pelo cumpadre Carlos Andrade

(1974) - Abel e Caim - Abel e Caim
01 - Adeus de Mãe - Cido/Caim
02 - A Filha do Patrão - Nhô Cido/Tapuã
03 - Derradeiro Adeus - Dino Franco/Afonso Rosa
04 - Intriga de Amor - Flor da Serra/Compadre delmo
05 - Jardim da Vida - Moacyr dos Santos/Lourival dos Santos
06 - Envergonhado - Anacletos Rosas Júnior
07 - Abismo Cruel - Zé Fortuna/Sulino
08 - Menina Ingrata - Tapuã
09 - Mágoa - Dino Franco/Zeca
10 - Erro de Amor - Nhô Cido/Abel
11 - Recado - Anacletos Rosas Júnior/Arlindo Pinto
12 - Amor Passageiro - Zico

Adeus de Mãe

Visite o Grupo Caipira Raiz e faça parte da História da Música Caipira!
http://br.groups.yahoo.com/group/CAIPIRA_RAIZ/

Cultura Caipira

A CULTURA CAIPIRA

É preciso pensar no caipira
como um homem que manteve
a herança portuguesa nas
suas antigas formas




A cultura caipira não é e nunca foi um reino separado, uma espécie de cultura primitiva
independente, como a dos índios. Ela representa a adaptação do colonizador ao Brasil e
portanto, veio na maior parte de fora, sendo sob diversos aspectos sobrevivência do
modo de ser, pensar e agir do português antigo.

Quando um caipira diz "pregunta", "a mó que", "despois", "vassuncê", "tchão (chão)",
"dgente (gente)" não está estragando por ignorância a língua portuguesa; mas apenas
conservando antigos modos de falar que se transformaram na mãe-pátria e aqui.

Até o famoso "erre retroflexo", o "erre de Itur" ou "Tieter", que se pensou devido a
influência do índio, viu-se depois que pode ter vindo de certas regiões de Portugal.
Como veio o desafio, a fogueira de São João, o compadrio, a dança de São Gonçalo, a
Festa do Divino, a maioria das crendices, esconjuros, hábitos e concepções.

É preciso pensar no caipira como um homem que manteve a herança portuguesa nas suas
formas antigas. Mas é preciso também pensar na transformação que ele sofreu aqui, fazendo
do velho homem rural brasileiro o que ele é. "Tabareu", "matuto", "capiau", "caipira",
o que mais haja, ele é produto e ao mesmo tempo agente muito ativo de um grande processo
de diferenciação cultural própria. Na extensa gama dos tipos sertanejos brasileiros ,
poderia ser considerado "caipira" o rural tradicional do sudoeste e porções do oeste,
fruto de uma adaptação da herança fortemente misturada com a indígena, às condições físicas
e sociais do Novo-Mundo.

Nessa linha de formação social e cultural, o caipira se define como um homem rústico
de evolução muito lenta, tendo por fórmula de equilíbrio a fusão intensa da cultura
portuguêsa com a aborígene e conservando a fala, os usos, as técnicas, os cantos,
as lendas que a cultura da cidade ia destruindo, alterando essencialmente ou caricaturando.

Em compensação, no quadro de sua cultura o caipira pode ser extraordinário. É capaz, por
exemplo, de sentir e conhecer a fundo o mundo natural, usando-o com uma sabedoria e
eficácia que nenhum de nós possui.

O nosso caipira, do ancestral português herdou com a língua e a religião a maioria dos
costumes e crenças; do ancestral índio herdou a familiaridade com o mato, o faro na caça,
a arte das ervas, o ritmo do bate-pé (que noutros lugares chama-se cateretê), a caudalosa
eloquência do cururu.

O cururu e a dança da Santa Cruz são dois exemplos muito bons de encontro de culturas.
Parece terem sido elaborados sob influência dos jesuítas, que aproveitaram as danças
indígenas e o gosto do Índio pelo discurso e o desafio para enxertar a doutrina cristã.
Nada mais caipira que o cururu e a dança de Santa Cruz, que só existem em áreas de forte
impregnação originária dos antigos piratininganos. E nada mais misturado de elementos
portugueses e indígenas como tanta coisa que observamos nas catiras, nas histórias, nas
técnicas do homem rural pobre e isolado de velha origem paulista. Na primeira metade do
século, o caipira ainda era espoliado e miserável na maioria dos casos, porque com a passar
do tempo e do progresso, quem permaneceu caipira foi a parte da velha população rural
sujeita às formas mais drásticas de expropriação econômica, confinada, e quase compelida
a ser o que fôra, quando a lei do mundo a levaria a querer uma vida mais aberta e farta,
teoricamente possível.

Foi então que o caipira se tornou cada vez mais espetáculo, assunto de curiosidade e
divertimento do homem da cidade, que, instalado na sua civilização e querendo ressaltar
este "previlégio", usava aquele irmão para provar como ele tinha prosperado.

A tarefa, portanto, é procurar o que há nele de autêntico. Autêntico, não tanto no sentido
do impossível do originalmente puro, porque em arte tudo está mudando sempre; mas no
sentido de buscar os produtos que representam o modo de ser e a técnica poético-musical
do caipira como ele foi e como ainda é, não como querem que ele seja.


Por Antônio Cândido

Ensaista e Crítico literário emérito
--------------------------------------------------------------------------------


ORAÇÃO DE LAVRADOR



Abençoa oh! Terra querida
as mãos que lhe deposita os grãos

Louva oh! Terra bendita
a alma que lhe fecunda o ventre

Suporta oh! Terra querida
o corte que lhe faz o broto

Acolhe oh! Terra bendita
o rasgo que lhe faz a raiz

Ampara oh! Terra querida
o tronco que lhe pede sustento

Regozija oh! Terra bendita
com as flores que lhe enfeitam o chão

Amadurece oh! Terra querida
o fruto da gesta do pão

Exalta oh! Terra bendita
os pés que lhe colhe os frutos

Repousa oh! Terra querida
da gestação e da nossa vida

Abençoa oh! Terra bendita
a alma que sacia a tua lida

Louva oh! Terra querida
o lavrador na oração de cada manhã:

Abençoada e louvada seja
sagrada terra do sertão

Peço licença entoando essa canção
prá humildemente lhe depositar essa semente

O pão nosso de cada dia
é o bendito fruto do vosso ventre

Perdoa oh! Terra nós pecadores
por nos deixarmos cair em tentação

Perdoa-nos oh! Mãe Terra
por lhe trairmos nas depredações

Acolhe em teu ventre a insensatez humana
perdoa-nos e faça florir nossos áridos corações

Abençoada e louvada seja
a sagrada terra do sertão

Abençoada e louvada seja
abençoada e louvada seja, amém.


Gilberto de Castro Rodrigues

Escritor e Poeta

Material coletado no site Tonico e Tinoco
--------------------------------------------------------------------------------
Os dois artigos foram extraídos da Revista "Viola & Violeiros", ano 1, número 1

terça-feira, novembro 21, 2006

Lourenço e Lourival

Os irmãos Arlindo Cassol, o Lourenço, e Antônio Cassol, o Lourival nasceram em Ribeirão Preto-SP em 1937 e 1939, respectivamente.

Durante a infância, qualquer lata de óleo era logo por eles "adaptada" e "virava uma violinha", a qual eles sonhavam possuir; mas foi somente na década de 1950 que conseguiram um instrumento musical de verdade.

Iniciaram a carreira artística na adolescência com os nomes artísticos "Maurinho e Toninho" cantando na "Rádio 79" de Ribeirão Preto-SP.

Em 1959, Arlindo e Antônio trocaram Ribeirão Preto-SP pela Capital Paulista, onde se apresentaram nas Rádios Cometa, 9 de Julho, América, Capital, Nacional e também na Record, onde apresentaram durante 10 anos o programa "Linha Sertaneja Classe A", às Terças e aos Sábados. Passaram também um período no Rio de Janeiro-RJ onde atuaram na Rádio Mairink Veiga.

O primeiro disco foi gravado em 1962 com as músicas "Meu Regresso" (Tuta - José Russo), e "Amor Derrotado" (Garoa).

Um problema de saúde com Lourival, no entanto, obrigou a dupla a se afastar da carreira musical, a qual foi retomada somente em 1967, quando foram contratados pela gravadora Chantecler, quando eles passaram a realmente se destacar dentre as diversas duplas de sucesso na época.

Após deixar a Record, Lourenço e Lourival começaram a viajar para fazer seus shows e voltaram a residir em sua Ribeirão Preto natal. A dupla é versátil, canta vários estilos e freqüentemente se apresenta em parques de exposição, festas de peão de boiadeiro e rodeios. E são também conhecidos como "Os Violeiros da Voz de Cristal".

Dentre as diversas músicas gravadas por Lourenço e Lourival, podemos destacar "Trem das Seis" (Luis de Castro - Benedito Seviero), "Meu Reino Encantado" (Vicente P. Machado - Valdemar Reis), "A Sementinha" (Dino Franco - Itapuã), "Minha Infância" (Dino Franco), "O Preço da Mentira" (Tuta - Tota), "As Três Namoradas" (Dino Franco - José Fortuna), "Encanto da Natureza" (Luiz Castro - Tião Carreiro), "Anel de Noivado" (Osvaldo Rieli - Juvenal Fernandes), "Duelo de Amor" (Goiá - Benedito Seviero), "A Enxada e a Caneta" (Capitão Barduíno - Teddy Vieira), "Velha Porteira" (Hélio Alves - Zitinho) (que é a música cujo trecho o Apreciador ouve quando acessa essa página), "A Rainha do Paraná" (Nízio - Braz Hernandes), "Desencoste da Chiquinha" (Cambará), "O Diploma e o Chapéu" (Tião do Carro - Caetano Erba) e "Franguinho na Panela" (Moacyr dos Santos - Paraíso), apenas para citar algumas.

Segundo Lourival, "Como Eu Chorei" (Telmo de Maia), gravada em 1971, foi um marco na carreira da dupla, tendo feito bastante sucesso e vendendo discos até os dias atuais. De acordo com Rosa Nepomuceno, nas páginas 168 e 169 de seu excelente livro "Música Caipira - Da Roça Ao Rodeio", essa música foi "um autêntico iê-iê-iê sertanejo, com bateria, guitarras e contra-baixo com a manutenção do canto em terças, na forma tradicional caipira".

Ainda segundo Rosa Nepomuceno, no mesmo livro, pág. 169, "Os irmãos de Ribeirão Preto inauguraram uma linguagem mais afogueada para falar de amor, trocando os beijos da tímida caboclinha debaixo de pés-de-ipê pelo amor de moças fogosas, em camas macias de motel (...) o recato da roça estava indo por água abaixo...".

Lourenço (à direita) e Lourival (à esquerda) já cantaram ao lado de renomadas duplas tais como Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, Canário e Passarinho, Teodoro e Sampaio e Pedro Bento e Zé da Estrada. Calcula-se que ao longo da carreira a dupla tenha gravado cerca de 45 discos em diversas gravadoras tais como Odeon, Cartaz, Chantecler, Playarte, Tocantins, RGE e Som Livre.

Curiosamente, em 1990, com os nomes "Toshiro e Tanaka", Lourenço e Lourival gravaram um disco humorístico com paródias de sucessos da época como o sucesso de Leandro e Leonardo "Entre Tapas e Beijos" (Nilton Lamas - Antonio Bueno) que com eles passou a se chamar "Carne e Queijo". E gravaram também uma "paródia japonesa" de "Os Três Boiadeiros" (Anacleto Rosas Jr.), à qual deram o "novo título" de "Os Três Boiadeiros Japoneses".

E é com muito bom humor que Lourenço e Lourival continuam "na estrada" fazendo suas apresentações que nos brindam não apenas com suas "vozes de cristal" como também o enfoque satírico que dão ao próprio show e aos títulos das músicas de seu repertório. A quase totalidade das músicas que interpretam eles anunciam com o "nome modificado", como é o caso de "Velha Parteira" ("Velha Porteira" (Hélio Alves - Zitinho)) e "Leitão A Perereca" ("Leitão A Pururuca" (Muniz Teixeira - Lourenço))...
Informaçoes coletadas no site boa musica do nosso cumpadre Ricardinho.

Segue a abaixo um link de um cd enviado la para o Caipira Raiz
Terra Molhada

segunda-feira, novembro 20, 2006

João Pacifico

A postagem abaixo, foi colhida do site Boa Musica Caipira, do nosso cumpadre Ricardinho.
João Batista da Silva nasceu em Cordeirópolis-SP no dia 05/08/1909 e faleceu em Guararema-SP no dia 30/12/1998 e ganhou o apelido de João Pacífico dada a sua surpreendente serenidade, evitando sempre se meter em qualquer situação encrencada. Seus avós foram escravos; sua mãe era escrava alforriada e seu pai era maquinista de trem.

Sua vida foi a clássica história do menino pobre do Interior, da Zona Rural, que lutou pela sobrevivência na Cidade Grande. De Cordeirópolis, mudou-se para Limeira-SP ainda pequeno e, com 10 anos foi morar em Campinas-SP, onde participou da Percussão na Orquestra Sinfônica local. Trabalhou também como copeiro na residência das irmãs do compositor erudito Antônio Carlos Gomes (autor da ópera "O Guarany", e também da canção "Quem Sabe"). Tal emprego e também o da Orquestra Sinfônica, com certeza o ajudaram a desenvolver e apurar seu bom ouvido musical, apesar de nunca ter aprendido música e de não saber tocar nenhum instrumento, exceto bateria que havia aprendido um pouco na adolescência.

E, aos 15 anos de idade, em Julho de 1924, o jovem João Batista da Silva descia do trem na Estação da Luz, na Paulicéia Desvairada com uma "cartinha de recomendação" que o apresentava como "honesto e calmo, perfeito para trabalhar de faz-tudo" numa fábrica de tecidos na Barra Funda. Fervia naquele momento na "Terra da Garôa" a Revolução Paulista (5 a 27/07/1924) e, nas ruas do centro de São Paulo, os soldados com fuzis e baionetas afugentavam as pessoas que passavam, já que o tiroteio "começava às 06:00 em ponto de manhã...". Foi nesse "cenário de guerra" o primeiro contato de João Pacífico com a Cidade Grande...

De temperamento discreto, manteve-se sempre "longe dos holofotes", mesmo quando esteve no auge do sucesso. Transcrevendo as palavras de Rosa Nepomuceno em seu livro "Música Caipira - Da Roça ao Rodeio", "... as curvas tortas da estrada que acabaram por isolá-lo no final da vida, não o fizeram lastimar o destino. Não se queixava de nada, de dor alguma - física ou aquelas que mais machucam, as da alma. O filho único não o visitava, nem o enteado. O elo familiar eram os netos, Ana Carolina, Emílio e Daniel, que visitava pegando um ônibus e enfrentando galhardamente uma estradinha de terra e trechos das rodovias Bandeirantes e Castelo Branco, para chegar à Capital. (...) Suas maneiras educadas e, principalmente, o bom humor singular disfarçavam o fantasma da amargura que costuma fincar morada no coração dos que um dia conheceram a glória e o sucesso...".

Ainda segundo Rosa Nepomuceno, "Seu João" era também um mestre em elegância e bom humor. Lembrar que Rosa Nepomuceno visitou João Pacífico no sítio em que ele vivia em Guararema (de propriedade do amigo Frederico Mogentale - que ficou com a guarda de seu Acervo Musical e que está sendo por ele catalogado), pouco antes do falecimento do "Seu João" em 1998 e do lançamento do livro supra mencionado em 1999.

Lendário na Música Caipira Raiz, amigo de Mário de Andrade e de Guilherme de Almeida, sabe-se que foram mais de 256 músicas de sua autoria gravadas por intérpretes que vão desde Raul Torres e Florêncio até Chitãozinho e Xororó.

Apesar do enorme número de composições, muitas das quais ainda inéditas, tem-se notícia de apenas um disco por ele gravado, no qual ele cantou e declamou, tendo sido acompanhado pela viola de Tião do Carro e do conjunto "Os Macambiras" (viola, bandolim e violões): trata-se de "João Pacífico - Documento Sertanejo" lançado pela Berrante/WEA Nº. BR-79003 em Julho de 1980.

Não disponho do LP que é "fora de catálogo" e desconheço qualquer remasterização do mesmo em CD. No entanto, tive a felicidade de conhecer uma faixa desse disco, graças à Editora Abril - Abril Cultural que incluiu na quinta faixa do Lado-B da coleção "História da Música Popular Brasileira" - fascículo especial "Música Sertaneja" (ver Referências Bibliográficas na página Para Saber Mais...) a toada "Três Nascentes" do próprio João Pacífico, tendo "Seu João" como autor-intérprete, momento no qual, já contando com seus quase 71 anos (1980), cantou "Três Nascentes" à vontade e com toda a verve, com sua característica voz gutural e extremamente grave.

Clique aqui, veja a letra e ouça esta gravação de "Três Nascentes" interpretada pelo próprio João Pacífico, disponível em vinil e fora de catálogo.

Também, de acordo com Rosa Nepomuceno no livro já mencionado "Música Caipira - Da Roça ao Rodeio", esse "Disco-Filho-Único" de João Pacífico é realmente uma raridade fonográfica sem reedição (até Outubro de 1999 quando o livro foi escrito - e até hoje eu também desconheço qualquer reedição deste trabalho ou remasterização em CD).

Quero destacar também o CD JCB-0709-008 produzido por João Carlos Botezelli - Pelão, lançado pelo SESC-São Paulo que nos mostra alguns depoimentos de João Pacífico e algumas interpretações nas quais ele é acompanhado por Cristina (Voz), José Gomes (Rabeca), Tupy e Jorge (Violões) e que faz parte da série "A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores E Intérpretes". O conteúdo desse excelente Documento Musical é a gravação do programa Ensaio de 1991 da TV Cultura de São Paulo, sob a direção de Fernando Faro.

João Pacífico participou também da parte declamada no LP "Caipira: Raízes e Frutos" lançado em vinil pela gravadora Eldorado em 1980 e, para nossa grande alegria, remasterizado em CD em 1994. Sua participação se deu em "Estória de um Prego" (João Pacífico), "Couro de Boi" (Palmeira - Teddy Vieira), e "Toada de Mutirão" (Recolhido por Cornélio Pires). Participou também no mesmo disco da faixa "Besta Ruana" (Ado Benatti - Tonico).

Um fato curioso: Em 1933, tendo João Pacífico conquistado a simpatia e a amizade do Escritor Guilherme de Almeida (diga-se de passagem, Guilherme gostou bastante da toada "Mourão da Porteira" e disse que "...tal poema ele assinava em baixo..."), foi, munido de uma carta por ele escrita, à Rádio Record, procurando pelo cantor Paraguassu, o qual o recebeu "apressado" e "repassou o jovem João Pacífico" ao Raul Torres - o então "Embaixador da Embolada". Raul, simplesmente descartou a embolada "Seu João Nogueira" que João Pacífico levava escrita e disse que "não tinha tempo a perder" e que a jogasse no cesto do lixo... João Pacífico, com seu "merecido apelido", apesar de cordato, não desistiu e, num outro dia, conseguiu que Raul Torres lesse a letra da embolada e ouvisse o próprio João cantar e mesma!!

Imediatamente, Torres anunciou que era parceiro de João Pacífico a partir daquele instante e que gravaria na Odeon a embolada "Seu João Nogueira" (na qual homenageava o violonista da Rádio PRC-9 de Campinas - por sinal, tendo o mesmo nome artístico do falecido grande sambista carioca João Nogueira). Nascia naquele momento uma das parcerias mais produtivas da nossa Boa Música Brasileira!

Também se deve ao grande João Pacífico a criação do gênero "Toada Histórica" na qual era declamada uma poesia que antecedia a parte cantada. "Chico Mulato" (Raul Torres - João Pacífico) foi a composição inaugural desse gênero, a qual foi difícil conseguir a gravação na RCA, pois, dadas as limitações tecnológicas da época, a toada completa, com a parte declamada, simplesmente não caberia num lado do "bolachão 78 RPM"! Como Torres e Pacífico não abriam mão de manter a composição em sua integridade, "sem tirar nem por" (atitude louvável, por sinal!), o diretor da RCA-Victor Mr. Evans pediu aos técnicos da gravadora que "reduzissem a distância entre os sulcos do disco", para que coubesse "Chico Mulato" na íntegra: a parte declamada mais a parte cantada.

Após algumas experiências, Mr. Evans e os técnicos conseguiram e finalmente "Chico Mulato" ocupou o Lado B do disco Nº. 34.196 da RCA-Victor e, como a mesma foi bastante tocada nas emissoras de rádio, não demorou para que Mr. Evans pedisse para João Pacífico "uma outra daquelas cantar e falar..." E o sucesso seguinte foi outra Toada Histórica: "Cabocla Tereza" (Raul Torres - João Pacífico). E tal foi o sucesso que "Cabocla Tereza" virou filme em 1982 sob a direção de Sebastião Pereira com Zélia Martins no papel principal e participação especial de Jofre Soares. O próprio diretor também representou o "assassino da cabocla" na película.

Clique aqui e ouça uma gravação de "Cabocla Tereza", a segunda Toada Histórica de João Pacífico e Raul Torres, tendo na interpretação as vozes de João Pacífico e Cristina; na Rabeca, José Gomes e nos Violões, Tupy e Jorge. Esse excelente link musical pertence ao site MPB-NET e é uma gravação que faz parte do CD JCB-0709-008 "A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores E Intérpretes", já mencionado logo acima, produzido por Pelão e lançado pelo SESC-São Paulo.

quinta-feira, novembro 16, 2006

V Luar do Sertão


Bom dia Cumpadres e Cumadres...
Desculpa a falta de postagen sobre o V Luar do Sertão da cidade de Piacatu.
Foi realmente um grande evento, como todos os outros, sobrou talento, coisa linda demais, quanto as fotos estou trabalhando nelas para postar... o problema maior, é a qualidade das fotos (haja visto que o fotografo não é nada competente) mas na medida do possivel estarei passando informações mais detalhadas.
Clica neste link: V Luar do Sertão

sexta-feira, novembro 10, 2006

Carlos Cesar e Cristiano

Tudo começou numa reunião de amigos, com Cristiano fazendo a primeira voz, e a segunda voz, a cargo de Carlos César e, em dado momento, espontaneamente, eles inverteram os papéis, dentro da mesma música, sem interrupção! Um "entendimento perfeito", sem combinação prévia, intuitivo, por assim dizer! Tal entrosamento animou Carlos César e Cristiano a formarem a dupla!
Ambos já lutavam bastante por uma carreira artística: Carlos César como Cantor, Compositor, Letrista, Instrumentista e Produtor, com brilhantes participações em festivais diversos, tanto na MPB como também na Música Sertaneja. Carlos César conseguia compor com incrível facilidade, chegando inclusive a musicar os versos ao mesmo tempo em que lia a letra da música.
Juntamente com José Fortuna, Carlos César compôs mais de uma centena de belíssimas páginas, gravadas por diversos e excelentes intérpretes.
A consagração de Carlos César como compositor e parceiro de José Fortuna aconteceu por ocasião do II Festival Record (em 1979, apresentado por Geraldo Meirelles), no qual os dois compositores conquistaram três primeiros lugares, com todos os méritos!
Dois anos depois, em 1981, Carlos César e José Fortuna voltaram a conquistar o primeiro lugar no mesmo Festival com a composição "O Vai e Vem do Carreiro" que foi gravada também por Carlos César e Cristiano.
O jovem Cristiano, por outro lado, com sua voz excepcional e vibrante, além de bastante sensibilidade, também desenvolveu de forma brilhante a arte da oratória. E, segundo alguns apreciadores, parecia que ele se transportava para outras Esferas quando cantava!
Desiludido, após tantas diferentes tentativas, já quase desistindo de tudo, Cristiano acabou "tendo a intuição" de procurar por Carlos César, que já vinha se tornando famoso por suas já bastante requisitadas composições, inclusive em parceria com José Fortuna, que, por sinal, também foi um grande incentivador e "padrinho"
da nova dupla que se formava, após ter testemunhado o maravilhoso entrosamento musical de ambos!
Ambos de origem urbana, utilizavam a voz ao natural, sem forçar sotaques nem dialetos (achavam desnecessário os "nóis vai, nóis vem", tão descabidos na Música Sertaneja já no início da década de 1980). Em diversas interpretações podemos também ouvir um belíssimo "vibratto" a cargo do Cristiano, em sua belíssima voz, perfeitamente harmonizada com a voz do Carlos César!
A dupla chegou a ser conhecida na época como "A Nova Maravilha Sertaneja", com o modo de interpretar, a instrumentação, o repertório e o visual bastante original e inovador, sem no entanto ferir o velho estilo Caipira Raiz.
No início da década de 1980, antes mesmo de gravar o primeiro disco, a dupla já havia conquistado um enorme sucesso, de modo que haviam feito um contrato com o Governo do Estado de São Paulo (até 1982), pelo qual percorreram o Interior Paulista em caravanas diversas, nas quais eram bastante aplaudidos.
Em Novo Horizonte-SP, por exemplo, a tourneé se prolongou por quase uma semana!
Após 1989, porém, pouco se sabe sobre essa dupla tão harmoniosa e original e de tão pouca duração, mas que também ajudou a escrever mais uma página na longa História da Música Caipira. Carlos César faleceu no ano de 2002.
São desconhecidos até então os rumos tomados pelo Cristiano após o período de atividade da excelente dupla.
Como curiosidade, vale citar que Cristiano é irmão de Getulio, cantor sertanejo quase que desconhecido, mas que, pela história, tem uma importante marca: ele foi o último parceiro a cantar com Belmonte em show ao vivo. Segundo a família de Belmonte, ele pretendia formar dupla com Getúlio, ideía que o acidente na volta do
show em Itápolis pôs um trágico fim. Getulio também já faleceu. Ele formava a dupla Juracy e Marcito e trabalhava com o apresentador Raul Gil.

(Baseado em dados do Site A Boa Música, do cumpadre Ricardinho e informações do sobrinho de Getulio atraves do Grupo Caipira Raiz)

Segue abaixo o link para uma preciosidade

http://rapidshare.com/files/2490245/_1989__-_Carlos_Cezar_e_Cristiano_-_Carlos_Cezar_e_Cristiano.zip.html

quinta-feira, novembro 09, 2006

Luto

Sanfoneiro Mário Zan sofre parada cardíaca e morre em SP

O sanfoneiro Mário Zan, 86 anos, morreu às 20h30 desta quarta-feira. Ele estava internado no hospital Sorocabana, no bairro Lapa, em São Paulo, com problemas no estômago e no coração. O músico, que respirava com dificuldades há mais de 15 dias, sofreu três paradas cardíacas. O compositor e instrumentista foi amigo e parceiro de Luiz Gonzaga - segundo o "rei do baião", o posto de "rei da sanfona" pertencia a Mário Zan.

Natural da Itália, Mario Giovanni Zandomeneghi tem mais de mil músicas autorais gravadas. Entre elas, Os Homens Não Devem Chorar, de repercussão internacional, que acumula mais de 200 interpretações em toda a América Latina, Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, China e Japão.

De seu repertório, 36 músicas foram regravadas por intérpretes brasileiros como Roberto Carlos, Sérgio Reis, Almir Satter e outros.

Mario Zan é conhecido em todo o Brasil como o maior solista de festas juninas de todos os tempos. Suas canções mais populares da comemoração paulista são Quadrilha Completa, Balão Bonito e Noites de Junho ou Pula a Fogueira.

A postagem abaixo é uma materia que conta a trajetoria deste maravilhoso rei da sanfona.Uma justa homenagem do blog Viola Enluarada.
(A materia foi publicada no site www.terra.com.br)

Mario Zan, o soberano da canção popular na sanfona

Sexta, 21 de junho de 2002

A vida artística para Mario Zan obedece a uma filosofia que ele resume numa bem conhecida expressão popular: "O sol nasce para todos." Assim ele fala de sua relação com os colegas sanfoneiros ilustres como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca e outros com quem diz ter convivido num espírito de amizade e camaradagem. A frase, no entanto, revela muito da personalidade desse sanfoneiro italiano que se tornou um dos artistas brasileiros mais genuínos.

Aos 82 anos, Mario se mostra como uma figura extremamente simpática e bem-humorada, que cativa assim que começa a fazer piada com cigarro, seu vício de sete décadas. Depois de listar os males do fumo, garante que está empenhado em largá-lo definitivamente.Os cabelos tingidos de preto e seu jeito meio interiorano não denunciam a idade.

Mario também não aparenta o que realmente é: um dos grandes compositores populares do século XX no Brasil, autor de algumas dezenas de sucessos entre as mais de cem músicas que compôs com sua inseparável sanfona. De seu repertório, 36 músicas foram regravadas por intérpretes brasileiros como Roberto Carlos, Sérgio Reis, Almir Satter e outros.

Entre os sucessos, destacam-se Segue Teu Caminho, Chalana, Festa na Roça, Bicho Carpinteiro, Trem de Ferro, Nova Flor - mais conhecida como Os Homens Não Devem Chorar - e Quarto Centenário, feita em homenagem ao aniversário de São Paulo.Pelo menos duas composições de Mario Zan ultrapassaram há muito as fronteiras brasileiras: Chalana, em parceria com Arlindo Pinto ("Lá vai uma chalana/Bem longe se vai/Navegando no remanso/Do rio Paraguai/Oh, chalana sem querer/Tu aumentas minha dor/Nestas águas tão serenas/Vai levando meu amor") e Nova Flor, mais conhecida como Os Homens Não Devem Chorar.

A primeira, apesar de gravada desde a década de 1940, voltou a fazer sucesso como tema da novela Pantanal, da Manchete, em 1990.Os Homens Não Devem Chorar acumula gravações de mais de 200 intérpretes em toda a América Latina, Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, China e Japão. Em inglês, ganhou o título de Love Me Like a Stranger. Na Alemanha, o cantor Howard Carpendale também regravou a música no CD Fremde oder Freunde, com acompanhamento de uma respeitável orquestra. A canção atingiu o primeiro lugar nas rádios logo após seu lançamento. Mas foi em toda a América Latina que Os Homens Não Devem Chorar arrebatou lágrimas masculinas.

O autor estima em mais de 200 os registros fonográficos - principalmente no México, onde Los Hombres No Deben Llorar ajudou Pedro Fernández a vender mais de 2 milhões de cópias de um único CD. No Brasil, virou tema musical da primeira versão da novela Pecado Capital, da Globo, de 1976.Seu grande sucesso brasileiro, porém, será sempre Quarto Centenário, feita para celebrar a fundação de São Paulo, em 1954, e que virou hino da capital paulista. O disco vendeu 1 milhão de cópias em poucos meses e se tornou um marco na discografia nacional.

Dizia-se na época que a marca superou de longe o número de vitrolas em funcionamento no país. Até quem não tinha o aparelho levou uma cópia para casa. Outros compraram mais de uma cópia, já que os 78 rpm quebravam com facilidade. E o disco continua em catálogo: acumula 10 milhões comercializados desde que surgiu em 78 rpm - depois reeditado em LP e na versão CD. A música chegou a ser gravada por uma das grandes bandas de jazz dos Estados Unidos, a Miami Jackson Band.

Com mais de 40 CDs gravados - 30 deles em catálogo -, Mario Zan continua a vender bem. Em média, 600 mil discos por ano - entre 80 mil e 100 mil somente durante o mês de junho. Sua discografia inclui cerca de 300 discos em 78 rpm, 105 LPs, além dos CDs, num total de mais de mil gravações não repetidas. Sua popularidade se deve principalmente ao fato de Mario Zan ser mais identificado em todo o Brasil como o maior solista de festas juninas de todos os tempos. Uma reverência feita por ninguém menos que Luiz Gonzaga.

Sua contribuição maior para a festa junina, além de três dezenas de composições, foi ter lançado em disco uma série de marcações para quadrilhas. Funciona mais ou menos assim: antes de começar a tocar, ele conversa com os ouvintes que vão participar da quadrilha, organiza os pares por sexo e lugar e passa a tocar, ao mesmo tempo em que coordena a apresentação. Um de seus sucessos no gênero é Festa na Roça, em parceria com Palmeira, que se tornou um clássico indispensável para quadrilha junina. Enfim, onde tem São João, Mario Zan está presente de alguma forma. Mesmo assim, o sorridente sanfoneiro dispensa o rótulo de Rei da Quadrilha.

Não pega bem, parece coisa de mafioso, justifica. Uma mostra de seu repertório do gênero será apresentada neste sábado, no especial do Viola, Minha Viola, de Inezita Barroso, que a Rede Cultura exibe amanhã, dia 22, às 22h, com reprise no dia seguinte, às 9h. A participação no programa da Cultura é uma rara exceção na rotina do sanfoneiro nas duas últimas décadas. Mario não costuma ser convidado para aparecer na televisão. Até o ano passado, manteve por dois anos um programa no canal católico Rede Vida, aos domingos, Mario Zan e seus Convidados.

Ele atribui a falta de interesse em suas performances à perda de prestígio dos solistas. Nada pessoal, portanto. Como explicar, então, tamanha popularidade para vender tantos discos? Ao responder à pergunta, ele finalmente deixa a modéstia de lado. Tal fato ocorre porque suas canções não são cantadas, apenas tocadas. Por isso, não têm época, não caem de moda. "Virei catálogo, estou entre aqueles que alcançaram um nível que não caem mais", diz em tom de brincadeira.

Música solada

Pela sua teoria, a música solada permite que o ouvinte faça outras coisas enquanto a ouve. Já a cantada exige atenção. Se a mídia lhe torce o nariz, Mario Zan não cobra reconhecimento. Seu nome e retrato estão expostos no Museu de Artes de Frankfurt, Alemanha, ao lado de grandes instrumentistas de todos os tempos. Sua presença está justificada como o "acordeonista mais sentimental de todos os tempos". Na Cidade do México, já recebeu diversas homenagens devido ao sucesso de suas músicas naquele país.O público também não esquece. Além de vender bem, ele faz em média cinco apresentações mensais.

Convites para mais não faltam, mas ele explica que seria muito cansativo. Cada show rende um cachê de R$ 5 mil. O sanfoneiro não se sente à vontade em falar o valor e ressalta que inclui os músicos que o acompanham. Como se o cachê fosse elevado demais. Não imagina que pagodeiros, sertanejos e cantores de axé music chegam a embolsar R$ 70 mil por show, sem incluir os músicos. Enfim, que a quantia é mínima para seu talento e representatividade na música popular.O marco inicial da trajetória de Mario Zan foi o baile de casamento que animou sozinho quando tinha apenas 10 anos de idade. Feitas as contas, são quase 75 anos de estrada e 60 de sua estréia no rádio paulista.

Mario João Zandomeneghi nasceu em Veneza, na Itália, em 1920. Seus pais vieram para o Brasil quando ele tinha 4 anos, em 1924. Estavam cansados de muitas guerras e queriam uma vida melhor para os filhos. José Zandomeneghi trabalhava em olaria e plantação de uva. Ema Carmelo era dona de casa. A família se estabeleceu em Santa Adélia, próximo a Catanduva.Zandomeneghi foi trabalhar como lavrador.

Desde cedo, como havia sempre festas ao longo do ano, seu filho Mario não desgrudava o olho dos sanfoneiros - uma presença sagrada como animadores. Eram ritmos como rancheira, polca, arrasta-pé, valsa e balanceio (baião) que haviam se tornado uma tradição no interior do país. Aos 6 anos, o menino convenceu o pai a lhe comprar uma pequena sanfona, da qual não se desgrudou mais. Aprendeu a tocar sem professor e fazia isso durante horas todos os dias.

Ficou tão afiado que, aos 10 anos, animou um baile de casamento.Naquele tempo, conta Mario, o sanfoneiro cantava em cima de uma mesa para poder espalhar melhor o som, já que não havia amplificadores. Era uma mesa grande e firme e ele garante que nunca perdeu o equilíbrio ou caiu. Sua breve carreira mudou de rumo quando a família se mudou para a capital paulista. Se ficou sem os trocados dos bailes, Mario encontrou um outro mundo de possibilidades que compensava o sacrifício.

Encontrou uma cidade em processo de industrialização frenética e uma novidade que poderia mudar sua vida: o rádio. Estava mais disposto do que nunca a seguir a carreira de solista, apesar de saber que o centro da música estava no Rio, não em São Paulo.Um fenômeno musical recente estimulou o instrumentista a apostar na música de temática junina como parte principal de seu repertório. O mercado fonográfico brasileiro começava a descobrir que as festas juninas poderiam ser um lucrativo contraponto às altas vendas que alcançava no período carnavalesco, de dezembro até a folia de Momo em fevereiro ou março.

E o melhor: os dois gêneros não competiam entre si. Assim, ao longo da década de 1930 e da seguinte, compositores criaram marchinhas juninas que seriam gravadas por grandes astros da música popular e incorporadas às festas de junho, assim como muitos fizeram para o carnaval.Um desses compositores era Assis Valente, um mestre em criar sucessos, que buscou referências de sua infância no interior da Bahia para fazer clássicos como Cai, Cai Balão, gravado por Aurora Miranda e Francisco Alves em 1933; Olhando o Céu Todo Enfeitado e Mais um Balão, ambas de 1935, interpretadas por Francisco Alves.

Em São Paulo, aos 14 anos

Outros nomes importantes do gênero foram Lamartine Babo (Chegou a Hora da Fogueira e Isto é Lá com Santo Antônio), Ari Barroso (Sobe Meu Balão) e outros. Além de Francisco Alves, Carmen Miranda emplacou vários sucessos (Sonho de Papel), inclusive em dupla com Mario Reis (Chegou a Hora da Fogueira e Isto é Lá com Santo Antônio). A maioria dessas marchinhas passou a fazer parte dos shows de Mario. Afinal, tocava o que o povo pedia. Em São Paulo, aos 14 anos, ele foi aprender música com o maestro Ângelo Reale "para saber o que estava fazendo". Ao mesmo tempo, começou a animar bailes e matinês na periferia da capital e cidades próximas - às vezes, fazia até quatro apresentações por dia.

Mario Zan tocava de tudo - até mesmo o tango e o choro. A primeira oportunidade para se apresentar no rádio aconteceu na Educadora Paulista, atual Gazeta. Participou do programa de calouros "Peneira Roldini" e levou o primeiro lugar com o choro Tico-Tico no Fubá (Zequinha de Abreu), acompanhado do Regional de Zé da Pinta.O diretor artístico da Tupi, Armando Bertoni, ouviu sua performance, gostou e deu ao garoto meia hora para se apresentar na emissora. O primeiro emprego, no entanto, só conseguiu na recém-inaugurada rádio Bandeirantes, que funcionava na movimentada rua São Bento, centro de São Paulo.

Ao chegar, conheceu Walter Foster, futuro galã da televisão, que lhe fez um favor: ao ouvir o nome do jovem sanfoneiro, perguntou-lhe quem iria decorar aquele nome e simplificou-o para Mario Zan. "Esse sim, é um nome forte!", teria dito Foster. Na mesma emissora, o instrumentista era identificado como "O sanfoneiro que brinca com a sanfona". Em seguida, teve uma breve passagem na Nacional paulista, onde acompanhou a dupla de comediantes Palmeira e Piraci.Como o Rio de Janeiro era o centro cultural e político de tudo - inclusive das gravadoras e emissoras de rádio -, Mario Zan juntou uns trocados e resolveu se aventurar na capital federal.

Procurou César Ladeira, diretor artístico da Mayrink Veiga. Sem nada conseguir com Ladeira, Mario decidiu volta para São Paulo. Enquanto esperava por uma chance, se hospedou no Hotel Real, pertencente a um português que teve uma breve carreira como cantor e adorava fazer saraus em sua hospedaria, animados com guitarra portuguesa. O dono do hotel se encantou com o sanfoneiro ítalo-paulista. Tanto que tentou convencê-lo a permanecer no Rio e só pagar o quarto quando recebesse.

Pouco antes de partir, seu caminho se cruzou com um outro sanfoneiro, um pernambucano que começava a abrir espaço no rádio carioca: Luiz Gonzaga. Os dois foram apresentados pelo paulista Ângelo Sindona, conhecido como Rei da Alface, pois abastecia toda a capital carioca com legumes que trazia de seu Estado. Sindona e Mario se hospedavam no mesmo local e ficaram amigos. Certo dia, ao saber do desânimo do vizinho de quarto, Sindona o levou a uma pensão no Catete para conhecer Gonzaga.

"Toquei algumas coisas e ele me cobriu de elogios. Ele era uma pessoa muito boa, sempre tentando ajudar os colegas." Quando Mario falou que ia desistir do Rio, Gonzaga teria dito que aquela idéia estava fora de cogitação e que, em vez disso, ele começaria na semana seguinte como seu substituto no Samba Dance.Gonzaga explicou que, como o dono da boate estava abrindo uma nova pista de dança, "Farolito", ele cuidadora da filial e Mario ficaria no seu lugar.

"Não havia rivalidade com ele, como nunca houve comigo, cada um fazia o que sabia e, se não sabia, não devia atrapalhar." O Samba Dance tinha um sistema curioso de funcionamento: os homens pagavam por cada música dançada. Para isso, levava um cartão que era perfurado por um fiscal, sempre que começava uma nova música.O horário de Mario ia das 22h às 4h da manhã. Como o dinheiro era pouco, ele fez um teste para se apresentar por uma temporada no Cassino Atlântico, em Copacabana.

Ganhou a vaga e o apelido de "Moleque da Sanfona". De lá, se mudou para o Quitandinha, de Petrópolis. Até que recebeu um convite para tocar durante as férias nas estações balneárias de Cambuquira, São Lourenço, Lambari e Caxambu. Com o fim da temporada nos cassinos, decidiu voltar para São Paulo, foi convidado pelo trio Nhô Pai (autor de Beijinho Doce), Nhô Fia e Capitão Furtado para acompanhá-lo numa excursão por cinemas do interior do Brasil que pertenciam à rede Paducci, dona de pelo menos 50% das salas de São Paulo, Minas e Mato Grosso.

Sofrimento e saudade

Paducci sempre assistia à primeira apresentação de todos os artistas que fariam turnês em seus cinemas. Se gostasse liberava os shows. Se sentisse prejuízo à vista, suspendia a programação ali mesmo. Durante três meses, o quarteto do Capitão Furtado percorreu dezenas de cidades do Sudeste e Centro-Oeste do país. Nessa mesma excursão, compôs uma de suas primeiras músicas, Chalana, que nasceu sem letra. Ele conta como aconteceu. "A canção surgiu do nosso sofrimento durante a excursão, da saudade que sentíamos, sem notícias da família." A inspiração veio em Corumbá, da janela onde Mario ficou, no hotel São Bento, às margens do Paraguai.

A primeira gravação em disco de Mario foi realizada no ano de 1944 pela gravadora brasileira Continental. Naquele tempo, segundo o sanfoneiro, o músico ou cantor precisava ser muito conhecido no rádio para que tivesse uma oportunidade para gravar. O disco só vinha a partir de uma pesquisa informal de mercado: os vendedores diziam para os representantes das gravadoras quais os cantores não gravados que os compradores mais procuravam.O 78 rpm de estréia de Mario trazia a valsa Namorados e El Choclo, um tango argentino antigo, em ritmo de rancheira. Seu primeiro grande sucesso foi Segue seu Caminho, em parceria com Arlindo Pinto, que seria gravado depois por Solon Sales. Mais uma vez, Luiz Gonzaga ajudou o amigo.

Como Mario vendeu muitos discos em 1946, Gonzaga sugeriu que o contratassem para ocupar seu lugar de solista na gravadora RCA Victor, onde gravaria mais de 300 discos 78 rpm e mais de 40 LPs. Posteriormente, passaria pelos selos Bervely, Copacabana, Chantecler, RGE e Fermata, entre outras.A indicação de Luiz Gonzaga teve a ver com uma mudança em sua carreira que ocorria naquele momento. O pernambucano começava uma bem-sucedida experiência como cantor de suas músicas.

Sobre essa transformação, Mario conta que acompanhou tudo de perto. Segundo ele, durante uma apresentação, Gonzaga decidiu brincar com o público e cantou Chamego Dá Prazer, recém-gravada por Carmen Costa. Até então, ele era apenas solista. "O baião começava a aparecer, a voz de Luiz era ruim, mas tinha certa graça." Vitório Lotari, diretor da RCA, estava na platéia e deu uma ordem a Lula: cantar a música em seu próximo disco.A explosão de Mario Zan aconteceu em 1954, durante as comemorações do quarto centenário da fundação da cidade de São Paulo, quando homenageou a data com seu hino homônimo.

Nesse momento, com a consagração do baião de Luiz Gonzaga e da longevidade de dezenas de marchas criadas nos últimos 20 anos, o São João se revigorava como a festa mais popular do país. Em todos os cantos, havia sempre uma sanfona para reverenciar o santo. Se não, não é São João. "Éramos muito procurados nessa época, uma loucura", conta Mario. Já em 1948, ele gravou um disco só com músicas juninas, quando criou a marcação cantada da quadrilha. Na era do LP, seus discos trariam essa marcação por escrito.A presença constante no rádio e na TV ou pelos discos levava Mario para todos os cantos.

Eram os anos dourados de solistas de nível internacional como Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Luperce Miranda e Altamiro Carrilho, entre muitos - a maioria, intérprete de choros. O sanfoneiro garante que foi o primeiro artista a se apresentar no então território de Roraima, para onde viajou num avião "teco-teco" cuja porta era amarrada com um pedaço de arame. Entre um show e outro, ainda tinha tempo para fazer cinema.

Cinema

Pois é, participou de três filmes: Tristeza do Jeca , Casinha Pequenina e Da Terra Nasce o Ódio. Ao falar de suas aventuras pelos confins do Brasil, Mario é capaz de listar as cidades da fronteira entre Brasil e Venezuela. Em todas fez shows, recebeu aplausos e foi reverenciado como um dos grandes astros da música brasileira. Nunca fazia muita exigência para tocar. Dormia em esteiras, comia o que lhe ofereciam. Numa dessas aventuras, sem querer, acabou como membro convidado da comitiva do presidente paraguaio Higinio Morínigo, em 1946. Tudo começou quando Mario voltava de uma série de shows em Mato Grosso e decidiu conhecer a conturbada Assunção, às vésperas de uma guerra civil. Como não conseguiu o visto, foi orientado a procurar a embaixada do Brasil na capital paraguaia.

Enquanto ensaiava algumas polcas no navio Iris, foi cumprimentado por um brasileiro bem vestido que se identificou como ninguém menos que o embaixador Negrão de Lima, que prometeu lhe fornecer o visto. Impressionado com o sanfoneiro, Lima perguntou se ele não gostaria de tocar no jantar para o presidente paraguaio. Como conhecia Índia e Virgínia, clássicos populares paraguaios, Mario deixou o presidente emocionado. Virgínia era sua canção favorita. O presidente convidou o brasileiro a fazer parte da comitiva. Dinâmico, o sanfoneiro se tornou um pioneiro em "showmício": nas cidades onde o presidente ia passar, ele fazia uma apresentação antes para reunir os moradores locais.

Apresentou-se todas as noites durante 20 dias, sem ganhar um centavo. Bastava-lhe o título de hóspede de honra do presidente paraguaio.O apogeu de Mario Zan aconteceu entre 1954 e 1964, quando ele esteve entre os artistas mais executados das rádios de todo o país. Sempre relacionado ao São João, era lembrado como uma figura indissociável da cultura paulistana. Sobre o São João, lamenta que a música tenha perdido muito de suas características depois da morte de Luiz Gonzaga, em 1989.

"Não precisamos de letras com duplo sentido para alegrar as pessoas", avalia. "Gonzagão foi o rei de tudo isso cantando músicas bonitas, sem apelação de sexo." Mario defende que baião tem de ser alegre, não ofensivo. "Acho que todos deveriam seguir a escola de Gonzaga e usar a música para falar das histórias, dos romances e da cultura do Nordeste", afirma.A única coisa capaz de tirar Mario Zan do sério se chama direitos autorais. Quando o assunto é lembrado, sem perder o humor, ele pede um tempo antes para fumar um cigarro. Tem lá seus bons motivos. Apesar de "Nova Flor" ter estourado já na década de 1940 e se manter como um sucesso permanente na Argentina, no Paraguai e no México - numa viagem recente, o sanfoneiro trouxe 40 CDs com interpretações da música -, além de Estados Unidos e Alemanha, seu autor diz até hoje que os direitos autorais da canção no exterior em cinco décadas não totalizam R$ 50 mil.

Os americanos, ressalta, são os que melhor pagam direitos autorais no mundo. A cada seis meses, Mario recebe entre R$ 3 mil e R$ 5 mil. "O artista no Brasil é roubado em todas as etapas, os fiscais não mencionam a música da gente, que entra como autor desconhecido." Com mais de cem canções gravadas, os depósitos em sua conta bancária não passam de R$ 500 a R$ 600 por mês. "Os fiscais do Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) não passam recibo para os clubes e fazem acertos por um percentual do que teriam de pagar em direitos." Na semana passada, às vésperas do show no Sesc, brigava com o Ecad para liberar 10% do show que faria. No espetáculo, 31 músicas de sua autoria.Até o começo da década passada, Mario Zan mantinha uma rotina cansativa de shows quase diária. Chegava a se apresentar até quatro vezes no mesmo dia.

Longe dos holofotes da televisão, Mario Zan continua a animar centenas ou talvez milhares de festas juninas todos os anos com suas centenas de milhares de CDs que vende todos os anos. Enquanto promete que vai largar o cigarro, mostra sua energia jovial de alguém que se sente recompensado e feliz quando diz que toca para fazer o povo dançar. "Toco o que o povo quer", repete entusiasmado.Sempre que o chamavam de rei da sanfona, Luiz Gonzaga consertava: "Não, eu sou o rei do baião, o rei da sanfona é Mario Zan." E se o rei disse, está dito.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Duduca e Dalvan

Boa Tarde

Tendo em vista que a postagem do lp Rainha da noite, apresentou problemas no download. Segue abaixo outro link

http://rapidshare.com/files/2525103/Rainha_da_noite.rar

Que Deus abençoe e São Gonçalo proteja a todos

Palmeira e Biá

Segue abaixo 02 links com raridades da dupla, extraidos diretamente do grupo Caipira Raiz atraves do Cumpadre CLAUDEMIR TEIXEIRA DA SILVA. Aqui voce vai encontrar belas músicas, tais como:
Primeira Comunhão, Sobrancelha Grossa, Resposta do Couro de Boi,
Bico de Mamadeira, Pantanal Cuiabano (Modão de Viola), Piraquara,
Piado do Mutum e outras super raras.
Além da Capa e Contracapa com Nome, Ano e Compositores das músicas.

File : PALMEIRA_BI_-_PARTE_1.rar
Description of file: PALMEIRA & BIÁ - PARTE 1

To access the file posted, please click here :
http://www.badongo.com/file/1668848

File : PALMEIRA_BI_-_PARTE_2.rar
Description of file: PALMEIRA & BIÁ - PARTE 2

To access the file posted, please click here :
http://www.badongo.com/file/1668832

terça-feira, novembro 07, 2006

Uma postagem especial

A postagem abaixo foi copiada no grupo Caipira Raiz e colada neste blog (o famoso Ctrl C - Ctrl V)

Prezados Senhores:

Ou "Prezada Tatuzada", se preferirem...

Segue o link para uma preciosidade de Tonico e Tinoco!

http://rapidshare.com/files/1751676/TonicoeTinoco50Anos.zip.html

Foi em 1985, quando a Dupla Coração do Brasil completou 50 Anos de "Estrada" que a Globo produziu um Programa Som Brasil, na época, apresentado pelo Lima Duarte, e lançou o LP, com Arte na Capa feita por Elifas Andreatto.

No LP, além de Tonico e Tinoco, também participam Ney Matogrosso, Chitãozinho e Xororó, João Pacífico, Lima Duarte, Sérgio Reis, Jair Rodrigues, Inezita Barroso, Coral USP e, quem diria, até o grupo Magazine...
As faixas são as seguintes:


01) Tristeza do Jéca (Angelino de Oliveira) - com Ney Matogrosso
02) Chitãozinho e Xororó (Serrinha - Athos Campos) - com Chitãozinho e Xororó
03) Moreninha Linda (Tinico - Priminho - Maninho) - com Magazine
04) Chico Mulato (Raul Torres - João Pacífico) - com João Pacífico, Lima Duarte e Sérgio Reis
05) Cidade Grande (Pelé) - com Jair Rodrigues
06) Cana Verde (Tonico - Tinoco) - com Inezita Barroso
07) Festa na Roça (Tinoco - Nadir)
08) Canoeiro (Zé Carreiro - Nicola Caporrino "Alocin")
09) Besta Ruana (Ado Benatti - Tonico)
10) Aparecida do Norte (Tonico - Anacleto Rosas Jr.)
11) Pé de Ipê (Tonico - Tinoco)
12) Canta Moçada (Tonico - Nhô Fio - Nonô Basílio)
13) Na Beira da Tuia (Tinoco - Nadir)
14) Tristeza do Jéca (Angelino de Oliveira) - com Coral USP

Segue também uma "Faixa-Bonus" que é "Dois Corações" (Tonico - Teddy Vieira) que é uma gravação original em 78 RPM, que chegou a ser lançada em LP, mas que até hoje, ao que consta, não foi remasterizada em CD.

São portanto, 15 Músicas, além da Capa e Contra-Capa do LP e relação dos Nomes das Músicas, Compositores e Intérpretes (participações especiais).

A todos um grande abraço do Ricardinho!!

Fumu Nu Umbigo É Bão

“Fumu Nu Umbigo É Bão”
(Ivan Luís Corrêa da Silva)

Na Catalão dos anos sessenta,
na Catalão das entradas e bandeiras,
dos homens de armas
e dos cavaleiros e padres...

Três dias depois do natal de 1965,
nascia eu para uma vida singela,
numa casinha simples,
cercada de roça de milho.
No meu quintal,
tinha um rego d’água e um pé de carambola,
onde um bem-te-vi, infalivelmente,
alegrava as minhas manhãs.

Era uma fazendinha típica
do interior de Goiás,
Município de Catalão.

Foi à mulher parteira
quem me arrancou
do aconchego daquele útero;
considero-a, até hoje,
uma verdadeira carrasca.

Meu pai carpia chão,
minha mãe socava pilão.
Meu pai pedia chuva,
minha mãe pedia não.
Meu pai calos nas mãos,
minha mãe na alma;
reclamava de tudo.


Meu pai,
sem acompanhamento de qualquer
instrumento musical,
entoava algumas modas caipiras.
E eu, imaginava os cenários
das estórias das músicas.
Era o menino caçador que
foi morto pela onça feroz,
que mesmo ferida vinha na fumaça....
E eu, imaginando a mata,
o bicho, o ataque e a morte do guri.
Era feliz além da conta e nem sabia.

Era assim o lugarejo
alegre da minha infância.
Espairecia eu afogando
pintainhos no rego d’água,
montando a cavalo,
fugindo de vacas,
atravessando pinguela
e socando os irmãos.
Vivia feliz correndo a toa,
de pés no chão.

Cresci assim:
sem vídeo game e sem aula de inglês.
Não fiz natação, nem karatê,
nem assistia televisão.
Fui apresentado
a uma sessão de desenho animado
com onze ou doze anos,
mesma época em que
experimentei coca-cola.
Na época, minha droga predileta.

Mesmo assim era feliz.
Aos domingos arraial, amigos, avós,
almoços, futebol, brigas,
alvoroços e coca-cola...;
Nas segundas-feiras,
mutirão para a capina.
Companheiradas a limpar
roça de milho e feijão.

Às dez horas em ponto,
sentados nos barrancos,
nos calcanhares ou no cabo da enxada,
comiam arroz, macarrão,
galinha ao molho
preparada em fogo à lenha
e panela de ferro.
Que saudade!
- Daquele tempero e daquele tempo.

Quando à tarde, chovia,
pescava lambari, lobó
e outras tranqueiras no córrego.
Era o êxtase da vida.
Naquele tempo,
não invejava nem o Presidente americano.
Aliás, nem sabia que existia a América.

Não sabia da copa
nem que o Brasil já era tri-campeão
mundial de futebol.
Era tanta ilusão
e distanciamento de tudo,
que nem sabia
que no Brasil os militares
haviam tomado o Poder.
Que AI-5 que nada,
pensava somente em matar
pássaros com o estilingue
e tomar banho no poço azul,
que havia nos fundos da minha casa.
Censura e repressão
no meu mundo não havia.
Porão, somente debaixo da minha
casa assoalhada e não servia para nada.
Tortura maior que eu conhecia
era somente quando meu pai matava
porco ou frango para saciar a nossa fome.
AI-5 era simplesmente a forma
errada de dizer cinco ais,
de quando era surrado
pela minha mãe,
nada mais.

Andava quilômetros até a escola,
não tinha biblioteca nem livros,
nem diretora ou merenda.
Era um professor sozinho
que vinha da estrada de chão vermelho,
montado numa bicicleta velha.
Tinha, porém,
cuidados de sobra
com aqueles meninos-bichos.
E, como que por milagre,
ainda conseguia lhes ensinar
algumas coisas.
Alguns mais aventureiros,
no futuro tentariam até ser escritores,
relatando às vezes, a própria história
do mestre e seus pupilos.

Os vizinhos. Ah! Esses eram umas figuras.
Tinha o Tunico baixinho,
irmão do Zeca lelé,
que era irmão do Antônio ladrão.
Tinha o Eurípides e seu filho Astério,
que para qualquer dorzinha
vinha logo a receitar:
“fumu nu umbigo é bão”.
E tinha gente que acatava
esse remédio esquisito,
se curava, até hoje não sei.

Meus pais,
que jamais deixaram faltar-me o básico,
dando-me sustento, carinho,
senso e responsabilidade.
Viram crescer um homem comum,
prático e responsável,
forjado nas dificuldades,
curtido nas virtudes
e nos exemplos que teve.
Lapidado pela vida
não deu brilho forte,
também não se ofuscou,
nem tão pouco dilacerou-se,
simplesmente vingou-se;
vingou-se,
simplesmente.

Com a palavra, o poeta
“Hoje sou assessor jurídico do meu Município deste 01/01/1989, acho que deve ser o recorde de permanência num cargo comissionado, faço parte, com muito orgulho, do Quadro da Academia Catalana de Letras desde 24 de junho de 2005, devo ser o mais jovem a ingressar no Quadro de MEMBROS EFETIVOS, como se vê, não deu brilho forte, simplesmente vingou-se. - Ivan Luís Corrêa da Silva – meio poeta e doido por umas modas caipiras”.