O professor Aureo ouvindo a nossa mãe, a Dona Aresia, contando uma das muitas passagem de sua vida e falando de quando o seu pai, o meu avô Aureliano, ponteando um violão e declamando em um circo, quando ela tinha apenas cinco anos, e ontem ela completou 79 anos (de muita lucides e uma memoria bem melhor que a minha) portanto a exatos 54 anos atras, pesquisou na internet e achou a poesia, prontamente declamada por ele acompanhado do nosso amigo Mauro Viola (dupla João Bandolim e MauroViola) no programaRecanto da Viola) do nosso amigo Airton Picolo, na Radio Maranatha FM. Isso me encheu de curiosidade e fui atras de descobrir mais sobre o autor e suas poesias ( apesar que postamos alguma coisa sobre ele mas nunca é demais falar sobre ele:
Nasceu Catulo da Paixão Cearense em 8 de outubro de 1863, em São Luiz ,Estado do Maranhão, à rua Grande, (hoje Oswaldo Cruz) nº 66. faleceu no Rio de Janeiro-RJ 01/05/1946)
Filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga ( natural do Maranhão).
Sua infância até os 10 anos se passou em São Luiz do Maranhão.
Transferiu-se para o sertão agreste cearense onde seus avós maternos portugueses eram fazendeiros, permanecendo por lá até os 17 anos.
Em 1880 em companhia de seus pais e irmãos (Gil e Gerson) mudou-se para o Rio de Janeiro, na rua São Clemente nº 37, Botafogo.
Aos 19 anos interrompeu os estudos e abraçou o violão, instrumento naquela época, repelido dos lares mais modestos.Iniciante tocador de flauta, a trocou pelo violão, pois assim, podia cantar suas modinhas.
Nesse tempo passou a escrever e cantar as modinhas como, “Talento e Formosura”, “Canção do Africano” e “Invocação a uma estrela”.
Moralizou o violão levando-o aos salões mais nobres da capital.
Em 1908, deu uma audição no Conservatório de Música.
Catulo foi autodidata autentico. Suas primeiras letras foram ensinadas por sua genitora e toda sua grande cultura foi adquirida em livros que comprava e por sua franquia à Biblioteca do Senador do Império, por ser professor dos filhos do Conselheiro Gaspar da Silveira .
“Aprendi musica, como aprendi a fazer versos, naturalmente”, dizia o Velho Marruêro.
Seu pai faleceu em 1 de agosto de 1885, desgostoso por seu filho ter abandonado os estudos para ser poeta, sem tempo de assistir a moralização do violão, o que veio a marcar tremendamente Catulo.
À medida que envelhecia mais se aprimorava. Catulo homem, não se modificava, sempre fiel ao seu estilo. “...Com gramática ou sem gramática, sou um grande Poeta..”.
A sua casinhola em Engenho de Dentro, afundada no meio do mato era histórica. Alí recebia seus admiradores, escritores estrangeiros, acadêmicos nacionais, sempre com banquetes de feijoada e o champagne nunca substituía o paratí, por mais ilustre que fosse o visitante.
As paredes divisórias eram lençóis e sempre que previa a presença de pessoas importantes, dizia para a mulata transformada em dona de casa. “Cabocla , lave as paredes amanhã , que Domingo vem gente!”
Sua primeira modinha famosa “Ao Luar” foi composta em 1880.
Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: Anacleto Medeiros, Ernesto Nazareth, Chiquinha da Silva, Francisco Braga e outros.
Como interprete, o maior tenor do Brasil, Vicente Celestino.
Catulo morreu aos 83 anos de idade, em 10 de maio de 1946,a rua Francisca Meyer nº 78, casa 2. Seu corpo foi embalsamado e exposto a visitação pública até 13 de maio, quando desceu a sepultura no cemitério São Francisco de Paula , no Largo do Catumbí, ao som de “Luar do Sertão”.
Catulo deixou inúmeras obras, tais como;
Canções musicadas
- Luar do Sertão
- Choros ao Violão
- Trovas e Canções
- Cancioneiro Popular
- A Canção do Africano
- O Vagabundo
- Etc...
Livros de Poemas:
- Meu Sertão
- Sertão em Flor
- Poemas Bravios
- Mata Iluminada
- Poemas Escolhidos
- O Milagre de São João
- Etc....
Obras teatrais;
- O Marroeiro
- Flor da Santidade
- E o clássico “Um Boêmio no Céu “.
*informações colhidas no site Jornal da Poesia
A FLOR DO MARACUJÁ
Encontrando-me com um sertanejo
Perto de um pé de maracujá
Eu lhe perguntei:
Diga-me caro sertanejo
Porque razão nasce roxa
A flor do maracujá?
Ah, pois então eu lhi conto
A estória que ouvi contá
A razão pro que nasci roxa
A flor do maracujá
Maracujá já foi branco
Eu posso inté lhe ajurá
Mais branco qui caridadi
Mais brando do que o luá
Quando a flor brotava nele
Lá pros cunfim do sertão
Maracujá parecia
Um ninho de argodão
Mais um dia, há muito tempo
Num meis que inté num mi alembro
Si foi maio, si foi junho
Si foi janero ou dezembro
Nosso sinhô Jesus Cristo
Foi condenado a morrer
Numa cruis crucificado
Longe daqui como o quê
Pregaro cristo a martelo
E ao vê tamanha crueza
A natureza inteirinha
Pois-se a chorá di tristeza
Chorava us campu
As foia, as ribera
Sabiá também chorava
Nos gaio a laranjera
E havia junto da cruis
Um pé de maracujá
Carregadinho de flor
Aos pé de nosso sinhô
I o sangue de Jesus Cristo
Sangui pisado de dô
Nus pé du maracujá
Tingia todas as flor
Eis aqui seu moço
A estoria que eu vi contá
A razão proque nasce roxa
A flor do maracujá.
Ficou muito grande mas valeu
Um comentário:
Parabéns pelo seu bom gosto. Como vc, sou apaixonada por literatura e, a de cordel é minha preferencia, pois representa a riqueza de conhecimento cultural, de um saber ímpar que por muito tempo esteve subjugado. Sou também nordestina e tive a felicidade de ter como mãe adotiva um senhora escolarizada e respeitadora da sabedoria popular que adorava declamar e cantar Catulo, assim aprendi a gostar tb. Hoje, sou professora de Literatura e faço uso do cordel desde minhas turmas de cçs até as de jovens e adultos.Assisto frequenetmente o programa Sr Brasil de Rolando Boldrim,que faz do espaço um painel ecletico e com muita presença de Patativa, de Catulo e outrs.
Amei seu blog
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