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segunda-feira, março 19, 2007

Grandes Compositores

Dados coletatos no site Boa Musica Brasileira do nosso grande cumpadre Ricardinho



Catulo da Paixão Cearense:

Catulo da Paixão Cearense (São Luís-MA 08/10/1863 – Rio de Janeiro-RJ 01/05/1946): Nascido na verdade em 1866, como ele mesmo confidenciou. Apesar do nome com que era conhecido, ele era Maranhense e morou no Estado do Ceará dos 10 aos 17 anos de idade.

Em 1880, seguiu com a família para o Rio de Janeiro. Com Flauta e Violão freqüentava as rodas dos estudantes cariocas, o que não era visto com bom olhos pelo seu pai que era dono de uma loja de ourives e relojoaria.

Na época, o Violão era desprezado e perseguido, “sinônimo de malandragem” e, na época de Catulo, foi adquirindo prestígio nos “Salões da Elite” (Naturalmente, não podemos nos esquecer também do excelente Dilermando Reis que popularizou o tão célebre Instrumento Musical, que por sinal é o meu instrumento musical preferido).

Grande parte do trabalho de Catulo da Paixão Cearense foi voltada às Modinhas e Serestas, no entanto, ao citar esse nome é realmente inevitável que nos venham à lembrança os versos de seu famoso “Luar do Sertão” (Catulo da Paixão Cearense – João Pernambuco):

”Não há, oh gente, oh não
Luar como esse do sertão...”



Quanto à autoria de “Luar do Sertão”, por “falhas na impressão” na edição partitura original, ficou esquecido e negligenciado o co-autor João Pernambuco, que, ao que consta, torna-se cada vez mais evidente que o nome dele não deve ser omitido juntamente com o do Catulo na autoria da célebre composição. No CD “Ribeirão Encheu”, de Pena Branca e Xavantinho, gravado pela Velas, a excelente dupla fez também um belo registro dessa composição e o nome de João Pernambuco aparece como co-autor juntamente com o de Catulo da Paixão Cearense.

Ao que consta, nenhum intérprete gravou até hoje o belíssimo "Luar do Sertão" na íntegra, já que esse Verdadeiro Poema, segundo informações, possui um total de 12 estrofes mais o refrão. De acordo com o compositor Roberto Stanganelli, o Poema originalmente ocupava todo o conteúdo de um Livro, a exemplo do "Canto Geral" do Poeta Chileno Pablo Neruda.

Adauto Santos chegou a gravar 7 estrofes da belíssima composição, em seu excelente CD intitulado "Varanda Sertaneja" (gravado pela Movieplay).

Eis a seguir a letra de "Luar do Sertão" (Catulo da Paixão Cearense - João Pernambuco), com 12 estrofes e o refrão: a letra "menos incompleta" que consegui encontrar até o momento:

Oh! Que saudades do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão!
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão.

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata prateando a solidão.
E a gente pega na viola que ponteia,
E a canção é a lua cheia a nos nascer no coracao!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Quando vermelha no sertão desponta a lua
Dentro d'alma onde flutua também rubra nasce a dor!
E a lua sobe e o sangue muda em claridade
E a nossa dor muda em saudade branca... assim... da mesma cor.

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Ai!... Quem me dera que eu morresse lá na serra,
Abraçado à minha terra e dormindo de uma vez!
Ser enterrado numa grota pequenina,
Onde à tarde, a sururina chora a sua viuvez!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Diz uma trova, que o sertão todo conhece,
Que se, à noite, o céu floresce, nos encanta, e nos seduz,
É porque rouba dos sertões as flores belas,
Com que faz essas estrelas lá do seu jardim de luz!!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Mas como é lindo ver, depois por entre o mato
Deslizar calmo, o regato, transparente como um véu,
No leito azul das suas águas, murmurando,
Ir por sua vez roubando as estrelas lá do céu!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

A gente fria desta terra sem poesia
Não se importa com esta lua nem faz caso do luar!
Enquanto a onça, lá na verde capoeira,
Leva uma hora inteira, vendo a lua a meditar!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Coisa mais bela neste mundo nao existe
Do que ouvir um galo triste no sertão se faz luar.
Parece até que a alma da lua é que descanta,
Escondida na garganta desse galo a soluçar!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Se Deus me ouvisse com amor e caridade,
Me faria esta vontade o ideal do coração.
Era que a morte a descantar me surpreendesse
E eu morresse numa noite de luar no meu sertão!!

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

E quando a lua surge em noites estreladas,
Nessas noites enluaradas, em divina aparição,
Deus faz cantar o coração da Natureza,
Para ver toda beleza do Luar do Maranhão. (*)

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Deus lá no céu, ouvindo um dia, essa harmonia,
A canção do meu sertão, do meu sertão primaveril,
Disse aos arcanjos que era o Hino da Poesia,
E também a Ave-Maria da grandeza do Brasil. (**)

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!

Pois só nas noites do sertão de lua plena,
Quando a lua é uma açucena, é uma flor primaveril,
É que o Poeta, descantando a noite inteira,
Vê, na Lua Brasileira, toda a alma do Brasil. (**)

Não há, oh gente, oh! não,
Luar como esse do sertão!



(*) De acordo com Pinho, editor da excelente Revista Viola Caipira, "Essa estrofe inédita foi escrita especialmente para (...) interpretá-la em São Luís-MA. Era desejo de Catullo que o seu famoso 'Luar do Sertão', quando cantado em sua Terra Natal (...) terminasse sempre, com ela.".

(**) Também de acordo com Pinho ( Revista Viola Caipira), "...uma dessas estrofes, à escolha do intérprete, deverá encerrar o célebre 'Luar do Sertão', quando cantado em solenidades comemorativas de nossa Pátria."

Valeu, "Cumpadre" Pinho!! Muito obrigado pela colaboração!!


A vivência do “Catulo Sertanejo” com as noites de “Luar do Sertão” foi apenas naquele período dos 10 aos 17 anos em que ele viveu no Ceará. Ele era na verdade um “homem de cidade”, no entanto, cantava a natureza, nossa terra e nossa gente. Tinha o mérito de “não conhecer o sertão porém descrevê-lo de modo admirável!".

Não se pode afirmar, no entanto, que Catulo tenha escrito alguma melodia. Era, sim poeta, e possuía uma singular habilidade de “encaixar versos” em qualquer melodia conhecida. Não tivesse sido a composição dos versos de Catulo, muitas dessas belíssimas músicas instrumentais teriam caído logo no esquecimento, apesar de tão bem compostas e do indiscutível valor que possuem em termos de melodia.

Catulo morava em uma casa bem simples, de madeira, no bairro carioca Engenho de Dentro (o mesmo bairro onde nasceu e se criou Orlando Silva, o célebre Cantor das Multidões), residência essa à qual deu o nome de “Palácio Choupanal”. E não se acanhava em receber visitas de grandes nomes das Letras, das Artes e da Política. Ao falecer em 01/05/1946, já tinha assistido à inauguração de seu busto e era uma indiscutível Glória Nacional.

Algumas composições de Catulo da Paixão Cearense:
• Ai De Mim! (Catulo da Paixão Cearense)
• Ao Luar (Catulo da Paixão Cearense)
• Até As Flores Mentem (Catulo da Paixão Cearense - Juventino Rosas)
• Caboca Bunita (Catulo da Paixão Cearense)
• Clélia (Catulo da Paixão Cearense - Luiz de Souza)
• Fechei O Meu Jardim (Catulo da Paixão Cearense)
• Flor Amorosa (Catulo da Paixão Cearense - Callado)
• Luar do Sertão (Catulo da Paixão Cearense – João Pernambuco)
• Não Vê-La Mais (Catulo da Paixão Cearense - Viriato Figueira da Silva)
• O Meu Ideal (Catulo da Paixão Cearense - Irineu de Almeida)
• Ontem Ao Luar (Catulo da Paixão Cearense - Pedro de Alcântara)
• O Que Tu És (Catulo da Paixão Cearense - Anacleto de Medeiros)
• Os Olhos Dela (Catulo da Paixão Cearense - Irineu de Almeida)
• Palma De Martírio (Catulo da Paixão Cearense - Anacleto de Medeiros)
• Porque Eu Fui Poeta (Catulo da Paixão Cearense - José "Juca" Kallut)
• Por um Beijo (Catulo da Paixão Cearense - Anacleto de Medeiros)
• Quando Ela Passa (Catulo da Paixão Cearense - Mário Álvares)
• Rasga o Coração (Catulo da Paixão Cearense - Anacleto de Medeiros)
• Recorda-Te De Mim (Catulo da Paixão Cearense)
• Sertaneja (Catulo da Paixão Cearense Ernesto Nazareth)
• Talento e Formosura (Catulo da Paixão Cearense - Edmundo Octavio Ferreira) Interpretada por Paulo Tapajós (5)
• Templo Ideal (Catulo da Paixão Cearense - Albertino "Carramona" Pimentel)
• Tu Passaste Por Este Jardim (Catulo da Paixão Cearense - Alfredo Dutra)
• U Poeta Du Sertão (Catulo da Paixão Cearense)
• Vai, Meu Amor, Ao Campo Santo (Catulo da Paixão Cearense - Irineu de Almeida)

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