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terça-feira, agosto 31, 2010

Dissertação transformada em livro aproxima a trajetória de Cascatinha e Inhana do grande público


Da cultura popular para a academia e da academia para o grande público. São esses dois trajetos que o fenômeno Cascatinha e Inhana, dupla caipira de imenso sucesso no Brasil nas décadas de 50 e 60, experimentou pelas mãos do mestre em Literatura Brasileira pela Unesp de Rio Preto Alaor Ignácio dos Santos Júnior, responsável pela dissertação “Cascatinha e Inhana: uma história contada às falas e mídia”, agora transformada em livro (publicação pela Editora Annablume, com o apoio da Faperp – Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Rio Preto).

Movido sobretudo por interesses pessoais – amigos que realizavam um trabalho de resgate da cultura popular do interior paulista e memórias de seus pais e familiares cantando as músicas da dupla –, Alaor procurou Cascatinha, que morava em Rio Preto na década de 90, e o convidou para contar sua história. O resultado foram seis horas de gravação e muitas ideias para aproveitar o material. Uma delas, incentivada pelo então professor da Unesp Romildo Sant’Anna, foi o ingresso no Programa de Pós-Graduação em Letras, na linha de pesquisa de Cultura Popular. “Costumo dizer que o Programa que entrou na minha pesquisa, e não o contrário”, afirma.

Sob a orientação do professor Antonio Manoel dos Santos Silva, Alaor ampliou então a dimensão do trabalho, que deixou de ser apenas biográfico para abranger todo o contexto que envolvia a dupla: os aspectos históricos relacionados à música popular brasileira, a introdução da guarânia no Brasil, as origens paraguaias de dois dos maiores sucessos da dupla (“Índia” e “Meu primeiro amor”), entre outras questões. “Foi uma busca de abordar diversos fatores que direta ou indiretamente colaboraram para explicar o fenômeno que foi a dupla Cascatinha e Inhana, que, embora ignorados pela academia e esquecidos pela mídia, foram imortalizados pela oralidade popular”, avalia o autor.

Para o orientador da pesquisa, o trabalho incide sobre um tipo de estudo que hoje é muito comum, chamado de estudo de fronteira, o qual põe em relação coisas que aparentemente são separadas, como a cultura popular e a erudita, a música e a poesia, o cinema e a literatura etc. E explica: “A proposta do Alaor foi mostrar como se deu a mediação entre a cultura popular – que já era mediadora, visto que a dupla se baseava no trabalho do letrista José Fortuna, que, por sua vez, traduzia canções paraguaias – e o público, tornando Cascatinha e Inhana um fenômeno popular”.

O livro, que já está disponível nas bibliotecas públicas de Rio Preto e em livrarias, ganhará ainda mais projeção porque com o mesmo tema, porém numa linguagem acessível ao público neoleitor (pessoas recentemente alfabetizadas), Alaor ganhou o Prêmio Literatura Para Todos, do Ministério da Educação, que escolheu dez livros em língua portuguesa. Serão impressos 300 mil exemplares de “Cascatinha e Inhana: A História e os Trinados dos Sabiás do Sertão” para distribuição em bibliotecas de escolas públicas, entidades parceiras do programa “Brasil Alfabetizado”, núcleos de instituições de educação superior e unidades prisionais.

Ligya Aliberti

materia tirada do site da Unesp