Este é um blog dedicado exclusivamente para o caipira, sua música, seus causos enfim tudo que tenha a ver com a vida simples do homem do campo. Aqui vc vai encontrar links para sites que tem interesse no resgate e preservação deste estilo.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Musica Sertaneja de Raiz

Música Sertaneja de Raiz
A riqueza da música sertaneja de raiz está na diversidade de seus toques. Assim, mantendo as características básicas de harmonia, a essência da música sertaneja de raiz não é voltada às variações e alterações de acordes, mas à complexidade dos toques.

Enfocando música sertaneja de raiz a partir da viola sertaneja, temos como um bom parâmetro Cornélio Pires. Famoso por suas modas, anedotas e "causos" tendo como personagens a figura do caipira, no final da década de 1920 Cornélio consegue reunir e financiar gravações de discos e apresentações em rádios e em circos, das principais duplas da capital e do interior de São Paulo. Cantando em duas vozes e tocando viola sertaneja e violão, as músicas dessa fase na sua maioria são conhecidas como modas de viola. São muitas duplas, mas podemos destacar Tonico e Tinoco que com seus sucessos genuinamente da música sertaneja de raiz reativaram o gosto pela viola sertaneja entre as platéias urbanas.




A música sertaneja de raiz estava no auge entre 1940 e 1960. Porém a modernização da agricultura e outros valores dos centros urbanos começaram a esvaziar o campo. A força da televisão supervalorizando conceitos considerados modernos, contrapondo-se à fragilidade da nossa formação cultural, abalou as velhas tradições. O som do instrumento passou então a ser considerado fora de moda e, em conseqüência, pouco ouvido na cidade. No entanto, o modismo teve que se curvar à grande força e riqueza da genuinidade da música brasileira raiz e aos poucos, a velha viola sertaneja foi retornando aos palcos e aos grandes festivais.

Na rua das Palmeiras, centro da cidade de São Paulo, os violeiros fizeram do Bar dos Artistas seu ponto de encontro. O líder era João Dias Nunes, o lendário "Tião Carreiro da Viola Padroeira", que na dupla com Antonio Henrique de Lima, o Pardinho, passou a chamar-se simplesmente Tião Carreiro. Falecido em outubro de 1993, gravou mais de 50 discos. Com a sua viola sempre cantava e tocava com o braço voltado para cima, porque dizia ele: "as tarraxas de cabeça para baixo derrubam o cantador".

A partir dos anos 80, a força da mídia e de grandes empreendimentos, incentivou maciços investimentos na música caracterizada pela fusão do estilo caipira brasileiro com o country norte-americano, tendo grande influência da música mexicana já conhecida por nós através do cinema. A viola sertaneja é então trocada pela guitarra elétrica e, na sua grande maioria, as músicas passam a ter cunho romântico, conservando a maneira de cantar em dueto, com leve identidade rural.

Como acontece em todos os gêneros musicais, também os amantes da viola sertaneja sempre conseguem garimpar e encontrar verdadeiras preciosidades antigas e modernas, da música sertaneja de raiz.