Muybo César Cury:
Nascido em Duartina-SP, em Janeiro de 1929, Muybo César Cury (ou simplesmente Muybo Cury) é de origem Libanesa. Seu pai era proprietário de uma lojinha na cidade de Marília-SP. Embora não tenha vivido no campo, Muybo gosta da Música Caipira desde criança e também aprendeu a tocar Viola.
De grande versatilidade, Muybo César Cury é Cantor, Dublador, Radialista, Ator e Compositor.
Como Cantor, participou do LP "Linguagem Do Amor", lançado em 1964 pela Fermata, cantando nas faixas 6 e 7, que são, respectivamente, "Não Me Abandones" (Zacarias Mourão - Zá do Rancho - Biguá) e a faixa-título "Linguagem do Amor" (Marguerite Monnot - versão: Juvenal Fernandes).
Além disso, Muybo Cury também já substituiu o Barroso num LP da famosa dupla "Barreto e Barroso", dupla que era formada inicialmente por Antônio Barreto (o Barreto, natural de São Sebastião da Grama-SP) e Benedito Rodrigues Pinheiro (o Barroso, natural de Guará-SP).
Barreto também foi apresentador na Rádio Bandeirantes de São Paulo-SP e Barroso, além de Professor de artífices, também foi apresentador na mesma emissora. Além disso, a dupla havia se formado em 1946, tendo estreado na Rádio América de São Paulo-SP, a mesma emissora na qual Muybo iniciou sua carreira em 1947, conforme mencionado logo abaixo.
Foi após o falecimento de Benedito, que Muybo César Cury o substituiu, tendo mantido o mesmo nome (Barroso) no LP "As Duas Faces de Barreto e Barroso" (foto da capa do LP à direita).
Como dublador, função que Muybo tem exercido esporadicamente, emprestou sua voz ao Caçador Kaura em "Flashman". Fez também a primeira voz do Mantor do Diabo em "Lion Man" (exibido no Brasil em 1973 na extinta Rede Manchete) e participou ainda de algumas dublagens em "Jaspion".
Como Radialista, Muybo é um dos maiores profissionais do radiojornalismo brasileiro, atuando há mais de 37 anos na renomada Rádio Bandeirantes de São Paulo-SP. "Faço estágio, estou terminando meu período de experiência", brinca ele, referindo-se à sua profissão e à sua experiência no Rádio, principalmente na referida emissora na qual apresenta o "Jornal em Três Tempos" junto com o "âncora" Luciano Dorin.
Muybo foi locutor de auto-falante, auxiliar de escritório e "contínuo" de banco em Duartina-SP, até que em 1946 seguiu para a Capital Paulista, onde iniciou no ano seguinte a sua carreira na Rádio América. Muybo Cury foi também disk-joquei na década de 1960.
Além do trabalho jornalístico na Rádio Bandeirantes, Muybo Cury também apresenta o excelente programa "Raízes do Brasil" na Rádio Cultura - AM - 1200 kHz de São Paulo-SP. Esse programa mostra ao Apreciador a genuína Música Caipira Raiz, além da prestação de serviços gratuitos que também merece destaque especial. Muybo também conta "causos" caboclos, piadas e declama Poemas Sertanejos (que podem inclusive ser enviados pelos ouvintes).
Como Ator, Muybo Cury já atuou nas tele-novelas "Os Inocentes", na extinta TV Tupi e "Dulcinéia Vai à Guerra", na TV Bandeirantes. Atuou também em diversos comerciais na Televisão. Destaque também para a radio-novela "A Verdade da Vida" interpretada por Maria Stella Barros e Muybo César Cury, na já mencionada Rádio Bandeirantes de São Paulo-SP.
E, como Compositor, Muybo César Cury é autor da Moda de Viola "Castigo De Dona Benta" (Teddy Vieira - Muybo César Cury), gravada pelos Irmãos Divino no Lado-A do 78 RPM Nº 13.901-A, em 1955, pela Odeon.
Bastante versátil também na composição, Muybo compôs em diversos outros estilos, como por exemplo, Marchas Carnavalescas, tais como "A Marcha do Cabeção" (Alfredo Borba - Muybo Cury) e "A Marcha da Peruca" (Bobby Hilton - Muybo Cury - Milton). É também de Muybo Cury o único hino da Copa 74 "Cem Milhões de Corações", gravado pelo conjunto "Os Incríveis", gravação que acabou "esquecida", já que o tão esperado Tetra-Campeonato não veio nessa Copa na Alemanha Ocidental...
Muybo é também autor de algumas versões tais como "Deus Te Acompanhe Amor" (Vaya Com Dios) (L. Russel - I. James - B. Pepper - adaptação: Muybo Cury) e "Minhas Noites Sem Ti" (Mis Noches Sin Ti) (Maria Teresa Marques - Demetrio Ortiz - versão: Muybo Cury).
Mas a principal Obra-Prima de Muybo César Cury como Compositor é, sem dúvida, uma das mais belas páginas do repertório Caipira Raiz: "João de Barro" (Muybo César Cury - Teddy Vieira), a qual foi gravada pela primeira vez pela dupla Mineiro e Manduzinho, em 17/06/1955, na RCA Victor (hoje BMG), no Lado-A do Disco 78 RPM Nº 80.1561-A (Matriz: BE5VB-0791), lançado em Março de 1956.
De acordo com José Hamilton Ribeiro, em seu excelente livro "Música Caipira - As 270 Maiores Modas De Todos Os Tempos", Muybo "...se encantara ao ver, no sítio de um amigo, um casal de "joão de barro" fazendo sua casinha. 'é o pedreiro da floresta', disseram a ele. Muybo passou horas acompanhando o trabalho da construção do ninho de barro. Quando soube da história de que o passarinho, se traído pela fêmea, aprisionava-a na casinha, levando a parceira à morte, começou - sem nenhuma experiência - a compor a Música (...) Fez os versos da canção (que acabaram ficando confusos e muito longos) e ajeitou uma melodia, mas entendeu que aquilo podia dar certo se alguém criativo, e com prática, desse ali uma mexida (...) Pergunta daqui, pergunta dali, descobriu que o homem certo para ajudá-lo era Teddy Vieira, já um autor diferenciado. Aproximou-se dele, foi recebido com simpatia e ali mesmo, no corredor da rádio, mostrou seu 'rascunho'. Teddy disse na hora que achava que ia dar certo, com possibilidade até de entrar em um disco que estava em produção. Gravou numa fita a Música, na voz de Muybo, avisando que precisaria dar uma ajeitada na melodia e na letra (...) A dupla Mineiro e Manduzinho estava dependendo de uma nova Música para fazer seu disco (...) Muybo foi ver a dupla ensaiar a Moda - estava uma beleza. Marcou-se estúdio. Mineiro ficou doente, precisaram adiar. Demorou para ser estabelecido novo dia de gravação, o rapaz não melhorava. Nova data, novo adiamento. Por fim, após outros discos na frente, a prensagem agora tinha que aguardar na fila. Por fim, o disco saiu (...) Entre o fim da prensagem e a data de lançamento, morreu Mineiro. Era um moço lutador, muito querido. A comoço foi grande, não havia mais clima para fazer lançamento, trabalhar o disco, batalhar as músicas. O parceiro remanescente nem sequer foi à gravadora para se informar, pedir alguma providência. Numa palavra: o disco 'morreu', com tudo o que continha."
E, de acordo com o compositor Muybo Cesar Cury, "Passaram-se vários anos, ninguém falava em 'João de Barro'. Fazer o quê, mais uma Moda, que não pegou."
Pedro Bento e Zé da Estrada também freqüentavam o mesmo estúdio na época da gravação e haviam aprendido a belíssima, composição, a qual apresentavam com freqüência em seus shows. Até que em 1974, Sérgio Reis havia procurado o Zé da Estrada atrás de idéias para gravação, ao que este lhe sugeriu o "João de Barro". Tendo gostado, o "Serjão" contactou Muybo que "...já estava até conformado com o apagão do 'pedreiro da floresta'. Aí vem o disco do Sérgio e o que se vê é uma 'explosão'. Teddy não estava mais aqui para ver o 'nosso João' no lugar que ele merece."
E, lamentavelmente, o Mineiro também não estava mais aqui, já que ele havia falecido em 1958, ocasião na qual a dupla já havia parado de cantar.
Muybo César Cury continua ativo, apresentando os já mencionados programas tanto na Rádio Bandeirantes como também na excelente Rádio Cultura - AM - 1200 kHz de São Paulo-SP!
Algumas composições de Muybo César Cury:
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