Dando continuidade, estou postanto a 3ª parte da historia da musica caipira, lembrando que estes dados foram coletados no site Viola Tropeira
Lourival dos Santos Lourival dos Santos nasceu em Guaratinguetá em 11 de agosto de 1917 e faleceu em Guarulhos, SP, em 19 de maio de 1997. Como aconteceu com os demais compositores ilustres da música sertaneja, a sua morte não ganhou espaço algum na imprensa, apesar de suas mais de 1.000 músicas já gravadas.
Nascido em Guaratinguetá, interior de São Paulo, como já falamos, Lourival dos Santos faz curiosas revelações: "Morando ali, quase dentro do Rio Paraíba, nunca tive qualquer inspiração. O que fez escrever Rio de Lágrimas foi uma música de Isaurinha Garcia, Marrequinha da Lagoa. Eu estava aqui em São Paulo. Aliás, sempre produzi em São Paulo. Talvez seja porque aqui a gente fica sentindo saudade do interior e aí a criação aparece. A saudade é a principal fonte de inspiração.
Ele sempre viveu de suas composições. "Não deu para ficar rico, mas, relativamente, vivo bem, com minha mulher Jandira, com quem me casei em 1950, depois de seis meses de namoro. Por sinal, a história de como ele a conheceu é outra das curiosidades da vida de Lourival dos Santos. "Eu era comprador de uma casa de espetáculo e liguei para uma lavanderia para reclamar de toalhas que não haviam chegado. Mas errei o número e tocou na casa dela. Foi o engano mais certeiro do mundo".
Jandira é irmã do dramaturgo Oduvaldo Vianna, que implantou as novelas no Rádio brasileiro. Assim, Lourival, que compõe desde a infância e teve sua primeira música gravada em 1938, pela Columbia, teve a oportunidade de ter suas músicas, cantadas por Lombari e Laranjinha, nos intervalos das novelas, na antiga Rádio São Paulo. Porém a sua glória como compositor viria bem mais tarde, com a dupla Jacó e Jacozinho , gravando seus primeiros pagodes e regravados por Tião Carreiro e Pardinho, e surgiu o sucesso Pagode em Brasília. Nesse mesmo ritmo, vieram a seguir Nove Nove, Em Tempo de Avanço, A Viola e o Violeiro, Boiadeiro de Palavra e várias outras composições imortais.
Criadores do Pagode - "Tedy Vieira e Carreirinho tinham gravado um recortado intitulado Pagode. A chibata era um ritmo já tocado e gravado, que faz o recortado da viola, soma.do a batida seca do violão de Pardinho É verdade, mesmo. Aí, as festas que se fazia por aqui também começaram a ser chamadas de pagode. Foi então que Tião Carreiro e eu resolvemos dar esse nome para um ritmo, em que a viola bate desencontrada do violão. Nesse estilo, a gente faz quatro versos, em que quase sempre o poeta vai sofrendo, e depois vem desenrolando, concluindo a história".
Lourival dos Santos não cantava. Muitas vezes ele compunha letra e música, mas sempre entregava para Tião Carreiro "dar uma guaribada". Assim se estabeleceu a parceria. São vários os parceiros, entre os mais ilustres, o próprio Tião, Tedy Vieira e Piraci.
"Passei a infância ouvindo a 1ª geração da música sertaneja: Cornélio Pires, Capitão Furtado, entre outros. Eles são o facão, a enxada e a foice que abriu a picada. Depois veio a 2ª geração, com Raul Torres, Serrinha, Tedy Vieira, Florêncio, Nhá Zefa, Lambari e Laranjinha, Tonico e Tinoco, João Pacífico e Zé Fortuna. Minhas primeiras gravações foram com artistas dessa geração. Depois veio a 3ª, com Tião Carreiro e Pardinho, Vieira e Vieirinha, Lio e Leo, Lourenço e Lourival, Pedro Bento e Zé da Estrada. Também com eles eu gravei. E minhas composições fazem parte também da 4ª geração, que tem Irídio e Irineu e Gilberto e Gilmar, entre tantos outros."
A música sertaneja não tinha segredos para Lourival dos Santos: "A gente compõe tanto cururu, quanto qualquer outro ritmo sertanejo. ".
Cada uma das mais de 1.000 composições de Lourival dos Santos tem uma história. Algumas alegres, feitas durante uma folia em roda de amigos, outras tristes, como é o caso de A vaca já vai pro brejo: É uma história verídica. Aconteceu com um grande amigo meu e um dos maiores nomes da música sertaneja. Ele fez tanto sacrifício para criar a filha! Tinha sangue do tipo universal e vendia para comprar cimento, areia e tijolos para construir a casinha que seria deixada para ela. A moça nunca trabalhou e estudou Medicina. No dia em que se formou, disse pro pai que ia embora de casa. Como ia poder apresentar para seus amigos médicos o pai, compositor de música caipira? Ele ficou tão desgostoso que acabou morrendo".
Dino Franco
(Oswaldo Franco) :- Nasceu em 1936, em Paranapanema, SP. Inicia-se ainda jovem na carreira artística . Em 1950 transfere-se pra São Paulo época em que começa a se apresentar no Arraial da Curva Torta do Imortal Cap. Furtado. Em São Paulo cantou com vários parceiros usando também diversos nomes artísticos. Somente em 1968 adotou definitivamente o pseudônimo de Dino Franco . Fez grande sucesso com a dupla Biá e Dino Franco e mais tarde com Dino Franco e Mouraí. Destaca-se como excelente compositor , especialmente com o ritmo moda de viola. Entre as suas composições mias conhecidas podemos destacar Travessia do Araguaia , Um Pouco da Minha Viola, Caboclo na Cidade e Linha Reta.
Tião Carreiro e Pardinho
José Dias Nunes , o Tião Carreiro , nasceu em montes Claros, Minas Gerais . Ele , que sempre cantou em dupla, no começo da carreira se chamava Zezinho e tinha como parceiro Lenço Verde. Mas a combinação dos dois não deu certo e logo, Zezinho virou Palmeira, cantando com Palmeirinha. Essa nova parceria fez um relativo sucesso. Mas , até que surgisse o nosso Tião Carreiro , ele ainda gravou com o nome de Zé Mineiro.
Antonio Henrique de Lima , o Pardinho , é paulista de São Carlos . Começou cantando com o nome de Miranda e formou uma dupla com Zé Carreiro ( da dupla Zé Carreiro e Carreirinho) em 1956, para concorrerem juntos a um concurso lançado pela rádio Tupi, para violeiros. Fizeram sucesso: a dupla ganhou o prêmio com o cururu “Canoeiro”. E foi a partir daí que Antonio Henrique Lima adotou o pseudônimo de Pardinho e começou a criar seus próprios sucessos (“Boiadeiro Feliz” , é deste tempo)
Como surgiu Tião e Pardinho
O compositor Teddy Vieira, diretor da antiga Columbia, andava atrás de um nome para substituir o famosa Zé Carreiro. Foi aí que surgiu a oportunidade para José Dias Nunes ser transformado em Tião Carreiro e , ao lado de Pardinho, formar esta dupla de tanto sucesso.
O primeiro sucesso destes dois cantores foi “Cavaleiros do Bom Jesus” , de João Alves e Nhô Silva. Depois foi a vez de “ Boiadeiro Punho de Aço” , de Teddy Vieira e Pereira . E na Chantecler eles gravaram vários LPs, entre eles , em 1968, “Tempo de Avanço”, onde , na música “ A Beleza do Ponteio”, encontramos uma biografia em versos de Tião Carreiro, de autoria do saudoso Capitão Furtado.
Em 1970 estreavam no cinema : apareceram no filme Sertão em Festa , de Oswaldo de Oliveira , cantando músicas já gravadas pela Chantecler (“Caboclinha Malvada”, de Serrinha; “Mestre Carreiro”, de Raul Torres; “Oi, vida Minha”, de Cornélio Pires: e “Pagode”, dos próprios intérpretes) .
Mas a verdadeira consagração aconteceu com LP “A Força do Perdão”. É neste disco que a dupla gravou a inesquecível “Rio de Lágrimas”, também conhecida como “Rio de Piracicaba”, música de Piraci , Lourival dos Santos e Tião Carreiro.
Quando tudo ia muito bem, Pardinho (que começou sua carreira no circo Rapa Rapa) desfez a parceria de mais de 20 anos com Tião Carreiro para formar nova dupla : Pardinho e Pardal. E nem se pode dizer que foi um mau negócio : a nova dupla conseguiu transformar a cidade de Maracaí , um lugarejo de 10 mil pessoas , no interior de São Paulo num ponto de romeiros.É que em função da músicas “O menino de Tábua”, “Os Milagres do Menino de Tábua” e “Capela do Menino de Tábua”, milhares de fiéis passaram a procurar a cidadezinha nos fim de semana em busca do menino milagroso. Mas , apesar deste relativo sucesso, Pardinho resolveu recomeçar ao lado do velho parceiro...No ano de 1982 eles gravaram um LP para marcar o reencontro da dupla.
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