Este é um blog dedicado exclusivamente para o caipira, sua música, seus causos enfim tudo que tenha a ver com a vida simples do homem do campo. Aqui vc vai encontrar links para sites que tem interesse no resgate e preservação deste estilo.

sexta-feira, julho 24, 2009

Piadas de caipira

Uma adaptação dos casos contados por Rolando Boldrin, em "Contando Causos" da editora Nova Alexandria, 2001.

CABRA DE LAMPIÃO

Um porteiro da Rádio Tupi, baiano véio, por quem todos os artistas tinham grande carinho e até chamavam de Baiano da Bahia, dizia sempre que tinha sido cabra de Lampião. E que tinha participado de muitas batalhas do bando contra as volantes de soldados.
– Numa dessas batalhas – contava ele –, nóis matemo tanto sordado, tanto sordado, que urubu só comia de sargento pra cima.

PEDIDO ESTRANHO

Caipira vai passando na frente de uma casa que vende artigos para cabeleireiros. Na placa está escrito:
Artigos para Toucador
Caipira entra, vai pra mocinha do balcão e pede:
– Quero um cordoamento pra viola.

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SÓ NA FORÇA

Quatro caboclos fortes estão numa luta danada com um caixote grande, no meio duma porta de armazém, dois numa ponta, dois na outra. E força daqui, força dali, e nada do dito-cujo passar. Cansado, um deles desacorçoa:
– É, num adianta, nóis num vai consigui fazê esse mardito caixote saí do armazém.
Aí que o outro, do lado de fora, fala:
– Sa í? Ué... Nóis tava pensando que era pro caixote entrá.

QUEM SABE

O proprietário de uma loja, ao caipira que queria um emprego:
– Eu preciso de uma pessoa responsável.
– O sinhô bateu no lugá certo. Em tudo lugá que eu trabaio, quando acontece arguma coisa mar feita, falam que eu sou o respons áver.

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NO CAPRICHO

O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora. Ao entrar a autoridade, e percebendo que o cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?” E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá a um cabôco da roça: “Mas, pelo amor de Deus, hein, dotô! Que muié feia! Parece fiote de cruis-credo, parente do Deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no escuro.” Ao que o delegado não teve como deixar de confessar, um pouco secamente: “É minha mãe.” E o cabôco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais, dotô, inté que é uma feiúra caprichada, num é?”

Extraido do site Portal do Ipiranga