* O Sucesso Começou Com Estas Duplas
Tonico e Tinoco
Dupla sertaneja formada por João Salvador Perez, o "Tonico" (São Manuel-SP,em 02 de março de 1917) e José Perez, o "Tinoco" (nascido em uma fazenda de Botucatu - SP, que hoje pertence ao município de Pratânia, em 19 de novembro de 1920).
Em 1930, quando a família Perez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu, os dois irmãos ouviram discos da série caipira de Cornélio Pires; João frequentava a escola rural e dava lições para os colonos mais velhos.Dos amigos cobrava um litro de querosene por mês (para manter os lampiões da sala de aula), mas dificilmente recebia alguma ajuda.
José,o mais levado, gostava de caçar passarinhos com arapucas(depois os soltava), de brincar com amigos do arraial e aos sábados vestia-se de coroinha para ajudar a celebração da Missa. Após a cerimônia acompanhava o Padre nas refeições, e voltava para casa levando alimento para os irmãos.
O gosto pela cantoria veio dos avós maternos Olegário e Izabel, que alegravam a colônia com suas canções, ao som de uma antiga sanfona. A primeira música que aprenderam foi Tristeza do Jéca em 1925. Em 15 de agosto de 1935 fizeram a primeira apresentação profissional. Cantaram na Festa da Aparecidinha/São Manuel, em uma quermesse. Junto com o primo Miguel, formavam o "Trio da Roça".
Em 1931, Tonico e Tinoco moravam em Botucatu (SP), na fazenda Vargem Grande, de Petraca Bacci, com os pais, Salvador Perez - um espanhol de Léon, na Astúrias espanhola, chegado ao Brasil criança, em 1892 e Maria do Carmo, uma brasileira descendente de negros com bugres. A exemplo de outras crianças da época, os dois garotos, mal aprenderam a falar, já eram cantadores das modas de viola. Aprendiam as letras com Virgílio de Souza, violeiro das redondezas.
Tonico e Tinoco participavam das primeiras serenatas, alegravam festas e bailes de São João. Nas colônias enfeitadas de bandeirinhas, comiam batata-doce assada na brasa, pamonha, milho verde e bebiam quentão. "Os rapazes trabalhavam o ano inteiro para fazer bonito nos bailes, junto às caboclinhas", conta Tinoco. "Nós lá de calça cumprida, camisa xadrez e as botas penduradas nas costas para não estragar o solado. As meninas com seus vestidos de chita dançavam de pés descalços e com uma flor no cabelo cheirando a gostosa." A esperança dos moços e das moças era arrumar um namoro. Foi num desses bailes que Tonico conheceu e apaixonou-se por Zula, filha do administrador da fazenda, Antônio Vani. O pai proibiu o namoro e magoado, Tonico compôs Cabocla.
Naqueles anos 30 só existiam 65 emissoras de rádio e 30 mi1 aparelhos receptores em todo o país, para uma população de 35 milhões de pessoas. Como não havia rádio na região, o conjunto ficou famoso. Mas Tonico e Tinoco só cantavam em dupla nas horas vagas ou nas folgas do trabalho, quando a turma parava para tomar café. Cantavam as modas de viola de Jorginho do Sertão, um autor imaginário, que utilizavam para assinar suas canções, que falava da crise no país com as revoluções de 1930 e 1932.
No fim do ano agrícola de 1937, os Pérez decidiram, com outras famílias, tentar a vida na cidade de Sorocaba (SP). As irmãs Antonia, Rosalina e Aparecida foram trabalhar na fábrica de tecidos Santa Maria. Tonico foi ser servente na Pedreira Santa Helena, fábrica do cimento Votorantim. Tinoco virou engraxate na Estação Sorocabana e
Chiquinho engajou-se na construção da Rodovia Raposo Tavares, que liga o sul de São Paulo ao Mato Grosso do Sul. A crise econômica do país chega ao auge. Getúlio Vargas implanta a ditadura do Estado Novo. Adolf Hitler invade e ocupa a Tchecoslováquia e depois a Polônia. Começa a Segunda Guerra Mundial.
A vida em Sorocaba fica insuportável, nada dá certo para os Pérez e eles decidem retornar ao campo, agora para a fazenda São João Sintra, em São Manoel (SP). A volta, contudo, possibilitou aos irmãos Perez a primeira chance de cantar numa Rádio. O administrador da fazenda, José Augusto Barros, levou-os para cantar na Rádio Clube de São Manoel - ainda hoje lá, na rua Coronel Rodrigues Alves, no centro da cidade. Assim, até o final de 1940, eles ficam trabalhando na roça durante a semana e aos domingos cantam na emissora da cidade. Só por amor à arte, sem ganhar. As dificuldades levaram os Pérez a uma derradeira migração.
Em janeiro de 1941 chegam, de mala e cuia - quatro sacos com os trens de cozinha e duas trouxas de roupa - a São Paulo. À falta de profissão, as meninas foram trabalhar em casa de família, Tinoco num depósito de ferro-velho, Chiquinho na metalúrgica São Nicolau e Tonico, sem outra alternativa, comprou uma enxada e foi ser diarista nas chácaras do bairro de Santo Amaro. Os tempos duros da cidade grande tinham lá sua compensação, principalmente nos domingos, quando a família ia ao circo, na rua Lins de Vasconcelos no então pacato bairro do Cambuci. Num desses espetáculos, os manos conheceram pessoalmente Raul Torres e Florêncio, a dupla de violeiros mais famosa de São Paulo e que depois,com Rielli na sanfona, formaram na Rádio Record o famoso trio "Os Três Batutas do Sertão.A Rádio Record era do doutor Paulo Machado de Carvalho, que seria chamado "Marechal da Vitória" quando chefiou as seleções brasileiras de futebol campeãs do mundo em 1958 e 19ó2. Depois conheceram Teddy Vieira - um paulista de Itapetininga que produziu um formidável acervo de 500 músicas sertanejas da melhor qualidade - Palmeira e Piraci, artistas exclusivos da Rádio Difusora, no programa "Arraial da Curva Torta", Zé Carreiro e Carreirinho,os quais surgiram em 1950, por intermédio de Tonico e Tinoco que queriam gravar a moda "Canoeiro" deles e os quatro fizeram um acordo: deixariam Tonico e Tinoco gravar a moda se os mesmos arrumassem um contrato na gravadora para eles gravarem também; existiam no país 76 emissoras de rádio e mais de 1,5 milhão de aparelhos receptores. Era ao redor desses aparelhos que o país todo se debruçava para acompanhar nervosamente o noticiário da guerra pelo Repórter Esso. Anunciado como "testemunha ocular da História", esse noticioso foi o primeiro radiojornal a utilizar técnicas modernas no país e era transmitido pelas rádios Nacional (Rio) e Record (SãoPaulo).
Em São Paulo, inscreveram-se no programa de calouros comandado por Chico Carretel (Durvalino Peluzo), na Rádio Emissora de Piratininga.
O capitão Furtado, que estava sem violeiro em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora, promoveu então concurso para preencher a vaga: os dois irmãos, formando a dupla "Irmãos Perez", cantaram o cateretê "Tudo tem no sertão" (Tonico). Classificados para a final, interpretaram de Raul Torres e Cornélio Pires, (esse último um radialista e pesquisador que foi pioneiro no estudo da vida sertaneja, especialmente a paulista, e que deixou uma extensa obra a respeito.) "Adeus Campina da Serra". Quando terminaram, o auditório aplaudiu de pé, em meio a lágrimas. Todos pediam bis àquela dupla que cantava diferente, com afinação, fino e alto. Todos os outros violeiros foram abraçá-los. O cronômetro marcava 190 segundos de aplausos, contra apenas 90 segundos da dupla segundo colocada.
Outra citação importante é que tomaram parte desse concurso junto com os Irmãos Perez, duplas profissionais, conhecidas do Rádio como Nhô Nardo e Cunha Junior, Serra Morena e Cafezal, mas o primeiro lugar estava reservado para nossa querida dupla.
No dia seguinte o Trio da Roça estava contratado pela Rádio Difusora, que naquele período havia sido comprada pela Tupi, parte de ofensiva do jornalista Assis Chateaubriand para formar uma poderosa rede de veículos de comunicação - os Diários e Emissoras Associados. Três meses depois o contrato foi renovado por dois anos e o salário foi acertado em cruzeiros, a nova moeda que aposentara os réis. Eram 1.200,00 uma fortuna, comparado ao salário mínimo, da época, de 280,00. Já sem o primo Miguel, eles eram apenas os irmãos Pérez. Um dia, durante um ensaio do programa Arraial da Curva Torta, o Capitão Furtado - de batismo Arioswaldo Pires, sobrinho de Cornélio Pires , apresentador do programa e também lendário divulgador da música sertaneja - disse que uma dupla tão original, com vozes gêmeas, não poderia ter nome espanhol. Batizou-os, na hora, de Tonico e Tinoco.
A divulgação nos programas da rádio transformava a dupla em sucesso imediato, fazendo surgir dezenas de convites para shows. A primeira apresentação dessas foi no cine Catumbi, em São Paulo, hoje transformado em uma casa de forró sertanejo. Depois rumaram para o interior, em excursões que demoravam uma, duas, às vezes, três semanas. Entravam pelo interior paulista de Taquaritinga, Santa Adélia e seguiam de trem por toda a linha araraquarense. Na Mogiana, passavam por Brodosqui, Franca e terminavam em Ribeirão Preto. Apresentavam-se em cinemas, clubes e até em pátios vazios de armazéns. Quando terminaram a primeira excursão, no Circo Biriba, em Ribeirão Preto, fizeram a partilha do lucro: quatro mil e quinhentos cruzeiros para cada um.
A dupla estreou em disco, na Continental, em 1944, com o cateretê "Em vez de me agradecê" (Capitão Furtado, Jaime Martins e Aimoré)e que foi lançada em 07/45). Na gravação de "Invés de me Agardecê" ocorreu um fato inusitado, pois eles a gravaram e em seguida, quando foram gravar o lado B do disco soltaram a voz tão alto, da forma como cantavam lá na roça e estouraram o microfone . Como o processo de gravação era algo muito caro, o disco saiu apenas com um lado, mas como punição a dupla precisou ficar seis meses fazendo aula de canto para educar a voz e voltar a gravar. Por isso que o lançamento do primeiro 78 rpm para o segundo é curto pois eles gravaram a primeira moda ainda em 1944. Bem sucedida com essa gravação, que serviu de teste, gravou seu primeiro disco completo, a moda-de-viola "Sertão do Laranjinha", motivo popular adaptado pela dupla e Capitão Furtado, e "Percorrendo o meu Brasil" (com João Merlini), que foi sucesso imediato. No ano seguinte (1946)o sucesso definitivamente chegou com "Chico Mineiro" (Tonico/Francisco Ribeiro). Com o sucesso de Chico Mineiro a dupla consagrou-se definitivamente e tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do Brasil. Uma curiosidade: quando Tonico e Tinoco foram gravar Chico Mineiro a gravadora havia informado que esse seria o último disco da dupla, pois eles já haviam gravado 5 discos e existia sempre uma reclamação dos ouvintes com relação a dupla, alegavam que não era possível entender a pronuncia deles nas letras das músicas, os fãs não entendiam o que eles estavam dizendo, aí surgiu Chico Mineiro e tudo mudou, inclusive com o dinheiro que eles ganharam com essa música conseguiram comprar sua 1ª casa para viver com a família. Desde então, tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do país.
Ao final da Segunda Guerra, o número de emissoras de rádio saltou para 117, e os aparelhos receptores eram 3 milhões. Tonico e Tinoco estão agora na Rádio Nacional de São Paulo onde nasceu um de seus mais marcantes programas. Um dia, o auditório estava ocupado com um ensaio e como eles precisavam entrar no ar, puxaram os microfones para fora e fizeram a apresentação do corredor. O locutor Odilon Araújo perguntou de onde o programa estava sendo transmitido e Tinoco respondeu: "Da Beira da Tuia". O nome ficou. Com o término da guerra consolidou-se a influência cultural norte-americana em várias partes do planeta, no Brasil inclusive. As grandes orquestras pontificavam com o swing e sua versão mais dançável, o fox-trot. A parte brilhante do Brasil era o Rio de Janeiro, embora a pedra mais vistosa de sua coroa, o cassino da Urca, já não faiscasse mais, ofuscada pela proibição do jogo, em 1946.
Nos anos 40 na São Paulo provinciana ainda havia espaço, via ondas de rádio, para programas sertanejos de grande prestígio: "Manhã na Roça" de Chico Carretel, na Cruzeiro do Sul; "Arraial da Curva Torta" do Capitão Furtado, na Difusora e "Alma Cabocla" do Nhô Zé, na Nacional. Nos turbulentos anos 40 já existiam boas duplas e que dividiam popularidade com Tonico e Tinoco assim como, Raul Torres e Florêncio (1942), Serrinha e Caboclinho (1942), Alvarenga e Ranchinho (1934), Irmãs Castro (1948), Zé Fortuna, Pitangueira e Coqueirinho (1949), Sulino e Marrueiro (1949).
No início dos anos 50 a música sertaneja obteve sua época de ouro e Tonico e Tinoco continuavam absolutos. Programas famosos surgiram nessa década como: "Brasil Caboclo" do Capitão Barduíno, "Onde Canta o Sabiá" do Comendador Biguá e "Serra da Mantiqueira" com Zacarias Mourão na Bandeirantes. Quase todos os grandes nomes da música sertaneja surgiram nessa década: Zé Carreiro e Carreirinho (1950), Zico e Zeca (1952), Irmãs Galvão (1954), Tião Carreiro e Pardinho (1956), Liu e Léu (1957), Craveiro e Cravinho (1959) e muitas mais, mas sem dúvida nenhuma Tonico e Tinoco eram "Os Expoentes Máximos da Música Sertaneja". Apesar da popularidade o trabalho para dupla sertaneja era garantido, porém limitado aos circos somente. Felizmente nessa época apenas em São Paulo estavam baseados cerca de 200 circos que iam ao interior para apresentação dos ídolos sertanejos do rádio.
A dupla começou a acumular sucessos no longínquo 1946 com Chico Mineiro (Tonico/Francisco Ribeiro). Ainda na época do 78 rpm, na Continental, fizeram sucesso e imortalizaram páginas como “Boiadeiro do Norte” (Zulmiro) em 1951, “Fim de Baile” (Tonico/Zé Paioça) em 1954 e “Maldita Cachaça” (Tonico/Ana Maria Pereira/Capitão Furtado) em 1956. Em 1955 gravam de Mário Vieira com a participação especial de Araci de Almeida, os cateretês “Tô Chegando Agora” e Ingratidão.”
No ano de 1960 transferem-se para a Philips e permanecem lá até 1963 onde gravam “Canta Moçada” (Tonico/Nhô Fio), Boiada (Zé Paioça) e Moreninha Linda (Tonico/Priminho/Maninho) em 1960. “Morão da Porteira” (Raul Torres/João Pacífico) e “Chofer de Caminhão” (Tonico/Ado Benatti) são sucessos de 1962. No último ano na Philips lançam 02 LP´s e emplacam com “Gaúcho Alegre” (Tonico/Zé Carreiro).
Em 1961 estréiam no Cinema com o filme “Lá no Meu Sertão” de Eduardo Llorente, filme baseado na vida e obra de Tonico e Tinoco. No final de 1960 a dupla recebera um golpe quase mortal, quando Tonico, tuberculoso desde 1940, precisou ser internado num hospital em Campos do Jordão/SP, cedendo lugar para o irmão Chiquinho tanto nos shows, quanto nos programas de rádio e gravações de discos. Tonico fez uma cirurgia e um tempo depois deixou o hospital com a certeza que não voltaria mais a cantar. Tinoco, através da Rádio Nacional onde faziam o programa, pediu para os fãs rezarem pela saúde de Tonico, o qual ficou curado, e voltou a cantar com mais força e beleza. Em devoção a Nossa Senhora Aparecida, a quem a dupla atribuiu sua cura, construíram na Vila Diva em São Paulo/SP uma capelinha que recebe romeiros e devotos até hoje.
No ano de 1964, já com 20 anos de carreira, Tonico e Tinoco voltam para a Continental e lançam de sua autoria “Arrasta-pé na Tuia” e “Baianinha”. Nesse mesmo ano são contratados pela Chantecler onde permanecem até 1966 e lançam 05 LP´s destacando-se “Rei dos Pampas” (Raul Torres) e “Pinho Sofredor” (Fêgo Camargo/Capitão Furtado) em 1964. “Brasil Caboclo” (Tonico/Walter Amaral), “Beijinho Doce” (Nhô Pai) e “As Três Cuiabanas” (Zé Carreiro/Carreirinho ) são sucessos de 1965. Nesse mesmo ano filmam “Obrigado à Matar” de Eduardo Llorente, um filme baseado na lenda do Chico Mineiro. No ano de 1966 lançam “Adeus Mariana” (Pedro Raimundo), “Curitibana” (Tonico/Pirigoso) e “Artista de Circo” (Zé Tapera) com estrondoso sucesso.
Sempre com grande sucesso, no ano de 1967 são contratados com exclusividade pela RCA-Victor já de imediato “estourando” com “Viola Cabocla” (Tonico/Piraci). Ficaram nessa gravadora apenas dois anos: 1967 e 1968. Apesar de pouco tempo na RCA-Victor, fizeram sucesso com “Seresteiro do Sertão” (Tonico/Garrafinha) em 1967. Já em 1968 gravaram “Querer Bem” (Irmãos Motta), “Pé da Letra” (Tonico/Augusto Autran), “Carreiro Triste” (Tonico/Bolinha), “Canoeiro do Mar” (Tonico/Alencar) e “Presépio” (Tonico), assim foi sua memorável passagem pela etiqueta do cachorrinho, onde suas músicas são relançadas e permanecem em catálogo até hoje.
Ano de 1969, novas mudanças na carreira de Tonico e Tinoco, eles estréiam na Rádio Bandeirantes onde permanecem até 1983. Voltam a pertencer ao Cast da Continental, gravam 04 Lp´s nesse ano, dois deles em comemoração ao aniversário de carreira da dupla: “26 Anos de Glória” gravado no Teatro da Rádio Bandeirantes com a apresentação do Carlito e “27 Anos” onde gravam antigos sucessos imortalizados nas vozes de grandes intérpretes, tais como, “Maringá” (Joubert de Carvalho), “Chuá, Chuá” (Pedro de Sá Pereira/Ary Pavão), “Luar do Sertão” (Catulo da Paixão Cearense).
No cinema, em 1969, fizeram “A Marca da Ferradura” de Nelson Teixeira Mendes.
Raul Torres e Florêncio foram desde 1942 ídolos da música caipira, os próprios Tonico e Tinoco se espelharam na dupla no início da carreira. Raul Torres (Vide Link Compositores) ao lado de João Pacífico foram uma das maiores duplas de compositores que já existiram no gênero caipira. Em 1970 Tonico e Tinoco resolvem lançar um LP intitulado “Recordando Raul Torres” em homenagem a esse grande ídolo. Conseguiram a autorização para gravar as músicas, entre elas, “Moda da Mula Preta”, “Pingo d´Agua” e “Chico Mulato” (Raul Torres/João Pacífico), mas infelizmente Raul Torres não chegou a ouvir as gravações, tendo falecido dois meses antes.
Em 1971 lançaram “Chalana” (Mário Zan/Arlindo Pinto) e vários sucessos em homenagem ao Mato Grosso e ao Paraguai no LP “Laço de Amizade”. Gravaram em referência a famosa estrada do norte do Brasil, “Transamazônica” (Tonico/Caetano Erba) e em homenagem a sua terra natal, São Manoel/SP “Minha Terra, Minha Gente” (Tonico). Filmaram ainda nesse ano “Os Três Justiceiros” de Eduardo Llorente, uma espécie de bang-bang, sem muito sucesso.
Em 1972, já com um enorme prejuízo, filmam “Luar do Sertão” de Osvaldo de Oliveira e desistem da carreira de atores. Quase faliram nessa incursão pelo cinema. Mazzaropi fazia sucesso e fortuna pois produzia, distribuía e fiscalizava seus filmes, já Tonico e Tinoco sem condições de ter um fiscal na porta de cada cinema onde seus filmes eram exibidos, foram passados para trás, arcando com um prejuízo imenso.
Em 1979, precisamente no dia 6 de junho, Tonico e Tinoco fazem o que nenhum caipira havia sonhado: apresentam-se no Teatro Municipal, em São Paulo, num show de três horas que reúne um público recorde de 2.500 pessoas. Da beira da tuia, celeiros centenários onde cantavam no passado, os irmãos Perez chegavam a um dos mais famosos teatros do mundo, que até então só abria suas portas para óperas, balés e concertos eruditos.
Permaneceram na Continental até 1982, emplacando vários sucessos. Nesse ano resolvem ir para a Copacabana onde mudam seu repertório, passam a gravar músicas mais alegres, arrasta-pés divertidos e Nadir Perez, esposa de Tinoco passa a assinar várias músicas com a dupla. Gravam Loira, Loirinha (Tonico,Tinoco e Nadir), “Cidade Grande” (Pelé) em 1982 e “Baile na Roça” e “Viva a Viola” de Tinoco e Nadir em 1983. No ano de 1983 estréiam o programa “Na Beira da Tuia” na TV Bandeirantes e lançam o filme “O Menino Jornaleiro”, só que dessa vez como co-produtores.
Em 1984 participam do filme“A Marvada Carne” de André Klotzel, como convidados especiais e voltam para a Chantecler que nessa época já havia feito a fusão com a Continental e passaram a ser uma só, onde lançam Rei dos Boiadeiros (Tinoco/Nadir). Em 1987 é sucesso Festa na Roça (Tinoco/Nadir). No ano de 1988 gravam “Caipirinha do Arraiá” (Tinoco/Nadir).
Em 1989 voltam para a Copacabana e gravam “Mãe Natureza” (Tinoco/José Carlos). Nesse disco Tonico já se encontrava bastante debilitado mas continuava sua carreira maravilhosa. Em 1991 na RGE gravam “Juventude no Arrasta-pé” (Tinoco/Nadir).
No ano de 1994 na Polygram com a produção de José Homero e Chitãozinho gravam seu último trabalho, onde destaca-se “Coração do Brasil” (Joel Marques/Maracaí) com participação especial de Chitãozinho & Xororó e Sandy & Júnior, e “Chora Minha Viola” (Nilsen Ribeiro/Geraldo Meirelles).
Cantando em todos os canais de televisão de São Paulo, com programa exclusivo na TV Bandeirantes, a dupla excursionou pelos Estados do Centro e Sul do país. Vale citar que Tonico e Tinoco tinham uma aceitação fenomenal na região Sul do Brasil, uma região marcada pelo seu tradicionalismo mas que sempre teve as portas abertas para Tonico e Tinoco. A dupla por sua vez em todos Lp´s sempre homenageava a região Sul com músicas e o público lhe era fiel por isso. A viola e o violão deles sempre possuiu uma harmonia perfeita com a "Cordeona" dos gaúchos, catarinenses e paranaenses. Sempre preferiu, entretanto, as estações de rádio, onde atuou com programas exclusivos na Tupi, Nacional e Bandeirantes, de São Paulo.
Tonico faleceu em 13 de agosto de 1994 e a partir de então, sem arrefecer, Tinoco e Tinoquinho, continuam a nos encantar com suas modas inesquecíveis!
Vieira e Vierinha ( reis da catira )
Os dois irmãos foram também , os responsáveis pelo começo da carreira de outra dupla que hoje em dia é muito conhecida e apreciada: Vieira e Vierinha. A coisa aconteceu da seguinte forma : no ano de 1950 , Tonico e Tinoco estavam se apresentando na cidade de Itajobi(Sp), lá pelas bandas de Catanduva , e os melhores violeiros da região se reuniram para mostrar as suas habilidades na viola e no bate-pé .No meio de todos aqueles violeiros tinha dois irmãos de lá mesmo , Rubens e Rubião Vieira, que eram peões de boiadeiros.Os dois irmãos cantavam e tocavam modas de viola e o catira , um ritmo que exige muita perícia dos violeiros.
Tonico e Tinoco gostaram tanto dos irmãos Vieira que os incentivaram a cantar como profissionais. Assim , nesse mesmo ano de 1950, Rubens e Rubião Vieira, ou simplesmente Vieira e Vieirinha , gravaram um 78 rotações apresentando as músicas “Festa de Nova Londrina” e “ Canoeiro Morreu”, começando uma carreira de grandes sucessos,com mais de 30 Lps gravados.
Descendentes de uma tradicional família de violeiros, Vieira e Vierinha desde pequenos cantavam o repertório de Raul Torres, Serrinha, Lourenço e naturalmente, Tonico e Tinoco. Mas o ritmo que os tornou realmente conhecidos foi o Catira ou Cateretê.
Palmeira e Biá
Já que estamos falando dos anos 50 , lembram-se da famosa dupla Palmeira e Biá, que cantou durante oito anos ,de 52 a 60? Nesse ano , Biá , que era mineiro de Coromandel, passou a cantar com o irmão , Sílvio, formando outra dupla que ficou famosa: Biá e Biazinho, que gravaram o Lp “Relíquias Sertanejas”.
Cascatinha e Inhana
Agora, se a gente der uma recuada no tempo , dando um pulo lá pelos idos de 1942, vamos encontrar o começo de uma outra dupla sertaneja que todo mundo conhece , lembra e adora, embora ela já tenha acabado : Cascatinha e Inhana.
Cascatinha (Francisco dos Santos , nascido em Araraquara,SP) e Inhana(Ana Eufrosina da Silva, de Araras , SP)formaram dupla em 1942, quando se separaram do violeiro Chopp, com quem haviam formado o famoso Trio Esmeralda desde de 1940, ano em que Cascatinha e Inhana se casaram.O casal começou se apresentando em circos e parques de diversões . Em 47 Cascatinha e Inhana assinaram um contrato de um ano com a Rádio Clube de Bauru e nessa época ales cantavam muitas guarânias ao lado da música sertaneja. No ano seguinte , a dupla veio para São Paulo, onde começou a ficar realmente conhecida, chegando inclusive a participar do filme “Carnaval de Fogo”.
Os dois maiores sucessos de Cascatinha e Inhana , como vocês sabem muito bem , foram as guarânias “ Índia “ e “Meu Primeiro Amor”. Aliás , Índia foi , no duro , o primeiro grande sucesso da dupla , e isso aconteceu em 1951. Por fim , a famosa e querida dupla sertaneja Cascatinha e Inhana se desfez precisamente no dia 11 de Junho do ano de 1980, quando para desespero do próprio Cascatinha e de milhões de fãs, Ana Eufrosina da Silva Santos , Inhana , deu pro encerrada sua missão aqui na Terra e subiu para o céu . Permanecendo , porém viva na lembrança e nos corações de todos brasileiros
José Fortuna
Nasceu em Itápolis, SP, 1917.A sua primeira composição gravada foi Moda das Flores, em 1944. Em 1947 formou com seu irmão Euclides, a dupla Zé Fortuna e Pitangueira. Transferem-se pra São Paulo nesse mesmo ano e , no ano seguinte já cantavam na Rádio Record. A dupla inicia a partir de 1950 uma longa carreira de sucesso ao mesmo tempo em que Zé Fortuna ganha destaque como compositor através de belas guarânias, toadas e valseados. Entre outras letras imortais Zé Fortuna escreveu Esteio de Aroeira, Palmeira Velha, Folha Seca , Lembrança, Índia e tantas outras . Fez também belas composições em parceria com Dino Franco, Carreirinho ,Carlos César e Paraíso com quem compôs O Ipê e o Prisioneiro. Vale lembrar que Zé Fortuna criou também a Companhia Teatral os Maracanãs com a qual viajou por quase trinta anos levando peças teatrais aos circos espalhados por esse imenso país .Zé Fortuna escreveu 42 duas peças teatrais , publicou vários livros de poesia , lançou quarenta LPs e deixou cerca 800 letras de músicas inéditas . Faleceu em São Paulo no dia 10 de novembro de 1983.
Teddy Vieira
Compositor nascido em 23/12/1922 na cidade de Itapetininga, interior do estado de São Paulo. Aos 18 anos já escrevia versos de inspiração sertaneja, e no ano de 1948 teve suas primeiras músicas gravadas, pela dupla Mandu e Manduzinho dupla de Sorocaba com introduções na viola de Julião e Lauripio , e posteriormente teve outras músicas gravadas por interpretes de grande sucesso no mundo sertanejo.
Em 1955, se consagrou um como grande compositor, após a ter o cururu O Menino da Porteira gravado por Luisinho, Limeira e Zezinha. Esse grande sucesso teve inúmeras regravações entre as quais a de Tião Carreiro, a de Sergio Reis.
No ano de 1956 passou a ser diretor sertanejo de uma, grande gravadora, nela criou a dupla sertaneja de grande sucesso Tião Carreiro e Pardinho. Nesse mesmo ano lançou a dupla Zico e Zeca, com composições que marcaram época, como Enxada e a caneta (com o Capitão Barduino), que também foi seu parceiro, junto com Serrinha, na moda-de-viola Besta bailarina e Força do destino.
Teddy é considerado um clássico da musica regional brasileira, pelas mais de 200 composições (muitas vezes feitas com grandes parceiros como Lourival dos Santos e Nelson Gomes, entre outros) que foram gravadas pelos grandes interpretes da música sertaneja no Brasil. Entre os seus grandes sucessos estão as composições O Menino da Porteira, Cavaleiro do Bom Jesus, Treze de Maio, Namoro no Portão, Rei do Café e muitas outras conhecidas por esse Brasil a fora.
* Dados coletados no site Viola Tropeira
Um comentário:
Oi Ariel, tudo bem?
Te encontrei em uma pesquisa sobre o Chico Carretel (Durvalino Peluzo).
Meu pai está com leucemia e está saudosista tadinho! E ele leu um livro que se chamava "O que é o que é" de Chico Carretel e era sobre piadas e adivinhações.
Estou procurando no google e em vários lugares.
Gostei do seu blog e gostaria de saber se você tem informações sobre isto.
Abraços.
Denise Ap Corrochano Oliveira
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