Bom dia Cumpadres e Cumadres, dando continuidade, segue as informações que foram colhidas no site Boa Musica Brasileira do nosso Cumpadre Ricardinho e postadas na integra.
Biá:
Sebastião Alves da Cunha, o Sabiá e, posteriormente, o Biá, nasceu em Coromandel-MG em 1927 e faleceu em São Paulo-SP no dia 02/09/2006.
Após algum tempo trabalhando como garimpeiro, Sebastião iniciou a carreira artística em Araguari-MG no ano de 1947, formando o trio "Sabiá-Canarinho-Albertinho", juntamente com seu irmão Elias e o acordeonista paulista Alberto Calçada (Alberto de Souza Calçada nasceu em São Paulo-SP no dia 06/08/1929 e faleceu também na Capital Paulista no dia 29/07/1983 - celebrizou-se por excelentes interpretações de diversas Valsas de Zequinha de Abreu, tais como "Branca", "Aurora", "Tardes em Lindóia", "Último Beijo" e "Rosa Desfolhada").
Seu irmão Elias mais tarde integrou o "Trio Gaúcho", com o nome artístico Gauchito.
O Trio "Sabiá-Canarinho-Albertinho" atuou na Rádio Araguari até 1950, ano em que os três músicos seguiram para a Capital Paulista e passaram a se apresentar em diversos programas, tais como "Hora dos Municípios" (de Blota Junior na Rádio Record) e "Arraial da Curva Torta" (do Capitão Furtado na Rádio Difusora). No mesmo ano, Sebastião resolveu encurtar o nome artístico (Sabiá) para Biá.
O trio porém acabou por se desfazer e Biá formou então uma dupla com o Mariano (Mariano da Silva que já integrou a inesquecível Turma de Cornélio Pires juntamente com seu irmão, o Caçula - Mariano e Caçula também foram respectivamente pai e tio do acordeonista Caçulinha – conhecidíssimo na Rede Globo). "Biá e Mariano" gravaram, na ocasião, "Onde Foi Você" (Bolinha) e "Pelejo Prá Te Deixar" (Biá - Gauchinho), na gravadora Continental (hoje Warner Music).
A dupla com Mariano foi desfeita e Biá formou então, em 1952, outra dupla, dessa vez com Diogo Mulero, o Palmeira: a famosíssima dupla "Palmeira e Biá", que fez sucesso durante oito anos.
Palmeira e Biá foram contratados pela Rádio Piratininga para o programa que ia ao ar todas as Terças-Feiras às 21:00. E a dupla era também acompanhada pelo já mencionado acordeonista Alberto Calçada. No primeiro ano de existência, a dupla chegou a gravar 10 discos 78 RPM, ou seja, quase um por mês!
Dentre os diversos sucessos da dupla "Palmeira e Biá", merecem destaque "Garimpeiro do Brasil" (Biá), "A Voz Dos Sinos" (J. M. Alves), "Baião Da Serra Grande" (Palmeira - Fred Williams), "O Milagre De Tambaú" (Palmeira - Teddy Vieira), "Couro De Boi" (Palmeira - Teddy Vieira), "Disco Voador" (Palmeira), além do famosíssimo bolero caipira "Boneca Cobiçada" (Biá - Bolinha), que foi gravado em 1956.
Inusitado, para a época, incluindo novas temáticas, arranjos e instrumentação, esse bolero caipira que Biá compôs em parceria com Euclides Pereira Rangel (o Bolinha), permaneceu por mais de 10 semanas nas paradas de sucesso, tendo vendido mais de 500 mil cópias, ocasião na qual Palmeira foi nomeado Diretor Artístico dos discos sertanejos da RCA (hoje BMG).
Esse bolero tornou-se um clássico não só na Música Sertaneja, mas também na MPB de um modo geral, já que também foi gravado por diversos artistas renomados, do quilate de Carlos Galhardo, além de ter dado origem a um filme homônimo.
Eis abaixo a letra de ""Boneca Cobiçada" (Biá - Bolinha):
Quando eu te conheci,
Do amor desiludida
Fiz tudo e consegui
Dar vida à tua vida.
Dois meses de aventura,
O nosso amor viveu
Dois meses com ternura,
Beijei os lábios teus.
Porém eu já sabia
Que perto estava o fim
Pois tu não conseguias
Viver só pra mim.
Eu poderei morrer,
Mas os meus versos, não.
Minha voz hás de ouvir,
Ferindo o coração!
Boneca cobiçada,
Das noites de sereno
Teu corpo não tem dono,
Teus lábios tem veneno...
Se queres que eu sofra,
É grande o teu engano
Pois olha nos meus olhos,
Vê que não estou chorando!
E "Boneca Cobiçada" ganhou também em 1957 uma versão satírica gravada pelo famoso humorista Zé Fidélis (Gino Cortopassi, nascido em São Paulo-SP em 23/09/1910 e falecido em 1985 também em São Paulo-SP), intitulada "Boneca Cabeçuda", também em ritmo de bolero.
Consta também que Biá chegou a formar com seu conterrâneo a dupla "Biá e Goiá" na década de 1950, na Capital Paulista. Na ocasião, o compositor Goiá, (nascido também em Coromandel-MG) já havia deixado o Trio "Goiá, Goiazinho e Zé Micuim" e também já havia trocado Goiania-GO pela Paulicéia Desvairada.
E, em 1961, Sebastião passou a cantar em dupla com seu outro irmão, o Sílvio: a dupla "Biá e Biazinho" gravou o LP "Relíquias Sertanejas". No ano seguinte, Biá gravou na Chantecler (hoje Warner Music) um LP no qual fez uma "dupla com ele mesmo": "Um Cantor Em Duas Vozes", tendo usado o nome de Sid Biá.
Mais tarde, juntamente com Dorinho (o mesmo da famosa dupla com Nenete), Biá formou a dupla "Dorinho e Biá" a qual gravou três LP's, entre 1966 e 1968.
Biá também atuou na Rádio Nacional de São Paulo-SP, com o conjunto "Biá e Seus Batutas" (formado por Biá, Sirley e Gonzales), ocasião na qual gravou também o LP "Os Grandes Sucessos de Palmeira e Biá", na gravadora Cantagalo, onde Biá trabalhou também como Diretor Artístico. Esse conjunto voltou a se reunir em 1982, a convite do Selo Rodeio da gravadora Warner Music, para a gravação de mais um LP.
E foi em 1972 que Biá formou com Dino Franco a famosa dupla "Biá e Dino Franco", dupla que gravou diversos LP's destacando-se, dentre outras, músicas como "Cruz do Meu Rosário" (Biá - Sílvio Cunha), "Encontro de Poetas" (João Pacífico), "Travessia do Araguaia" (Dino Franco - Dicró dos Santos), "Que Será De Nós" (Dino Franco - Nhô Cido) e "Pescador Do Luaí" (Dino Franco - Adolfinho), composição que também foi utilizada como fundo musical em um documentário da B.B.C. de Londres! A dupla durou até o ano de 1979 quando Dino Franco resolveu encerrar a carreira artística, ainda que de forma temporária.
De acordo com Ayrton Mugnaini Jr. na página 56 de seu livro "Enciclopédia das Músicas Sertanejas", "Biá poderia disputar com Raul Torres uma menção no Guinness como o cantor sertanejo que cantou em maior número de duplas".
Biá foi ainda Produtor Sertanejo da Rádio Tupi de São Paulo-SP (a qual fechou suas portas em 1980, juntamente com a inesquecível primeira emissora brasileira de televisão); e, na Rádio Imprensa FM, também de São Paulo-SP, Biá apresentou, de 1984 a 1986, um programa que foi, por sinal, o primeiro programa sertanejo numa emissora FM em todo o Brasil.
Um acidente doméstico no entanto fez com que Biá interrompesse em definitivo sua carreira artística, no ano de 1987. E diabete crônica transportou Biá para o "Andar de Cima", no dia 02/09/2006, na Capital Paulista.
Algumas composições de Biá:
ABC Do Coração (Palmeira - Biá)
A Andorinha (Biá - João Borges)
Amigo Heleu (Biá - J. M. Alves)
A Volta Da Morena (Palmeira - Biá)
Boneca Cobiçada (Biá - Bolinha)
Calúnia (Palmeira - Biá)
Céu De Goiás (Palmeira - Biá)
Coração Sabe O Que Faz (Biá - Bolinha)
Cruz Do Meu Rosário (Biá - Sílvio Cunha)
Dois Corações (Palmeira - Biá)
Flor Do Lodo (Biá - Goiá)
Garimpeiro do Brasil (Biá)
Pelejo Prá Te Deixar (Biá - Gauchinho)
Resposta Do Couro De Boi (Palmeira - Biá)
Se Ela Voltasse (Biá - Bolinha)
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