quinta-feira, agosto 31, 2006
Pedro Bento e Zé da Estrada
*Capa de um dos primeiros lps da dupla conseguida no site Ponteio Caipira
Joel Antunes Leme, o Pedro Bento, nasceu em Porto Feliz-SP em 08/06/1934; Valdomiro de Oliveira, o Zé da Estrada, conterrâneo de Tinoco, nasceu em Botucatu-SP (distrito que hoje é o recém emancipado município de Pratânia-SP) em 22/09/1929.
Aos 7 anos de idade, Joel Antunes já cantava Cururus em Porto Feliz-SP; considerado "menino-prodígio", também cantava em Festas do Divino nas regiões de Tietê e Piracicaba entre outras; e sua formação musical foi ao lado de cantadores como Sebastião Roque, Pedro Chiquito, Luís Bueno, João David e Zico Moreira. Pedro ainda fez parte do "Trio Paulistano" e atuou também na dupla "Matinho e Matão" a qual se apresentava na Rádio Clube de Santo André-SP. Participava também cantando no Programa de Nhô Zé na Rádio Nacional. E, aos 13 anos de idade, resolveu se mudar para a Paulicéia Desvairada.
Valdomiro, por outro lado, teve uma trajetória um pouco diferente: foi retireiro e agricultor. Oriundo de família de Cantadores, consta que seu bisavô teria cantado com D. Pedro II e dele recebeu uma viola de madrepérola, com a qual fez questão de ser enterrado. Valdomiro foi também caminhoneiro, resultando daí o seu nome artístico de Zé da Estrada. Além de caminhoneiro, Valdomiro foi também administrador de fazendas. Na carreira musical, além de ter sido cantor mirim, fez parte do trio "Os Fazendeiros", juntamente com Paiozinho e com o acordeonista Pirigoso, e com sucesso nas rádios Cultura e Nacional.
Foi em São Paulo-SP, no ano de 1954, no programa "Manhãs Na Roça" de Chico Carretel, na Rádio Cruzeiro do Sul, que Joel Antunes conheceu Valdomiro que já residia há 17 anos na Capital Paulista e já havia adotado o pseudônimo de Zé da Estrada. E em 1956 a dupla recém criada passou a atuar na Rádio Cultura e em circos, participando também de campanhas políticas.
E em 1957 a dupla gravou o primeiro 78 RPM na gravadora Continental, interpretendo a "Santo Reis" (Pedro Bento - Paulo Vitor) e "Teu Romance" (Pedro Bento - Zé da Estrada - Braz Hernandez). No mesmo ano gravaram mais um disco onde se destacava o valseado "Seresteiro Da Lua" (Pedro Bento - Cafezinho - José Raia), considerado por muitos como o maior sucesso na carreira da dupla. Na época, Pedro Bento e Zé da Estrada eram acompanhados pelo acordeonista Coqueirinho.
Em 1960 passaram a ser acompanhados pelo acordeonista Célio Cassiano Chagas, o Celinho, formando o trio "Pedro Bento, Zé da Estrada e Celinho", conjunto que se apresentou na Rádio Bandeirantes e, logo depois, na Rádio Tupi, ambas na Capital Paulista. Celinho continua até hoje tocando o Acordeon nos shows de Pedro Bento e Zé da Estrada, como no SESC de Bauru-SP, por exemplo.
Apesar da Música Caipira ser um Estilo Musical Genuinamente Brasileiro, ela não ficou livre de influências estrangeiras as quais aconteceram em toda sua história. Conforme já foi dito por Cornélio Pires, o estilo nasceu da fusão das Culturas Européia (Portuguesa, principalmente), Africana e Indígena.
A influência da Música Folclórica de outros países latinos também se fez presente em nossos ritmos, como por exemplo, a Guarânia Paraguaia que influenciou os ritmos de composições de Nhô Pai e Mário Zan e, também não podemos deixar de mencionar, as diversas Guarânias Paraguaias, com versões para a Língua Portuguesa feitas por José Fortuna e que estouraram nas paradas de sucesso nas vozes de Cascatinha e Inhana. Não esquecendo também de mencionar algumas influências da Música Americana Rural através de versões para o Português gravadas pela dupla Belmonte e Amaraí (por exemplo "Os Verdes Campos de Minha Terra" (Putman - versão: Geraldo Figueiredo) que é uma versão do Country "The Green Green Grass Of Home").
Nessa fusão de culturas, Pedro Bento e Zé da Estrada também fizeram um "harmonioso casamento" da Música Caipira Brasileira com a Música Mexicana dos Mariachis (conjuntos típicos formados por 8 a 12 pessoas, com Cantadores, Violões, Trompetes e Chitarrones, que interpretam a Música Folclórica nas ruas de diversas cidades mexicanas, em ritmos como a Canção Rancheira).
Não abandonando a autêntica Música Caipira Raiz, Pedro Bento e Zé da Estrada, que também eram fãs da Música Mexicana, passaram a vestir trajes típicos com os característicos "Sombreros Mexicanos" e passaram a interpretar também músicas típicas desse interessante país latino-americano, entre 1963 e 1971, acompanhados também pelo trompetista Ramón Pérez. E a dupla passou a ser conhecida como "Os Amantes das Rancheiras".
De acordo com a entrevista concedida pela dupla no programa "Viola Minha Viola" que foi ao ar no dia 23/07/2005 pela TV Cultura de São Paulo-SP, após uma visita de Miguel Aceves Mejia ao Brasil, Pedro Bento e Zé da Estrada (que, além da Moda de Viola, já haviam começado a interpretar canções mais românticas, além de Boleros e Rancheiras) resolveram então "plagiar" o célebre cantor mexicano. O primeiro "chapelão mexicano" foi confeccionado em Brotas-SP, com três chapéus de palha, encaixados um sobre o outro. E quando Pepe Ávila havia chegado do México junto com um conjunto de lá, foi que os Amantes das Rancheiras adquiriram as roupagens por completo.
As características dos Mexicanos tanto nas vestimentas como também na música, na instrumentação e nos "gritinhos dos Mariachis" (Ai, Ai, Ai... Hui, Hui, Hui... ) bastante comuns também nas interpretações de Miguel Aceves Mejia, harmonizaram-se com a Música Raiz Brasileira, não só com Pedro Bento e Zé da Estrada, mas também com outras duplas tais como Tibagi e Miltinho, Belmonte e Amaraí e também Milionário e José Rico, esses últimos tendo gravado não apenas versões, mas também composições próprias nos Ritmos Mexicanos.
Tem sido sempre uma característica de Pedro Bento e Zé da Estrada a mistura de rítmos tais como Canção Rancheira, Bolero, Mambo, Fox e Guarânia, além do Repertório Caipira Raiz que não abandonaram.
Em 1974 Pedro Bento e Zé da Estrada transferiram-se para a Rádio Record onde permaneceram até 1981. E, em 1978, participaram brilhantemente do filme "Os Três Boiadeiros", dirigido por Valdir Kopezky.
Em sua brilhante carreira musical, de quase 50 anos, Pedro Bento e Zé da Estrada gravaram aproximadamente duas mil músicas, num número estimado de 16 discos de 78 RPM, 104 LP's e 22 CD's, com bastante sucesso em diversas composições que se tornaram verdadeiros clássicos da Música Caipira Raiz e que premiaram a dupla com diversos Discos de Ouro e também de Platina.
Dentre seus maiores sucessos musicais, podemos destacar, além de "Seresteiro Da Lua" (Pedro Bento - Cafezinho - José Raia), composições que são verdadeiras obras de arte tais como "Piracicaba" (Nílton A. Melo), "O Sonho do Matuto" (Capitão Furtado - Laureano), "Boi Soberano" (Carreirinho - Isaltino G. Paula - Pedro L. Oliveira), "Mourão Da Porteira" (Raul Torres - João Pacífico), "Sinhá Maria" (René Bittencourt), "Os Três Boiadeiros" (Anacleto Rosas Jr.), "Romaria" (Renato Teixeira) e "Mágoa de Boiadeiro" (Índio Vago - Nonô Basílio), apenas para citar algumas Brasileiras Autênticas!
Pedro Bento e Zé da Estrada continuam cantando, gravando e se apresentando em shows sempre calorosamente aplaudidos por inúmeros Apreciadores por todo o Brasil. São exemplos de talento e força de vontade, indispensáveis quando se fala na autêntica Música Caipira Raiz.
A dupla gravou um dos seus mais recentes CD, lançado em Janeiro de 2003 pela Atração Fonográfica: "Do Jeito Que o Povo Gosta" o qual contém a seleção de repertório escolhida pelo próprio Pedro Bento, com musicas de diversos autores renomados. Destaque para uma regravação de "Mágoa de Boiadeiro" (Índio Vago - Nonô Basílio) que conta com a participação especial de Daniel.
Contato para shows:
(11) 221-0727 ou (11) 221-4017 - Falar com Mairiporã
(Mairiporã Promoções Artísticas)
e-mail: shows@mairiporapromocoes.com.br
Infomações coletadas no site Boa Musica Brasileira do nossso compadre Ricardinho
O mais recente lançamento em 2006 encontra-se no site submarino
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